James Scott e a origem agrária do estado:

um rousseauismo inconfesso

Autores

  • Mauro Dela Bandera Arco Júnior Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

James Scott, Rousseau, Grãos, Estado

Resumo

A narrativa de Rousseau sobre a origem do Estado foi retomada nos últimos séculos por diversas tradições, fazendo-se notar no seio do iluminismo escocês e nos trabalhos de Engels. James Scott, em seu recente livro Contra o grão de 2017, ecoa algumas teses de Rousseau. Dentre tantos pontos de convergência, três se destacam e serão analisados no decorrer neste artigo: i) de um lado, a variedade dos modos de ser e de se relacionar com a natureza dos povos sem Estado, a idade de ouro dos bárbaros; de outro, a estratificação dos povos sob o Estado, o empobrecimento dos agricultores cerealistas; ii) as condições ecológicas raras e especialíssimas favoráveis à emergência do aparelho estatal em oposição às dificuldades de se formar o Estado em regiões de abundância naturais, donde se faz necessário estabelecer a hipótese de mudanças climáticas que alteram as condições de existência; iii) e, por fim, a importância dos grãos para o processo civilizatório, isto é, a afinidade entre economia agrária de cereais e Estado.

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Biografia do Autor

Mauro Dela Bandera Arco Júnior, Universidade de São Paulo

Professor de Filosofia da Universidade Federal do Acre (UFAC), Rio Branco, AC – Brasil. https://orcid.org/0000-0002-9672-2483.

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Publicado

07-07-2022 — Atualizado em 07-07-2022

Como Citar

Arco Júnior, M. D. B. (2022). James Scott e a origem agrária do estado:: um rousseauismo inconfesso. TRANS/FORM/AÇÃO: Revista De Filosofia Da Unesp, 45(3), 207–230. Recuperado de https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/transformacao/article/view/12582

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