Nos passos do Bon-Odori
representações sócio-históricas japonesas, cultura nikkey e sociedade nipo-brasileira
DOI:
https://doi.org/10.36311/1982-8004.2020.v13n1.p77-98Palavras-chave:
Bon-Odori, Ritual, Cultura, Dança circularResumo
O objetivo do artigo é investigar a pluralidade cultural do Bon-Odori da cidade de Marília/SP. Preliminarmente, sabe-se que o fenômeno em questão é um ritual de origem japonesa que celebra os espíritos dos mortos através da dança circular sagrada. No interior paulista, tal ritual ocorre através de eventos anuais organizados pelas comunidades nipo-brasileiras. Assim, a descrição desta prática ritualística se mostrou indispensável para captar a dinamicidade do seu sistema de funcionamento, e compreender as representações socioculturais que a compõem. Ainda que de matriz estrangeira, o Bon-Odori, praticado no interior de São Paulo, assumiria outro caráter devido à cultura nikkey: um sistema simbólico que integra as culturas japonesa e brasileira. De ponto de vista metodológico, a pesquisa utilizou a observação participante, além disso, fotografias e filmagens dos eventos foram instrumentos indispensáveis para a compreensão das danças. Em termos antropológicos, concluiu-se que, no Brasil, o Bon-odori não é mais um fenômeno estritamente japonês, mas sim um ritual nipo-brasileiro de dança circular sagrada porque, em sua composição social, mesclam-se as diferenças étnico-culturais.
Submetido em: 05/06/2020
Aprovado em: 08/07/2020
Downloads
Referências
BENEDICT, Ruth. O crisântemo e a espada: padrões da cultura japonesa. – 4. Edição. São Paulo: Perspectiva, 2011.
CLIFFORD, James. “Sobre a autoridade etnográfica”. In: A experiência etnográfica. Antropologia e literatura no século XX. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1998.
DAMATTA, Roberto. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
DAMATTA, Roberto. “O Ofício do Etnólogo ou como ter ‘Anthropological Blues’”. NUNES, Edson de Oliveira (org.). In: A aventura sociológica: Objetividade, paixão, improviso e método na pesquisa social. Rio de Janeiro: Zahar, 1978, pp. 23-35.
DURKHEIM, Émile. As Formas Elementares da Vida Religiosa. São Paulo, Martins Fontes, 1996.
ELIAS, Norbert. Os estabelecidos e os outsiders: sociologia das relações de poder a partir de uma pequena comunidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
ENNES, Marcelo Alario. “Relações interétnicas: ambiguidades e inacabamentos”. In: Perspectivas. São Paulo, 26: 35-55, 2003.
ENNES, Marcelo Alario.“Bon-Odori: fronteiras simbólicas, identidades e estratificação social”. In: Teoria & Pesquisa, Revista de Ciência Política. Vol. 19, n. º 1, 2010.
FAVRET-SAADA, Jeanne. “Ser afetado”. Cadernos de Campo, 13, 2005.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989.
GEERTZ, Clifford. “Uma descrição densa: por uma teoria interpretativa da cultura”. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
GEERTZ, Clifford.“Estar lá: a antropologia e o cenário da escrita/ Estar aqui: de quem é a vida, afinal? ” Obras e Vidas: o antropólogo como autor. Rio de Janeiro: UFRJ, 2009.
GIDDENS, Anthony. Mundo em descontrole. O que a globalização está fazendo de nós. Rio de Janeiro: Record, 2000.
GOMES, Vitor Arraes. Nos passos do Bon-Odori: representações sócio-históricas japonesas, cultura Nikkey e sociedade nipo-brasileira. Monografia (trabalho de conclusão de curso) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2017.
KIRK, Russell. A Política da Prudência. Coleção Abertura Cultural. São Paulo: É Realizações, 2014.
KUBOTA, Nádia Fujiko Luna. Bon Odori e Sobá: As obasan na transmissão das tradições japonesas. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista. Marilia, 2008.
LEACH, E. Ritual. International Encyclopedia of the Social Sciences. Nova Yorque: Free Press/ Macmillan, pp. 520-526, 1968.
LOUDON, J.B. Private stress and public ritual. J Psychosom Res, v.10, n.1, p.101-108, 1966.
MALINOWISKI, B. A Magia e o Kula . In: Os Argonautas do Pacífico Ocidental. (Coleção Os Pensadores). São Paulo: Abril, 1979.
MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a dádiva. Forma e razão da troca nas sociedades arcaicas. Lisboa: Edições 70, 1988.
NAKAMAKI, Hirochika. Mutações contemporâneas de Religiões Japonesas: principalmente o Budismo no Brasil e nos Estados Unidos. In: Senri Ethnological Reports, Osaka: 1994. Disponível em:<https://docplayer.com.br/315315-Mutacoes-contemporaneas-de-religioes-japonesas-principalmente-o-budismo-no-brasil-e-nos-estados-unidos.html> Acesso em: 12 set. 2019.
OSTETTO, Luciana Esmeralda. Na dança e na educação: o círculo como princípio. In: Educação e Pesquisa: São Paulo, v. 35, n. 1, p. 165-176, jan. /abr. 2009.
SHIRAHIGE, Elena Etsuko; HIGA, Marília Matsuko. As vicissitudes da mulher japonesa: da submissão à força feminina. In: Gênero, educação e política: múltiplos olhares. São Paulo: Ícone, p. 221-246, 2009.
TURNER, Victor. O Processo Ritual Estrutura e Anti-Estrutura. Rio de Janeiro: Vozes,1974.
WEISS, Raquel. As Formas Elementares da Vida Religiosa: por que ler hoje? In: NER: Núcleo de Estudos Da Religião. Disponível em:< http://www.ufrgs.br/ner/index.php/estante/visoes-a-posicoes/39-as-formas-elementares-da-vida-religiosa-por-que-ler-ainda-hoje> Acesso em: 07 nov. 2013.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Vitor Arraes Gomes
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Política para Periódicos de Acesso Livre
Os autores mantém o direito autoral sob o artigo publicado e a Revista Aurora detém o direito de primeira publicação. A Revista adota licença Licença Creative Commons Attribution (CC BY) 4.0 International, utilizada internacionalmente pelos principais periódicos e publicadores de acesso aberto. Esta licença permite que terceiros remixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado, atribuindo o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (por exemplo: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.