Os monstros humanos em Foucault e existências transgêneros

Autores

  • Regiane Lorenzetti Collares UFCA
  • Giovana Carmo Temple UFRB

Palavras-chave:

monstro humano, sexualidade, verdadeiro sexo, Resistência política

Resumo

Este artigo foi escrito a partir das formulações de Michel Foucault, no curso Os anormais (1975), a respeito da dimensão da monstruosidade humana. Em suas linhas gerais, Foucault não apenas nos fornece um panorama da lenta formação da “família indefinida e confusa” dos anormais, como também trata da importante participação da figura do monstro humano, na sua composição. Tomando assim a tematização do monstro humano como fio condutor deste texto, pretende-se lançar alguns questionamentos sobre as tecnologias de saber e estratégias de poder que tornaram possível a sua existência, quais sejam: como a dimensão da monstruosidade veio a se atrelar ao quadro da sexualidade? De que modo o dispositivo da sexualidade se implicou à proliferação dos vultos pálidos dos monstros humanos? E, em um último passo, pergunta-se também sobre as possibilidades de resistência política, do ponto de vista de corpos dissidentes, na medida em que eles fazem frente ao universalismo violento das determinações pautadas pelo verdadeiro sexo.

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Biografia do Autor

Regiane Lorenzetti Collares, UFCA

Professora de Filosofia Política e Ética da Universidade Federal do Cariri (UFCA), Juazeiro do Norte, CE – Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3066-1163.

Giovana Carmo Temple, UFRB

Professora de Filosofia do Centro de Formação de Professores/CFP da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Cruz das Almas, BA – Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9881-5440.

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Recebido: 31/01/2023

Aceito: 12/03/2023

Publicado

11-09-2023

Como Citar

Collares, R. L., & Temple, G. C. (2023). Os monstros humanos em Foucault e existências transgêneros. TRANS/FORM/AÇÃO: Revista De Filosofia Da Unesp, 46(4), 229–256. Recuperado de https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/transformacao/article/view/14143

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