AS POLÍTICAS DE INCLUSÃO ESCOLAR E AS NARRATIVAS DOCENTES

UMA ANÁLISE A PARTIR DOS MODELOS DE DEFICIÊNCIA

Autores

  • Nadine Silva dos SANTOS Universidade Federal do Rio Grande - FURG
  • Kamila LOCKMANN Universidade Federal do Rio Grande - FURG
  • Rejane Ramos KLEIN Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS https://orcid.org/0000-0001-7136-466X

DOI:

https://doi.org/10.36311/2358-8845.2023.v10n2.p123-142

Palavras-chave:

Inclusão, Modelos da deficiência, Políticas inclusivas, Docência

Resumo

Este artigo analisa as concepções de deficiência materializadas em documentos oficiais referentes às políticas de inclusão escolar do Brasil, entre a década 1990 até a atualidade, assim como em narrativas de duas docentes que atuam junto ao público da Educação Especial em escola comum. Discute-se sobre três modelos de deficiência: 1. Modelo médico da deficiência; 2. Modelo social da deficiência; 3. Modelo biopsicossocial da deficiência. A analítica desenvolvida e ancorada na perspectiva pós-estruturalista, especialmente dos estudos de Michel Foucault, evidenciou a necessidade de problematização sobre o conceito de norma, o qual explicita a ocorrência de um processo de normalização dos sujeitos, intensificado pela constância em nomear, classificar e diagnosticar as condutas que fogem aos “padrões” escolares. Ações essas, que demonstram a ênfase e a permanência do modelo médico da deficiência, tanto nos documentos, quanto nas narrativas docentes analisadas, expressando para além disso, a ocorrência de intensificação do trabalho docente.

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Biografia do Autor

Nadine Silva dos SANTOS, Universidade Federal do Rio Grande - FURG

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências (PPGEC) na Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Mestre em Educação e Pedagoga pela mesma Universidade. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Pesquisadora Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação e In/Exclusão. (GEIX/CNPq). 

Kamila LOCKMANN, Universidade Federal do Rio Grande - FURG

Professora do Instituto de Educação, do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEDU) e do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências (PPGEC) na Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Doutora e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação e In/Exclusão (GEIX/CNPq). Editora Chefe da Revista Brasileira de Educação Especial (RBEE). Bolsista Produtividade em Pesquisa pelo CNPq – categoria 2. 

Rejane Ramos KLEIN, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Professora do Departamento Interdisciplinar no Campus Litoral Norte na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua em Cursos de Licenciatura em Educação do Campo-Ciências da Natureza e Pedagogia EaD. Graduada em Pedagogia (2002), Mestre (2005) e Doutora em Educação (2010) pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Pós-Doutoramento no Programa de Pós-Graduação da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) (2019-2020). Vice-líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação e In/exclusão (GEIX/CNPq). Integra a Rede de Investigação em Inclusão, Aprendizagem e Tecnologia em Educação (RIIATE). Lattes: http://lattes.cnpq.br/7794555709395113. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-7136-466X.

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Publicado

2023-11-24

Como Citar

Silva dos SANTOS, N., LOCKMANN, K., & Ramos KLEIN, R. (2023). AS POLÍTICAS DE INCLUSÃO ESCOLAR E AS NARRATIVAS DOCENTES: UMA ANÁLISE A PARTIR DOS MODELOS DE DEFICIÊNCIA. Revista Diálogos E Perspectivas Em Educação Especial, 10(2), 123–142. https://doi.org/10.36311/2358-8845.2023.v10n2.p123-142

Edição

Seção

Dossiê Direitos Humanos, Inclusão e Educação Especial