Reminiscência e alma remêmora no Fédon de Platão
DOI:
https://doi.org/10.1590/0101-3173.2021.v44n4.26.p327Palavras-chave:
Teoria das Formas, Ontologia, Epistemologia, Alma remêmora, Discurso míticoResumo
Pretende-se analisar o estatuto ontológico e epistemológico da alma cognitiva, no Fédon de Platão, a fim de evidenciar sua capacidade inata concernente à memória e à reminiscência, para a constituição da teoria platônica das Formas. Para esse propósito, visa-se a demonstrar que a atividade escrita de Platão ressalta a coexistência entre o discurso figurativo e o discurso racional, na qual ele desenvolve a dialética entre os gêneros sensível e inteligível. Assim, na primeira seção, a pesquisa escrutina a expressão mathésis anámnesis, o aprendizado é recordação, atestada previamente no Mênon e no Fédon, como condição epistemológica fundamental para adquirir o conhecimento das ideias. Na seção seguinte, almeja-se explicar como a posse de uma sabedoria numinosa pela lma remêmora estabelece uma forma original de saber, que não pode ser adstrita em limites humanos, requerendo, para seu entendimento, uma nova abordagem hermenêutica, a qual se denomina hermenêutica cultual. Por fim, demonstra-se, na última seção, que o escopo fenomenológico do mito prevê uma semântica da visibilidade, pela qual Platão descreve a genuína natureza do logos filosófico, representado no encômio socrático da meléte thanátou.
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Recebido: 16/6/2020 - Aceito: 13/5/2021
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