Resumen
A percepção de desenvolvimento espacial, a colonização do mundo da vida e a instrumentalização dos sujeitos na modernidade estão associadas às formas de perceber a espacialidade das relações sociais pelas filosofias e ciências positivistas constituídas na modernidade e pelo Estado, indissociavelmente. Na sociedade moderna, o espaço abstrato – um espaço homogêneo, fragmentado, hierárquico – dominou o espaço social, ou o espaço integrado de comunhão social, e o próprio potencial de produção do último foi, ele mesmo, atenuado. Por conseguinte, desenvolveu-se uma concepção do espaço como neutro e sem contradições, configurando-se como uma estratégia que pratica um “epistemicídio” do espaço ao ignorar, intencionalmente, a práxis no espaço social. Objetiva-se, neste artigo, a análise da complementaridade da filosofia da práxis de Antonio Gramsci e da metafilosofia de Henri Lefebvre no processo de renovação epistemológica da categoria espaço e as rupturas com os pressupostos epistemológicos positivistas acerca dessa categoria.
Recebido: 20/06/2018
Aceito: 14/08/2018
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