A função perversa da grande mídia na desestabilização das leis trabalhistas
DOI:
https://doi.org/10.36311/2675-3871.2022.v3n8.p195-209Palavras-chave:
mídia, aplicativos, empreendedorismo, jornalismo, leis trabalhistas, desigualdade social, reformasResumo
Com admirável competência para criar mitos, os meios de comunicação de massa têm grande responsabilidade no imaginário popular pela miragem de um mundo paradisíaco: o do empreendedorismo. Essas empresas difundem o mantra fraudulento “seja seu próprio chefe”, quando mais honesto seria dizer “escravize-se voluntariamente sem causar consequências, nem punições, nem encargos, nem processos ao empresariado”. A grande mídia, ou mídia corporativa, tem papel fundamental na glamourização do empreendedorismo. Afirmar que tal iniciativa esteja “no DNA do brasileiro”, “no espírito do nosso povo” é corriqueiro no jornalismo parceiro do patronato. “Cinquenta e dois milhões de brasileiros possuem negócio próprio”, é algo dito na TV com naturalidade e sorriso no rosto dos apresentadores, com a intenção de fazer tal dado parecer um avanço. Na prática, são milhões de desempregados, pessoas a quem não restou alternativa a não ser sair em busca de alguns tostões diariamente fazendo bicos. Das empresas em atividade no país, 70% são de microempreendedores individuais (MEI). Denominar um camelô como empreendedor é mais um eufemismo do mundo encantado descolado da vida real. Todo esse discurso atende ao empresariado robusto, ávido por enterrar as conquistas de direitos de trabalhadores. Retrata ainda a particularidade da grande mídia no Brasil que está nas mãos de meia dúzia de famílias, um retrato da concentração de poder e de renda. Uma mídia que atua em interesse próprio e das grandes empresas anunciantes, em detrimento dos interesses dos trabalhadores.
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