Ressonâncias e ontologias outras
pensando com o pensar bantu-kongo
DOI:
https://doi.org/10.1590/0101-3173.2022.v45esp.09.p149Palavras-chave:
Filosofia bantu-kongo, Ontologia, Mesmo pluriontológico, Outridade, Entes ecológicosResumo
À luz de aspectos fundamentais do pensar bantu-kongo e em consonância com pensadores contemporâneos, tais como Bunseki Fu-Kiau e Zamenga B., este artigo aspira a refletir acerca de ontologias distintas daquelas hegemônicas euro-ocidentais. Tais ontologias são vivenciadas em parte do continente africano e foram deslocadas para territórios afrodiaspóricos, como o Brasil, ainda que com adaptações, por meio de práticas cosmológicas que situam a ancestralidade em lugar central. As ideias de “mesmo pluriontológico” (conforme nós cunhamos com base hermenêutica na filosofia kongo), opacidade (a partir da sugestão teórica de Édouard Glissant), estágios do cosmograma kongo, vazio, transmutação, inclinação à outridade, ciência do feitiço, sistema, entes ecológicos, inter-ações propõem possibilidades complexas de ser-viver, em relação, que se distanciam, radicalmente, de metafísicas e éticas desenvolvidas no seio do pensamento ocidental, assim como podem com elas dialogar, o que faz com que, ao pensar do lado da margem afrodiaspórica do atlântico, consideremos as tensões entre esses distintos modos de pensar que ocupam espaços assimétricos nos construtos históricos.
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Recebido: 13/8/2020 - Aceito: 21/01/2021
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