Formação e ensino na polícia militar
concepções e subordinações políticas; filiações e adesões pedagógicas
DOI:
https://doi.org/10.36311/1982-8004.2014.v8n01.4712Palavras-chave:
Reformas de Ensino, Polícia Militar, Formação PolicialResumo
Para abordar a temática da formação e do ensino da Polícia Militar do Estado de São Paulo, o artigo problematiza as principais referências legais que fundamentam as reformas das escolas de polícia e busca demonstrar que nas reformas do ensino policial são reproduzidas as tendências políticas e pedagógicas promovidas nas décadas de 1990 e 2000 na educação
regular - em qualquer um de seus níveis e modalidades – sendo, portanto, indiferente às críticas que desde a década de 1990 demonstram as inadequações e enviesamentos das concepções norteadoras quanto às dimensões formativas, sejam elas de abrangência teórica ou técnica. Num primeiro momento, são analisados os documentos intitulados “Bases curriculares para a formação de profissionais da área de segurança do cidadão”, editado no ano 2000 e a “Matriz Curricular Nacional para a Formação em Segurança Pública”, editado em 2009. Em seguida, analisa-se a “Diretriz Geral de Ensino”, documento central da reforma da Polícia Militar do Estado de São Paulo, editado em 2010. A interpretação de tais documentos está sustentada pelo eixo das teorias críticas da educação, mais especificamente pelos trabalhos contemporaneamente produzidos que se dedicaram ao estudo crítico das reformas educacionais, os mesmo que foram ignorados pelas reformas no ensino policial. As análises sobre as reformas permitem constatar que a tentativa de renovação do ensino policial,
cujo objetivo anunciado indica a necessidade de formar policiais mais ajustados à ordem política democrática, apenas reafirma - pelo viés liberal - as concepções que fazem reincidir a tradição e a disciplina do militarismo convencional.
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