Contra o dogmatismo realista
notas sobre acordos e jogos
DOI:
https://doi.org/10.1590/0101-3173.2021.v44n3.23.p287Palavras-chave:
Wittgenstein, Brandom, Normatividade, Pragmatismo, JogosResumo
Este trabalho discute a possibilidade da existência de regras e critérios independentes de nossas práticas discursivas, a partir da filosofia de Brandom e do desenvolvimento filosófico de Wittgenstein. Para tanto, examina-se a normatividade na lógica, no desafio próprio da pluralidade de lógicas não clássicas, motivando a sua constituição no ambiente social, em função da analogia com jogos. Essa abordagem redunda em uma alternativa pragmatista ao dogmatismo realista. Em vista dessa perspectiva pragmatista baseada na noção de jogos e acordos, defende-se que não é a objetividade do discurso que garante a normatividade de nossas práticas, mas, ao contrário, é a normatividade intrínseca de nossas práticas, seu conjunto de autorizações e proibições que deveria fundamentar a objetividade do discurso.
Downloads
Referências
BEALL, J.; RESTALL, G. Logical pluralism. Australasian Journal of Philosophy, v. 78, p. 475-493, 2000.
BEALL, J.; RESTALL, G. Defending logical pluralism. Logical Consequence: Rival Approaches Proceedings of the 1999 Conference of the Society of Exact Philosophy, Stanmore: Hermes, 2001. p. 1-22.
BEALL, J.; RESTALL G. Logical Pluralism. Oxford: Oxford University Press, 2006.
BRANDOM, R. Making It Explicit: Reasoning, Representing, and Discursive Commitment. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1994.
BRANDOM, R. Articulating Reasons. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2000.
BRANDOM, R. Between Saying and Doing: Towards an Analytic Pragmatism. Oxford: Oxford University Press, 2008.
BROUWER, L. Over de Grondslagen der Wiskunde. Ph. D. thesis, Universiteit van Amsterdam, Amsterdam, 1907, p. 11-101 [English translation in BROUWER, 1975].
BROUWER, L. De Onbetrouwbaarheid der Logische Principes. Tijdschrift voor Wijsbegeerte, v. 2, p. 152-158, 1908 [English translation in VAN ATTEN; SUNDHOLM 2017. , p. 107-111. An older English translation is in Brouwer, 1975].
CARNIELLI, W.; RODRIGUES, A. Towards A Philosophical Understanding Of The Logics Of Formal Inconsistency. Manuscrito, v. 38, p. 155-184, 2015.
CARNIELLI, W.; RODRIGUES, A. On the Philosophy and Mathematics of the Logics of Formal Inconsistency. In: BEZIAU, J.-Y.; CHAKRABORTY, M.; DUTTA, S. (ed.). New Directions in Paraconsistent Logic. New Delhi: Springer, 2016. p. 57-88.
CARNIELLI, W.; RODRIGUES, A. An epistemic approach to paraconsistency: a logic of evidence and truth. Synthese, v. 196, p. 3789-3813, 2017.
CARNIELLI, W.; RODRIGUES, A. On epistemic and ontological interpretations of intuitionistic and paraconsistent paradigms. Logic Journal of the IGPL, v. 29, n. 4, p. 569-584, 2019a.
CARNIELLI, W.; RODRIGUES, A. Inferential semantics, paraconsistency, and preservation of evidence. In: BA̧SKENT, C.; FERGUSON, T. M. (ed.). Graham Priest on Dialetheism and Paraconsistency. Dordrecht: Springer, 2019b.
CUTER, J. V. Números e cores. Dois Pontos. Curitiba, São Carlos, v. 6, n. 1, p. 181-193, abr. 2009.
CUTER, J. V. Uma fenomenologia sem métrica. In: CARVALHO, M. et al. Fenomenologia, análise e gramática: comentário às observações filosóficas de Wittgenstein parte 1. São Paulo: Mundaréu, 2017.
DA COSTA, N. C. A. Nota sobre o conceito de contradição. Anais da Sociedade Paranaensede Matemática, v. 1, p. 6-8, 1958.
DA COSTA, N. C. A. Observações sobre o conceito de existência em matemática. Anais da Sociedade Paranaense de Matemática, v. 2, p. 16-19, 1959.
DA COSTA, N. C. A. On the theory of inconsistent formal systems. Notre Dame J Form L, v. 15, p. 497-510, 1974.
DUMMETT, M. Frege: Philosophy of Language. Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1991.
DUTILH-NOVAES, C. A Dialogical Account of Deductive Reasoning as a Case Study for how Culture Shapes Cognition. Journal Of Cognition And Culture, v. 13, n. 5, P. 459-482, 2012.
