Bioética & educação
quando o fundamento da civilização encontra-se no estímulo ao vício
DOI:
https://doi.org/10.36311/1982-8004.2012.v5n0.2362Palavras-chave:
medicalização, educação, vício, virtudeResumo
Objetiva-se, com este breve ensaio, expor alguns elementos acerca do fenômeno crescente da medicalização de crianças e adolescentes como parte intrínseca do processo de ensino-aprendizagem. Trata-se, portanto, da tentativa de apreensão das múltiplas e contraditórias relações sociais de um tipo particular de fenômeno social – tido como biológico –, que cada vez mais impõe sua presença no espaço e na dinâmica escolar. Pode-se afirmar, com relativa certeza, que o fenômeno da medicalização tornou-se um dos elementos constitutivos do processo de ensino-aprendizagem e que, em larga medida, a sociabilidade infantojuvenil, cada vez mais depende de psicotrópicos. A partir de tal hipótese, buscar-se-á analisar o processo de saúde-doença presentes nas concepções, movimento e dinâmica daquilo que convencionalmente foi denominado pela literatura médica de Transtorno de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Dislexia. Ora, a partir dos termos postos, o ensaio ora proposto se constituirá a partir da seguinte questão: é possível constituir uma sociabilidade e, portanto, uma sociedade virtuosa a partir da educação pelos vícios?
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