Heidegger e a Esquizofrenia: o estado de privação do Dasein nos Seminários de Zollikon
DOI:
https://doi.org/10.5072/0101-3173.2024.v47.n.p%25pPalavras-chave:
Esquizofrenia, Estado de privação, Dasein, Heidegger, Seminários de ZollikonResumo
O objetivo deste artigo é compreender a esquizofrenia através da interpretação fenomenológica de Martin Heidegger, examinando suas ideias apresentadas em "Ser e Tempo" e nas palestras que constituem os “Seminários de Zollikon”. Heidegger considerou a esquizofrenia não como uma simples anomalia fisiológica, mas como um estado de privação da abertura do Dasein ao estar-junto no mundo, o que resulta em uma pobreza de contato. O artigo analisa como essa privação modifica a capacidade do Dasein de tornar-presente, ou seja, de estabelecer relações significativas com o espaço e com o tempo, o que influencia a maneira como o indivíduo percebe e interage conceitualmente com o mundo e consigo mesmo. Em última instância, o artigo argumenta que, para Heidegger, é crucial analisar as psicopatologias fenomenologicamente, indo além das explicações fisiológicas e focando na experiência vivida e nas estruturas de significado que unem sujeito e objeto na cotidianidade.
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