O princípio do comum como apófase ao princípio da propriedade nas democracias contemporâneas

Autores

  • Joel Decothé Junior IFEV

Palavras-chave:

Apófase, Comum, Democracias, Princípio, Propriedade

Resumo

A implicação filosófica que guia o problema aqui tratado é a seguinte: como o princípio do comum se constitui em apófase frontal ao princípio da propriedade, nas democracias contemporâneas? Não se pretende oferecer uma resposta exaustiva para esse problema. No entanto, utiliza-se a estratégia argumentativa de dividir este escrito em três seções: (i) investigar especulativamente a tensão dialética entre o princípio do comum e o princípio da propriedade; (ii) observar analiticamente a premissa que se coloca como contribuição às práticas comportamentais de individualismo exacerbado, como ato de aversão ao princípio do comum e (iii) deter-se na articulação da noção de princípio do comum, como fator que está presente no limiar entre o vulgar filosófico e o universal filosófico. Por fim, fazem-se algumas considerações que problematizam a noção naturalizada de princípio da propriedade, nas democracias atuais, tendo em vista o poder constituinte que o princípio do comum detém na perspectiva de realização do bem-estar dos agentes humanos, na vida comunitária contemporânea.

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Biografia do Autor

Joel Decothé Junior, IFEV

Professor do bacharelado em Filosofia no Instituto de Filosofia Espírito e Vida (IFEV), Teófilo Otoni, MG – Brasil e Pós-Doutorando no Centro de Estudos Humanísticos da Universidade dos Açores (CEHu), Açores – Portugal. ORCID: http://orcid.org/0000-0002-9499-1233.

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Recebido: 19/12/2022

Aceito: 23/02/2023

Publicado

11-09-2023

Como Citar

Junior, J. D. (2023). O princípio do comum como apófase ao princípio da propriedade nas democracias contemporâneas. TRANS/FORM/AÇÃO: Revista De Filosofia Da Unesp, 46(4), 193–214. Recuperado de https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/transformacao/article/view/14037

Edição

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Artigos e Comentários