Sobre a origem da linguagem de Herder, o seu legado e a inevitável reflexão a fazer no hipotético quadro de singularidade tecnológica
DOI:
https://doi.org/10.1590/0101-3173.2022.v45n3.p237Palavras-chave:
Herder, Linguagem, Natureza Humana, Reflexão, SingularidadeResumo
Johann Gottfried Herder, à semelhança dos seus contemporâneos, reflectiu sobre a linguagem e em 1772 publicou o Ensaio Sobre a Origem da Linguagem, que no ano anterior lhe valera a distinção da Academia de Berlim para melhor ensaio. No entanto, ainda hoje, muito do seu pensamento é desconhecido, ignorando-se por isso que algumas das modernas abordagens da filosofia contemporânea, da antropologia filosófica ou mesmo da sociobiologia, estão já aí enunciadas, nomeadamente nas narrativas decorrentes da enunciação das quatro leis naturais. Mais do que a justificação sobre a origem da linguagem, o ensaio do filósofo permite ainda compreender e estruturar a natureza humana, inserindo no coração da antropologia filosófica a sua génese e contrariando, se não mesmo confrontando dessa forma, a tradição divina dessa atribuição.
Num primeiro momento far-se-á uma análise genérica da obra, ressaltando as teses fundamentais que permitirão o estabelecimento do diálogo com algumas das abordagens filosóficas contemporâneas. De seguida, admitindo a possibilidade de um cenário de singularidade tecnológica, tal como enunciado por Irving John Good, Vernor Vinge ou Ray Kurzweil, verificar a plausibilidade e validade das teses de Herder no que concerne ao alcance da linguagem e à natureza humana.
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