Da natureza à cultura:
o problema da proibição do incesto na antropologia de Rousseau
DOI :
https://doi.org/10.1590/0101-3173.2021.v44n1.21.p293Mots-clés :
Natureza, Cultura, Proibição do incesto, Rousseau, Lévi-StraussRésumé
A dicotomia mundo físico/mundo moral é bastante característica do século XVIII francês. Refere-se às dimensões biológicas naturais e às dimensões morais do homem. Muitos autores do Iluminismo desejaram retraçar a história conjectural ou as metamorfoses sucessivas que levaram à passagem do homem físico para o homem moral. Esta temática se faz também presente na obra de Rousseau, sendo percebida e traduzida por Lévi-Strauss como a passagem da natureza à cultura. A hipótese que desenvolvemos neste artigo é que a inscrição da interdição do incesto – presente na obra de Rousseau – ocupa uma função e uma significação muito próximas das reflexões de Lévi-Strauss presentes nas Estruturas elementares do parentesco. Como em Lévi-Strauss, esta proibição marca para Rousseau o início do processo de formação cultural, o instante fundador da cultura. Ela explicita de maneira privilegiada o ponto por meio do qual os processos culturais se distinguem da esfera natural, o momento em que o homem deixa de seguir o mero instinto e passa a respeitar princípios morais construídos socialmente.
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Recebido: 20/5/2020 - Aceito: 14/7/2020
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