A insólita a-generidade da filosofia masculinizante
DOI:
https://doi.org/10.1590/0101-3173.2024.v47.n2.e02400234Palavras-chave:
Filósofas, Feminismo, Gênero, Epistemologias feministasResumo
O objetivo deste artigo é repassar os termos de uma chamada para dossiê temático e responder criticamente a algumas perguntas suscitadas por sua linguagem e por alguns dos conceitos presentes nos requisitos listados para o aceite das publicações. Assim, começa-se por perguntar sobre o significado (linguístico-político) da generificação do pensamento filosófico tomando como chave crítica de leitura uma parte da vasta produção das epistemologias feministas, a fim de insistir na parcialidade e na localização de toda e qualquer manifestação filosófica contra a especificidade do gênero feminino relativamente à autoridade epistêmica e à autoria textual em filosofia; em seguida, trata-se da distinção entre ‘sexo’ e ‘gênero’ para proceder a uma correção quanto à enunciação quase biológica sobre o ato de escrita filosófica; e, por fim, trazem-se questões sobre a generificação dos “conteúdos” filosóficos e sobre os interesses da filosofia feminista e da história feminista da filosofia, de sorte a se proceder à denúncia sobre os modos como nossa linguagem filosófica e seus suportes epistemológicos de fundo seguem ainda as sendas dicotômicas valoradas desigualmente.
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Recebido: 05/12/2023 – Aprovado: 02/05/2024 – Publicado: 12/08/2024
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