O infinito e o aberto: sobre as intuições éticas de Levinas e Bergson
DOI:
https://doi.org/10.1590/0101-3173.2023.v46n2.p15Palavras-chave:
Infinito, Aberto, Ética, ResponsabilidadeResumo
Levinas é quase que unicamente estudado pela ótica da fenomenologia, e evidentemente isto é bastante justificável pelo fato do filósofo se dizer herdeiro de Husserl, ainda que seja muito importante considerar outras influências para uma compreensão mais aprofundada de seu pensamento, como o talmudismo e a literatura russa. Mas, em geral, permanece esquecida uma importante referência que Levinas nunca deixa de mencionar em suas entrevistas e mesmo no prefácio para a edição alemã (1987) de seu importante livro Totalité et infini: a filosofia de Bergson. Nosso objetivo é buscar os elementos dessa aproximação, muitas vezes mencionada, porém pouco explorada, entre as intuições éticas de Levinas e de Bergson. Ainda que não seja a obra Les deux sources de la morale et de la religion a que Levinas gosta de lembrar quando se refere a Bergson, é ela que evocaremos para sugerir uma comunicação intuitiva que conecta o conceito bergsoniano de aberto e o conceito levinasiano de infinito. Levinas dá um passo além da fenomenologia quando elabora um de seus conceitos fundamentais, o de visage, e é ele mesmo quem admite na conversa com Philippe Nemo intitulada Éthique et infini (1984), mas deveríamos nos surpreender se a noção mais importante da ética levinasiana, a de infinitude, revelasse o que há de mais essencial na ética de Bergson, o sentido de abertura pelo qual se anuncia uma responsabilidade sem limites, ou seja, incondicional?
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Recebido: 11/01/2022
Aceito: 16/09/2022
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