Ontologia e antropologia: possíveis diálogos entre as hermenêuticas de Heidegger e Ricoeur

Autores

  • Carlos Roberto Drawin UFMG/FAJE
  • Frederico Soares de Almeida UFMG/FAJE

Palavras-chave:

Ontologia, Antropologia, Hermenêutica

Resumo

Este artigo objetiva matizar a taxativa contraposição entre a “via curta” da ontologia heideggeriana e a “via longa” adotada por Ricoeur, como representação das muitas mediações necessárias na constituição de sua antropologia filosófica. Heidegger irrompe no pensamento contemporâneo com a publicação de seu tratado Ser e tempo (1927), como uma espécie de instalação direta no terreno da ontologia. Em contraste, Ricoeur é visto – e ele mesmo se vê – como um pensador das mediações conceituais, em seu longo itinerário, desde a adesão à fenomenologia husserliana e posterior inflexão hermenêutica, passando por confrontações com a psicanálise freudiana, o estruturalismo e a filosofia analítica, até a formação do livro O si-mesmo como outro (1990). Contudo, os dois filósofos construíram suas obras no horizonte comum da hermenêutica; assim, há entre eles possíveis pontos de convergência? E como se poderia interpretar a relevância dessa possível interlocução? Esses questionamentos não podem ser respondidos sem uma minuciosa leitura comparativa. Este texto não pretende respondê-los, mas apenas sugerir elementos para posteriores investigações.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Carlos Roberto Drawin, UFMG/FAJE

Professor aposentado do Departamento de Filosofia da UFMG e professor titular da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), Belo Horizonte, MG – Brasil. ORCID: https://orcid.org/000-0002-3497-671X.

Frederico Soares de Almeida, UFMG/FAJE

Doutor em Filosofia pela UFMG. Atualmente, realiza seu estágio de Pós-Doutorado na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), Belo Horizonte, MG – Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0884-2627.

Referências

CAPELLE, P. La signification du Christianisme chez Heidegger. In: CARON, M. (dir.). Heidegger. Paris: Les Éditions du Cerf, 2006. p. 295-328.

DASTUR, F. Heidegger et la question du temps. Paris: PUF, 1990.

DASTUR, F. Heidegger et la question anthropologique. Louvain: Éditions de l’Institut Supérieur de Philosophie. Paris: Éditions Peeters, 2003.

DOSSE, F. Paul Ricoeur: Les sens d’une vie. Paris: La Découverte, 2001.

EISLER, R. Kant-Lexikon. Paris: Gallimard: 1994.

ESCUDERO, J. A. El lenguaje de Heidegger: Diccionario filosófico 1912-1927. Barcelona: Herder, 2009.

GORDON, P. E. Continental divide: Heidegger, Cassirer, Davos. Cambridge, Massachusetts; London, England: Harvard University Press, 2010.

GREISCH, J. Paul Ricoeur: L’itinérance du sens. Grenoble: Jérôme Millon, 2001.

GREISCH, J. Le buisson ardente et les lumières de la raison. L’invention de la philosophie de la religion. Tome III: Vers um paradigme herméneutique. Paris: Les Éditions du Cerf, 2004.

GRONDIN, J. L’herméneutique. Paris: PUF, 2006.

HEIDEGGER, M. Kant et le problème de la métaphysique. Paris: Gallimard, 1953.

HEIDEGGER, M. Das Ende der Philosophie und die Aufgabe des Denkens. In: HEIDEGGER, M. Zur Sache des Denkens. Tübingen: Max Niemeyer, 1969.

HEIDEGGER, M. Ontologie (Hermeneutik der Faktizität). Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 1982.

HEIDEGGER, M. De l’essence de la liberté humanine: Introduction à la philosophie. Paris: Gallimard, 1987.

HEIDEGGER, M. Interprétations phénoménologiques d’Aristote. Trad. J.-F. Courtine. Mauvezin: Trans-Europ-Repress, 1992.

HEIDEGGER, M. Phänomenologie des religiösen Lebens. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 1995.

HEIDEGGER, M. Les conférences de Cassel (1925). Précédées de la correspondance Dilthey-Husserl (1911). Édition bilingue introduite, traduite et annotée par Jean-Claude Gens. Paris: Librairie Philosophique J. Vrin, 2003a.