ENGELMANN, M. Wittgenstein’s Philosophical Development: Phenomenology, Grammar, Method and the Anthropological View. Hampshire: Palgrave Macmillan, 2013a.
ENGELMANN, M. Wittgenstein's “Most Fruitful Ideas” and Sraffa. Philosophical Investigations, v. 36, n. 2, p. 155-178, abr. 2013b.
FREGE, G. The Foundations of Arithmetic. Trad. de J. L. Austin. Evanston: Northwestern University Press, 1889/1978.
HACKER, P. Insight and Illusion: themes in the Philosophy of Wittgenstein. Oxford: Clarendon Press, 1986.
HACKER, P. Kant and Wittgenstein: The matter of transcendental arguments. In: VENTURINHA, N. (ed.). The Textual Genesis of Philosophical Investigations. New York: Routledge, 2013.
HEYTING, A. Prize essay on the formalization of intuitionistic logic. 1928. [Expanded and revised version published as HEYTING, 1930a, HEYTING, 1930b, HEYTING, 1930c].
HEYTING, A. Die formalen Regeln der intuitionistischen Logik I. Sitzungsberichte der Preussischen Akademie der Wissenschaften, p. 42-56, 1930a.
HEYTING, A. Die formalen Regeln der intuitionistischen Logik II. Sitzungsberichte der Preussischen Akademie der Wissenschaften, p. 57-71, 1930b.
HEYTING, A. Die formalen Regeln der intuitionistischen Logik III. Sitzungsberichte der Preussischen Akademie der Wissenschaften, p. 158-169, 1930c.
HUTTO, D.; MYIN, E. Radicalizing Enactivism: Basic Minds Without Content. MIT Press, 2013.
LEWIS, D. Scorekeeping in a Language Game. Journal of Philosophical Logic, v. 8, n. 1, p. 339-359, 1979.
MARCOS, J. Logics of Formal Inconsistency. 2004. Tese (Doutorado) – Departamento de Filosofia. Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas, 2004.
MARCOS, J. Wittgenstein & Paraconsistência. Principia, v. 14, n. 1, p. 135-173, 2010.
MOORE, G. E. Philosophical Papers. Londres: Allen and Unwin, 1959.
MOYAL-SHARROCK, D. Understanding Wittgenstein’s On Certainty. New York: Palgrave Macmillan, 2004.
MOYAL-SHARROCK, D. Readings of Wittgenstein’s On Certainty. New York: Palgrave Macmillan, 2005.
PEREIRA, L. C. Breves considerações sobre o niilismo e o revisionismo na lógica. O que nos faz pensar, n. 20, p. 91-99, dez. 2006.
PRIEST, G.; TANAKA, K.; WEBER, Z. Paraconsistent Logic. The Stanford Encyclopedia of Philosophy. Disponível em: http://plato. stanford.edu/archives/spr2015/entries/logicparaconsistent/ Acesso em: 23 jun. 2020.
RORTY, R. Philosophy and the Mirror of Nature. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1979.
SANTOS, L. H. dos. A Essência da Proposição e Essência do Mundo: Estudo Introdutório do Tractatus Logico-philosophicus. São Paulo: EdUSP, 2001.
SANTOS, L. H dos. Retórica versus dialética: divagação a propósito do Górgias de Platão. Revista Analytica, Rio de Janeiro, v. 17, n. 2, p. 249-263, 2013.
SHAPIRO, S. Varieties of Logic. Oxford: Oxford University Press, 2014.
SILVA, M. Wittgenstein, Cores e Sistemas: aspectos lógico-notacionais do colapso do Tractatus. Revista Analytica, v. 15, n. 2, 2011.
SILVA, M. Holismo e Verofuncionalidade: sobre um conflito lógico-filosófico essencial, Philósophos, v.18, n. 2, p. 167-200, jul./dez. 2013.
SILVA, M. Notas sobre o papel lógico-normativo da noção de medida. Problemata: R. Intern. Fil. v. 6, n. 3, p. 247-263, 2015.
SILVA, M. Verificacionismo, Expressivismo, Inferencialismo: Uma leitura normativa. Veritas, v. 65, n. 3, 2020.
WITTGENSTEIN, L. Philosophical Investigations. Translated by G. E. M. Anscombe. Oxford: Basil Blackwell, 1953. (PI)
WITTGENSTEIN, L. On Certainty. Edição bilíngue. G. H. von Wright & G. E. Anscombe (org.). Londres: Basil Blackwell, 1969. (OC)
WITTGENSTEIN, L. Wittgenstein und der Wiener Kreis (1929-1932). Werkausgabe Band 3. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1984. (WWK)
Recebido: 08/4/2020
Aceito: 30/12/2020
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 TRANS/FORM/AÇÃO: Revista de Filosofia
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons.