O caráter insondável das ações morais em Kant
DOI:
https://doi.org/10.1590/S0101-31732007000100008Palavras-chave:
máxima, ação moral, mal moralResumo
À primeira vista, o que parece razoavelmente defensável na posição kantiana, com base na Fundamentação da Metafísica dos Costumes, é que as ações imorais são insondáveis, mas não o são como as ações morais. Estas são sempre insondáveis, aquelas quando vestem a conformidade ao dever, pois quando são contrárias ao dever são sondáveis. Mas na Crítica da Razão Pura (1980b, p.279, n.; B 579, n.80) Kant afirma que “a moralidade própria das ações (mérito e culpa), mesmo a de nosso próprio comportamento, permanece-nos totalmente oculta”, pois não sabemos o quanto devemos imputar ao efeito puro da liberdade ou à simples natureza. Assim, ao que parece Kant defende duas posições. Uma, apregoando a insondabilidade parcial das ações imorais, outra uma opacidade total da qualidade moral das ações. Julgo, contudo, que, no fundo, Kant pode sustentar, sem cair em contradição, tanto a posição de que (a) as ações contrárias ao dever sinalizam a maldade de uma máxima como a tese de que (b) o mérito ou demérito moral jamais pode ser observado. A primeira alternativa é a que verificamos, por exemplo, na Fundamentação da Metafísica dos Costumes e que também na Religião desempenha um importante papel, uma vez que Kant tem de assumir, de algum modo, a experiência de ações más. Já a segunda tese parece ter um fundo eminentemente especulativo. Ela visa a mostrar a indecidibilidade metafísica acerca da qualidade moral de uma máxima.Downloads
Os dados de download ainda não estão disponíveis.
Publicado
01-01-2007
Edição
Seção
Artigos e Comentários
Licença
Copyright (c) 2021 TRANS/FORM/AÇÃO: Revista de Filosofia
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons.
Como Citar
PAVÃO, Aguinaldo. O caráter insondável das ações morais em Kant. Trans/Form/Ação, Marília, SP, v. 30, n. 1, p. 101–113, 2007. DOI: 10.1590/S0101-31732007000100008. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/transformacao/article/view/936.. Acesso em: 24 nov. 2024.