O infinito e o aberto: sobre as intuições éticas de Levinas e Bergson

Autori

  • André Brayner de Farias Universidade de Caxias do Sul

DOI:

https://doi.org/10.1590/0101-3173.2023.v46n2.p15

Parole chiave:

Infinito, Aberto, Ética, Responsabilidade

Abstract

Levinas é quase que unicamente estudado pela ótica da fenomenologia, e evidentemente isto é bastante justificável pelo fato do filósofo se dizer herdeiro de Husserl, ainda que seja muito importante considerar outras influências para uma compreensão mais aprofundada de seu pensamento, como o talmudismo e a literatura russa. Mas, em geral, permanece esquecida uma importante referência que Levinas nunca deixa de mencionar em suas entrevistas e mesmo no prefácio para a edição alemã (1987) de seu importante livro Totalité et infini: a filosofia de Bergson. Nosso objetivo é buscar os elementos dessa aproximação, muitas vezes mencionada, porém pouco explorada, entre as intuições éticas de Levinas e de Bergson. Ainda que não seja a obra Les deux sources de la morale et de la religion a que Levinas gosta de lembrar quando se refere a Bergson, é ela que evocaremos para sugerir uma comunicação intuitiva que conecta o conceito bergsoniano de aberto e o conceito levinasiano de infinito. Levinas dá um passo além da fenomenologia quando elabora um de seus conceitos fundamentais, o de visage, e é ele mesmo quem admite na conversa com Philippe Nemo intitulada Éthique et infini (1984), mas deveríamos nos surpreender se a noção mais importante da ética levinasiana, a de infinitude, revelasse o que há de mais essencial na ética de Bergson, o sentido de abertura pelo qual se anuncia uma responsabilidade sem limites, ou seja, incondicional?

Biografia autore

  • André Brayner de Farias, Universidade de Caxias do Sul

    Professor do PPG de Filosofia da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Caxias do Sul, RS – Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8659-3921

Riferimenti bibliografici

ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém – um relato sobre a banalidade do mal. Tradução: José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

BERGSON, Henri. Les deux sources de la morale et de la religion. Édition critique dirigée par Frédéric Worms. Paris: PUF, 2013a.

BERGSON, Henri. L’évolution créatrice. Édition critique dirigée par Frédéric Worms. Paris: PUF, 2013b.

DERRIDA, Jacques. A escritura e a diferença. Tradução: Maria Beatriz M. N. da Silva, Pedro Leite Lopes e Pérola de Carvalho. São Paulo: Perspectiva, 2011.

DELEUZE, Gilles. Bergsonismo. Tradução: Luiz B. L. Orlandi. São Paulo: Ed. 34, 2012.

FARIAS, André Brayner de. Poéticas da hospitalidade – ensaios para uma filosofia do acolhimento. Porto Alegre: Zouk, 2018.

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France (1975-1976). Tradução: Maria E. Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

GROS, Frédéric. Desobedecer. Tradução: Célia Euvaldo. São Paulo: UBU, 2018.

LEVINAS, Emmanuel. Ethique et infini. Paris: Le Livre de Poche, 1984.

LEVINAS, Emmanuel. Difficile liberté. Paris: Albin Michel, 1997.

LEVINAS, Emmanuel. Totalité et infini – essai sur l’extériorité. Paris: Kluwer Academic, 2000.

LEVINAS, Emmanuel. Autrement qu’être ou au-delà de l’essence. Paris: Kluwer Academic, 2001.

LEVINAS, Emmanuel. Dieu, la mort et le temps. Paris: Grasset & Frasquelle, 2002.

LEVINAS, Emmanuel. Le temps et l’autre. Paris: PUF, 2004.

TROTIGNON, Pierre. Autre voie, même voix: Levinas et Bergson. In: L’Herne, 60: Emmanuel Levinas. Paris: Éditions de l’Herne, 1991. p. 287-293.

VIEILLARD-BARON, Jean-Louis. Levinas et Bergson. Revue philosophique de La France et de l’étranger, v. 4, n. 135, p. 455-478, 2010. Disponível em: https://www.cairn.info/revue-philosophique-2010-4-page-455.htm. Acesso em: 13 maio 2021.

WORMS, Frédéric. Bergson ou os dois sentidos da vida. Tradução: Aristóteles A. Predebon. São Paulo: Ed. UNIFESP, 2011.

Recebido: 11/01/2022

Aceito: 16/09/2022

Pubblicato

2023-03-23

Fascicolo

Sezione

Articoli e Recensioni

Come citare

O infinito e o aberto: sobre as intuições éticas de Levinas e Bergson. (2023). TRANS/FORM/AÇÃO:/Revista/De/Filosofia, 46(2), 15-34. https://doi.org/10.1590/0101-3173.2023.v46n2.p15