Sobre a relevância filosófica do argumento do milagre
DOI :
https://doi.org/10.1590/0101-3173.2019.v42n4.04.p47Mots-clés :
realismo científico, argumento do milagre, antirrealismo, novidade preditiva, fecundidade teóricaRésumé
Neste artigo argumentamos a favor de uma versão sofisticada do realismo científico, tendo como eixo norteador a análise do desempenho do que consideramos ser o seu elemento de defesa estratégico: o “argumento do milagre”. O realismo científico é a perspectiva comprometida com as nossas melhores teorias científicas, isto é, com a existência de entidades, processos, relações etc., observáveis ou inobserváveis, indispensáveis para explicar o seu sucesso empírico, em particular, com aqueles componentes das teorias que são cruciais para se alcançar novas previsões bem-sucedidas. O argumento do milagre é um tipo de abdução ou inferência da melhor explicação e, se expressa na célebre formulação de Putnam (1975, p. 73): “[...] o realismo científico é a única filosofia que não faz do sucesso da ciência um milagre”. Analisamos e rebatemos duas importantes modalidades de argumentação antirrealista: a indução pessimista e a circularidade viciosa da inferência da melhor explicação. Acreditamos estar justificados quanto à defesa da intuição básica do realismo científico, com o apoio de uma versão fortalecida e articulada do argumento do milagre, mediante as qualificações de novidade preditiva e fecundidade teórica: a ciência é bem-sucedida em explicar e prever fenômenos, inclusive novos, porque suas melhores teorias (maduras, não ad hoc, bem-sucedidas empírica e instrumentalmente, provedora de previsões novas, fecundas etc.) são (parcial ou aproximadamente) verdadeiras e as entidades inobserváveis postuladas por essas teorias realmente existem. Concluímos que o argumento do milagre continua sendo basilar e estratégico na defesa do realismo científico.
Recebido: 24/11/2017
Aceito: 14/03/2018
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