n. 4: jan./abr. 2021 - Capitalismo e Racismo: a práxis negra

Chegamos ao quarto número de nossa Revista Fim do Mundo em um momento de agravamento da presente crise civilizatória que vivemos. Considerando o caráter inerentemente cíclico do processo de acumulação de capital e as características do capitalismo contemporânea, ainda estamos sob os efeitos da crise mundial que estourou em 2007/2008, somada a uma interminável crise sanitária. A resposta a esta crise tem sido o aprofundamento, do ponto de vista global, da dependência das economias periféricas na lógica de acumulação de capital; e do ponto de vista nacional, das reformas neoliberais à classe trabalhadora, configurada como um desmanche do estado democrático de direito e retrocesso das conquistas dos trabalhadores no último século.
No Brasil, com o golpe institucional de 2016 e a crise gerada pela pandemia, esse ”ajuste” da crise à classe trabalhadora, implica no aumento sobremaneira do peso sobre a população negra que historicamente é a mais explorada no país, a velha socialização das perdas na particularidade escravocrata de nossa formação social. Nesse sentido, faz-se necessário uma leitura conjuntural e estrutural da racialização da classe, como particularidade da constituição das relações sociais de produção no Brasil, indicando uma perspectiva crítica frente o Capital.