A pessoa surda e a aquisição tardia da Língua Brasileira de Sinais
uma análise da prática
DOI:
https://doi.org/10.36311/2358-8845.2021.v8n1.p129-142Palavras-chave:
Aquisição de linguagem, Criança surda, Língua Brasileira de SinaisResumo
O presente artigo surgiu a partir de uma experiência profissional enquanto pedagoga no desenvolvimento das atividades laborais, especificamente, com uma aluna surda da zona rural de um povoado da cidade de Cedro de São João - SE, onde as dificuldades decorrentes da defasagem escolar, analfabetismo e falta de preparação da escola e seus profissionais para trabalhar com a inclusão, levou à pesquisa sobre o processo de alfabetização e letramento visuais em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), observação e reflexão sobre a própria prática. O intuito deste artigo foi analisar os efeitos da aquisição tardia da LIBRAS no desenvolvimento da pessoa surda a partir de ações educativas realizadas no processo alfabetização e socialização escolar. A metodologia adotada se embasou na pesquisa-ação e abordagem qualitativa, com alunos do 4° ano do ensino fundamental menor, especialmente, uma aluna surda, tendo como etapas: i) reconhecimento do campo; ii) aplicação de atividades e avaliação, se utilizando de observação, entrevistas abertas e diários de campo e iii) análise dos dados. Os resultados obtidos mostraram o interesse da comunidade escolar em aprender a LIBRAS e interagir com a aluna surda, porém, as dificuldades na aquisição da linguagem nesse processo inicial de inclusão ainda foram bastante significativas. Consideramos a necessidade de ampliação de debate sobre a questão e de um direcionamento fundamentado na promoção de ações afirmativas de toda a escola, que possibilitem a formação educacional e permitam o atendimento educacional especializado de pessoas que foram historicamente excluídas pela sociedade ouvinte.
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