Uma defesa de uma historiografia inferencialista da filosofia: compromissos, incompatibilidades e direitos

Autores

  • Gabriel Ferrreira da Silva Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Palavras-chave:

Metafilosofia, História da filosofia, Apropriacionismo, Contextualismo, Brandom

Resumo

Mesmo que neguemos qualquer tipo de excepcionalismo à filosofia como empreendimento intelectual (ver Williamson, 2007), parece fácil conceder que, pelo menos no que diz respeito às relações com sua própria história, a filosofia é diferente de outros campos do conhecimento (ver Williamson, 2018). No entanto, questões relacionadas ao escopo, papel e validade da história da filosofia para a atividade filosófica são tão antigas quanto a própria filosofia, além de se tornarem relevantes no chamado parting of ways entre as tendências analítica e hermenêutico-fenomenológica. No entanto, é possível dizer que, pelo menos desde a segunda metade do último século, temos visto uma inflexão importante sobre o lugar e a importância da história da filosofia na filosofia contemporânea: tanto por causa da "virada histórica" na filosofia analítica, com obras de Strawson, Sellars e, mais recentemente, Brandom, servindo como bons exemplos desse movimento, quanto pelo interesse recentemente renovado em questões de metafilosofia. Um exemplo desse segundo movimento é o debate entre os chamados apropriacionistas e os contextualistas. Portanto, este artigo tem como objetivo analisar os dois principais argumentos contra as reconstruções racionais - o GTRC e a acusação de anacronismo - e oferecer uma defesa de uma abordagem inferencialista para a história da filosofia, com base no trabalho de Robert Brandom, que é simultaneamente aberto a certo contextualismo, bem como estabelece parâmetros para as reconstruções racionais.

Biografia do Autor

  • Gabriel Ferrreira da Silva, Universidade do Vale do Rio dos Sinos

    Professor permanente do PPG Filosofia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), São Leopoldo, RS – Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2255-5173.

Referências

BEANEY, M. Analytic Philosophy and History of Philosophy: The Development of the Idea of Rational Reconstruction. In: RECK, E. (ed.) The historical turn in analytic philosophy. New York: Palgrave Macmillan, 2013. p. 231-260

BRANDOM, R. A spirit of trust: a reading of Hegel’s Phenomenology. Cambridge: HUP, 2019.

BRANDOM, R. Knowledge and the Social Articulation of the Space of Reasons. Philosophy and Phenomenological Research, v. 55, n. 4, p. 895, 1995.

BRANDOM, R. Making it explicit: reasoning, representing, and discursive commitment. Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1994. (MIE)

BRANDOM, R. Tales of the mighty dead – historical essays in metaphysics of intentionality. Cambridge: Harvard University Press, 2002. (TMD)

DELLA ROCCA, M. Interpreting Spinoza: The Real is the Rational. Journal of the History of Philosophy, v. 53, n. 3, p. 523-535, 2015.

FERREIRA, G. De Dicto and de Re: A Brandomian Experiment on Kierkegaard. Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, [S. l.], v. 2, n. 7, p. 221-238, 2019.

FERREIRA, G. The Historian of Philosophy as a “Portraitmaler”: A Brentanian look on Contextualism-Appropriationism Debate. Síntese: Revista de Filosofia, v. 49, n. 155, p. 559-578, 2022. DOI: 10.20911/21769389v49n155p559/2022.

FREGE, G. Die Grundlagen der Arithmetik, eine logisch mathematische Un-tersuchung über den Begriffder Zahl. Introduction. Breslau: W. Koebner. Transl. by M. Beaney. In: BEANEY, M. (ed.). The Frege Reader. Oxford: Blackwell, 1997.

FRIEDMAN, M. A parting of ways – Carnap, Cassirer, and Heidegger. Chicago and La Salle: Open Court, 2000.

GARBER, D. Some Additional (But Not Final) Words. Journal of the History of Philosophy, v. 53, n. 3, p. 537-539, 2015b.

GARBER, D. Superheroes in the History of Philosophy: Spinoza, Super-Rationalist. Journal of the History of Philosophy, v. 53, n. 3, p. 507-521, 2015a.

HARRELSON, K. J. Inferentialist philosophy of language and the historiography of philosophy. British Journal for the History of Philosophy, v. 22, n. 3, p. 582-603, 2014.

MARSHALL, D. L. The implications of Robert Brandom’s Inferentialism for Intellectual History. History and Theory, v. 52, p. 1-31, 2013.

MERCER, C. The Contextualist Revolution in Early Modern Philosophy. Journal of the History of Philosophy, v. 57, n. 3, p. 529-548, 2019.

RECK, E. H. The historical turn in analytic philosophy. Basingstoke, Hampshire New York, NY: Palgrave Macmillan, 2013.

RUSSELL, B. A critical exposition of the philosophy of Leibniz. New York: Routledge, 2005.

SCHMALTZ, T. M. Getting Things Right in the History of Philosophy. Hungarian Philosophical Review, v.1, p. 25-34, 2022.

SELLARS, W. Empiricism and the philosophy of mind. Cambridge, Mass: Harvard University Press, 1997.

SELLARS, W. Essays in Philosophy and Its History. D. Reidel: Dordrecht, 1975.

STRAWSON, P. F. Individuals. London: Routledge, 1959.

STRAWSON, P. F. The bounds of sense. London: Methuen, 1966.

WILLIAMSON, T. Doing philosophy – from common curiosity to logical reasoning, Oxford: OUP, 2018.

WILLIAMSON, T. The philosophy of philosophy. Oxford: Blackwell, 2007.

Received: 03/05/2023 - Accept: 10/07/2023 - Published: 25/01/2024

Publicado

24-01-2024

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Uma defesa de uma historiografia inferencialista da filosofia: compromissos, incompatibilidades e direitos. (2024). Trans/Form/Ação, 47(3), e0240060. https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/transformacao/article/view/14545