Configurações do controle da loucura no Brasil
uma análise sociológica das internações psiquiátricas
DOI:
https://doi.org/10.36311/1982-8004.2019.v12esp.07.p53Palavras-chave:
política de saúde mental, internação psiquiátrica, poder psiquiátrico, estado de exceçãoResumo
A proposta do presente trabalho é realizar uma análise sociológica das internações psiquiátricas no Brasil. Após a reforma psiquiátrica no país, as internações asilares ganharam contornos mais restritivos sendo priorizadas em caráter de urgência e emergência. No entanto, a prática médica da internação psiquiátrica aliada a outros mecanismos de segregação, como as internações compulsórias e as Comunidades terapêuticas (CTs), tem se apresentado como uma importante estratégia de gestão e de controle da população. Partindo das obras de Michel Foucault, sobretudo, O Poder Psiquiátrico (2006) e Em Defesa da Sociedade (1999) e Estado de Exceção (2004) de Giorgio Agamben, intenta-se investigar as redes de poder, saber e sujeitos que constituem a prática da internação psiquiátrica e de que forma ela é mobilizada. A opção por este objeto de estudo é orientada pela hipótese de que, para além de seus efeitos disciplinares, as internações psiquiátricas se caracterizam como verdadeiros espaços de exceção onde os indivíduos internados são destituídos de alguns direitos e submetidos ao poder psiquiátrico soberano.
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