FOUCAULT E O CONTROLE DOS CORPOS PELA LINGUAGEM: OS CAMINHOS DA BIOPOLÍTICA CONTEMPORÂNEA NO SABER-PODER MÉDICO

Autores

  • Iverson Custódio Kachenski Mestrando em Filosofia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e mestrando em Estudos de Linguagens na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)

DOI:

https://doi.org/10.36311/1984-8900.2022.v14n36.p198-216

Palavras-chave:

Poder Médico, Biopolítica, Linguagem, Normas, Doenças

Resumo

Nesse artigo, buscamos compreender, a partir da genealogia de Michel Foucault, o modo como os conceitos oriundos do saber médico são utilização na apropriação de corpos, colocados sob sua vigília. Noções como doenças e normas são desconstruídas, ao nivelarmos o debate acerca do poder médico a partir do que este produz na realidade. Para abordarmos a relação entre linguagem e realidade no campo da biopolítica comentamos os aspectos ferinos das metáforas sobre doenças tratados por Susan Sontag em seus textos: A doença como metáfora/Aids e suas Metáforas. Não obstante, problematizamos sobre à pretensão do saber médico em produzir discursos verdadeiros ao longo de determinadas sendas históricas, ou episteme. No momento mais avançado deste artigo, procuramos problematizar sobre aquilo que chamamos de dispositivo no diagnóstico médico, ou do enunciado médico. Aqui, nos valemos das contribuições teóricas de Georges Canguilhem, especialmente em sua obra O normal e O Patológico (1943). Portanto, buscamos indicar como a biopolítica contemporânea tem se manifestado, tendo como bases filosóficas para essa reflexão as contribuições de Michel Foucault, Susan Sontag e Georges Canguilhem em torno da doença.

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Publicado

2022-08-02

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Artigos