Ser para a morte, possibilidade existencial e finitude da existência em ser e tempo

Autores

  • André Luiz Ramalho da Silveira UFSC

Palavras-chave:

Heidegger, Ser-para-a-morte, Finitude, Possibilidade Existencial

Resumo

EmEm Ser e Tempo, Heidegger apresenta a finitude da existência humana, a partir do conceito de ser para a morte. Ao interpretar a existência humana como possibilidade existencial, torna-se possível compreender adequadamente a morte existencial como distinta da morte, em sentido vital. Tendo em vista característica projetiva da compreensão, Heidegger mostra que a projeção em possibilidades está sempre sujeita ao risco e ao fracasso, uma vez que aquilo que sustenta o aspecto “existencial” da possibilidade existencial é a projeção na mesma. Nesse sentido, o objetivo do presente artigo é apresentar e discutir os conceitos de morte, possibilidade existencial e finitude existencial, em função da tese interpretativa de que a elaboração heideggeriana do conceito existencial de morte possui independência do sentido comum e mundano de morte, apresentado mediante o conceito de falecer, partindo da tese proposta por Heidegger de que a morte é a possibilidade da impossibilidade da existência em geral. Ser e Tempo, Heidegger apresentou a finitude da existência humana a partir dos conceitos de ser para a morte e decisão antecipatória. Ao interpretar a existência humana como possibilidade existencial, torna-se possível compreender adequadamente a morte existencial como distinta da morte em sentido vital. Tendo em vista característica projetiva da compreensão, Heidegger mostra que a projeção em possibilidades está sempre sujeita ao risco e ao fracasso, uma vez que aquilo que sustenta o aspecto “existencial” da possibilidade existencial é a projeção na mesma. A primeira parte do artigo é finalizada com a apresentação de que a elaboração heideggeriana do conceito existencial de morte possui independência do sentido comum e mundano de morte, apresentado mediante o conceito de falecer, partindo da tese proposta por Heidegger de que a morte é a possibilidade da impossibilidade da existência em geral. Na segunda parte do artigo será abordado o nexo entre verdade, decisão antecipatória e finitude existencial, finalizando com a abordagem do conceito de temporalidade finita enquanto a determinação da finitude existencial.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

André Luiz Ramalho da Silveira, UFSC

Doutor em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC – Brasil. Professor na Educação Básica pelo Estado de Santa Catarina, Florianópolis, SC – Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1068-902X.

Referências

BLATTNER, William. The Concept of Death in Being in Time. Man and World, v. 27, p. 49-70, 1994.

BLATTNER, William. Heidegger’s Temporal Idealism. Cambridge: Cambridge University Press, 1999.

BUCHANAN, Brett. Onto-ethologies – The animal environments of Uexkull, Heidegger, Merleau-Ponty and Deleuze. Albany: Suny, 2008.

CAMUS, Albert. O Mito de Sísifo. Trad.: Ari Roitman e Paulina Watch. 6. ed. Rio de Janeiro: Record, 2008.

FOLTZ, B. V. Inhabiting the Earth: Heidegger, Environmental Ethics, and the Metaphysics of Nature. New York: Humanity Books, 1995.

HAUGELAND, John. Truth and Finitude: Heidegger’s Transcendental Existentialism. In: WRATHALL, Mark A.; MALPAS, Jeff (ed.). Heidegger, Authenticity, and Modernity: essay in honor of Hubert L. Dreyfus, Volume 1. Cambridge & London: The MIT Press, 2000. p. 43-78.

HEIDEGGER, Martin. GA 24. Die Grundprobleme der Phänomenologie. 2. ed. In: HEIDEGGER, Martin. Gesamtausgabe 24 (Sommersemester 1927). Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 1976.

HEIDEGGER, Martin. GA 2. Sein und Zeit. In: HEIDEGGER, Martin. Gesamtausgabe 2. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann 1996.

HEIDEGGER, Martin. Ser y tiempo. Madri: Trotta, 2009.

HEIDEGGER, Martin. Os Problemas Fundamentais da Fenomenologia. Trad. Marco Antônio Casanova. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

HOFFMAN, Piotr. Death, Time, History: Division II of Being in Time. In: GUIGNON, Charles (ed.). The Cambridge Companion to Heidegger. Cambridge: Cambridge University Press, 1993. p. 195-214.

McNEILL, William. The Time of Life. New York: State University of New York Press, 2006.

MULHALL, Stephen. Human Mortality: Heidegger on How to Portray the Impossible Possibility of Dasein. In: DREYFUS, Hubert L.; WRATHALL, Mark A. (ed.). A Companion To Heidegger. Oxford: Blackwell, 2005a.

MULHALL, Stephen. Philosophical myths of the fall. Princeton: Princeton University Press, 2005b.

REIS, Róbson R. O outro fim para o Dasein: o conceito de nascimento na ontologia existencial. Natureza Humana, v. 6, n. 1, p. 53-77, 2004.

REIS, Róbson R. Aspectos da Modalidade. A noção de possibilidade na Fenomenologia Hermenêutica. Rio de Janeiro, RJ: Via Verita, 2014.

REIS, Róbson R. Historicality and existential necessity in Martin Heidegger’s Being and Time. Unisinos Journal of Philosophy, v. 17, n. 1, p. 2-12, 2016.

REIS, Róbson R.; SILVEIRA, André L. R. Heidegger e Aristóteles. In: FLEIG, M.; SANTOS, J. F. (org.). A interpretação privativa: sobre o método da hermenêutica da vida em ‘Ser e Tempo’. São Leopoldo: Nova Harmonia, 2010. p. 241-265.

SILVEIRA, André L. R. Aspectos de uma interpretação não redutiva da vida em Heidegger: a hermenêutica da natureza e o fenômeno da vida. Natureza Humana, v.16, p.138-168, 2014.

SILVEIRA, André L. R. Verdade e logos na interpretação heideggeriana de Aristóteles na preleção de 1929/30. Peri, v. 7, p. 148-165, 2015.

SILVEIRA, André L. R. Abertura de mundo, natureza e finitude na preleção de 1929/30 de Heidegger. Studia Heideggeriana, v. 8, p. 51-68, 2019.

SILVEIRA, André L. R. Uma história conjurada pelo tempo: reflexões sobre a ontologia fundamental de Heidegger. Natureza Humana, v. 24, p. 52-81, 2022.

THOMSON, Iain. Death and Demise in Being and Time. In: WRATHALL, Mark A. (ed.). The Cambridge Companion to Being and Time. New York: Cambridge University Press, 2013. p. 260-290.

TOLSTOI, Lev. A Morte de Ivan Ilitch. Trad. Boris Schnaiderman. São Paulo: Ed. 34, 2006.

WHITE, Carol J. Time and Death: Heidegger’s Analysis of Finitude. Ed. Mark Ralkowski. Aldershot: Ashgate, 2005.

Recebido: 06/08/2023 - Aceito: 23/09/2023 - Publicado: 13/02/2024

Publicado

08-02-2024

Como Citar

Silveira, A. L. R. da. (2024). Ser para a morte, possibilidade existencial e finitude da existência em ser e tempo. TRANS/FORM/AÇÃO: Revista De Filosofia Da Unesp, 47(1), e0240071. Recuperado de https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/transformacao/article/view/14947

Edição

Seção

Artigos