HEIDEGGER, M. De uma conversa sobre a linguagem entre um japonês e um pensador. In: HEIDEGGER, M. A caminho da linguagem. Bragança Paulista/SP: Editora Universitária São Francisco, 2003b. p. 71-120.

HEIDEGGER, M. Ser e tempo. Edição em alemão e português. Tradução, organização, nota prévia, anexos e notas de Fausto Castilho. Campinas, SP: Editora Unicamp; Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

JANICAUD, D. Heidegger em France. I: Récit. Paris: Albin Michel, 2001.

JARAN, F. Métaphysique du Dasein: Heidegger et la possibilite de la métaphysique (1927-1930). Bucarest: Zeta Books, 2010.

JERVOLINO, D. Paul Ricoeur: Une herméneutique de la condition humaine. Paris: Ellipses, 2002.

KANT, I. Crítica da razão pura. Tradução de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1985.

KOCKELMANS, J. J. Ontological difference, hermeneutics, and language. In: KOCKELMANS, J. J. On Heidegger and language. Evanston: Northwestern University Press, 1972. p. 195-234.

LAFONT, C. Lenguaje y apertura del mundo: El giro linguístico de la hermenêutica de Heidegger. Madrid: Alianza, 1997.

LAFONT, C. Hermeneutics. In: DREYFUS, H. L.; WRATHALL, M. A. (ed.). A companion to Heidegger. Malden/Oxford: Blackwell Publishing, 2007. p. 265-284.

LOTZ, J. B. Die Identität von Geist und Sein: Eine historich-systematische Untersuchung. Roma: Università Gregoriana Editrice, 1972.

OTT, H. Hermeneutic and personal structure of language. In: KOCKELMANS, J. J. On Heidegger and language. Evanston: Northwestern University Press, 1972. p. 169-193.

RAFFOUL, F. À chaque fois mien: Heidegger et la question du sujet. Paris: Galilée, 2004.

RICOEUR, P. Existence et herméneutique. In: RICOEUR, P. Le conflit des interprétations: Essais d’herméneutique. Paris: Éditions du Seuil, 1969a. p. 7-28.

RICOEUR, P. Heidegger et la question du sujet. In: RICOEUR, P. Le conflit des interprétations: Essais d’herméneutique. Paris: Éditions du Seuil, 1969b. p. 222-232.

RICOEUR, P. Existência e hermenêutica. In: RICOEUR, P. O conflito das interpretações: ensaios de hermenêutica. Tradução: Hilton Japiassu. Rio de Janeiro: Imago, 1978a. p. 7-24.

RICOEUR, Paul. Heidegger e a questão do sujeito. In: O conflito das interpretações: ensaios de hermenêutica. Tradução: Hilton Japiassu. Rio de Janeiro: Imago, 1978b. p. 189-198.

RICOEUR, P. Soi-même comme un autre. Paris: Éditions du Seuil, 1990.

RICOEUR, P. La mémoire, l’histoire, l’oubli. Paris: Éditions du Seuil, 2000.

RICOEUR, P. Temps et Récit. Tome II: L’intrigue et le récit historique. Paris : Éditions du Seuil, 1983.

RICOEUR, P. L’antinomie de la realité humaine et le problème de la anthropologie philosophique. In: RICOEUR, P. Antropologie philosophique. Essais et conférences 3. Paris : Éditions du Seuil, 2013. p. 21-47.

RICOEUR, P. O si-mesmo como outro. Tradução de Ivone Benedetti. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2014.

RIVELAYGUE, J. Leçons de métaphysique allemande. Tome II: Kant, Heidegger, Habermas. Paris: Grasset, 1992.

VOLPI, F. Heidegger e Aristóteles. São Paulo: Loyola, 2013.

Recebido: 29/08/2023 - Aprovado: 10/10/2023 - Publicado: 20/03/2024

Publicado

13-03-2024

Como Citar

Roberto Drawin, C., & Almeida, F. S. de. (2024). Ontologia e antropologia: possíveis diálogos entre as hermenêuticas de Heidegger e Ricoeur. TRANS/FORM/AÇÃO: Revista De Filosofia Da Unesp, 47, e02400117. Recuperado de https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/transformacao/article/view/15032

Artigos Semelhantes

1 2 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.