O processo de adoção na familia monoparental

Autores

  • Carolina Monteiro Biasutti Mestra e Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, da Universidade Federal do Espírito Santo.
  • Célia Regina Rangel Nascimento Professora Doutora do Departamento de Psicologia e do Desenvolvimento; Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia, da Universidade Federal do Espírito Santo.

DOI:

https://doi.org/10.36311/jhgd.v31.10364

Palavras-chave:

adoption, family, single-parent family, parenting

Resumo

Introdução: Mudanças sociais ocorridas nas últimas décadas no que tange a organização das famílias e aos papéis de gênero, legitimaram e deram visibilidade a arranjos familiares que divergem do modelo tradicional. Assim, considera-se importante estudar a família monoparental adotiva e suas especificidades.

Objetivo: Analisar o processo de adoção e a chegada da criança nas famílias monoparentais.

Método: Foram entrevistados quatro mães e um pai, entre 31 e 56 anos, cujos filhos foram adotados com idades entre zero a cinco anos. As entrevistas abordaram a motivação, o processo de adoção, a espera e chegada da criança, e a vivência da monoparentalidade, e foram analisadas com o referencial da Análise Temática.

Resultados: A motivação para a adoção foi advinda do desejo de constituir ou ampliar a família e exercer a parentalidade. A espera pela criança foi um momento de preparação emocional e financeira para o acolhimento do novo membro e medos e ansiedades relacionados ao processo adotivo foram vivenciados. A adaptação das crianças ocorreu em curto período e foi necessário que os participantes adaptassem sua rotina à nova situação familiar. Em todos os casos foi verificado o acolhimento e apoio da família extensa.

Conclusão: A preparação para a adoção favoreceu o processo de adaptação pais-crianças. A participação da família extensa, bem como as orientações da equipe técnica foram relevantes para as famílias.

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Publicado

2021-04-28

Edição

Seção

ORIGINAL ARTICLES