Informação institucionalizada e materializada como documento
caminhos e articulações conceituais
DOI:
https://doi.org/10.36311/1981-1640.2019.v13n2.02.p5Palabras clave:
Informação, Materialidade, Institucionalidade, Documento, Programa de investigação científica, Imre LakatosResumen
A pesquisa indaga sobre os caminhos para viabilizar uma construção conceitual acerca da materialidade e da institucionalidade da informação, fenômenos concernentes à transformação do objeto em documento. Objetiva (a) fundamentar e (b) sintetizar caminhos para a investigação dos fenômenos; e (c) edificar um quadro de articulações conceituais sobre a informação materializada e institucionalizada como documento. Para tanto, lançou mão de revisão de literatura, estabelecendo vínculos interdisciplinares, epistemológicos e políticos, tocantes às ciências da documentação e da informação. A pesquisa empregou, ademais, elementos teórico-metodológicos de Imre Lakatos como subsídio para a proposição de um programa de investigação, estruturante para o ordenamento e a articulação das escolhas teórico-metodológicas. Contando com contribuições de obras de Habermas, Foucault, Weber e Bourdieu, tais escolhas perpassam fundamentações de “pretensões de validade, práticas discursivas e horizontes políticos”, de “materialidade sociocultural, simbólico-burocrática e políticas de informação”, do “objeto-suporte e materialidade de ações e práticas informacionais” e dos “contextos epistemológico e políticos: materialidade/institucionalidade/representação”. Os caminhos e as articulações conceituais culminaram no núcleo do programa, a partir do qual se pode observar que o documento é um valor informacional que se atribui ao objeto, ou seja, é o produto da significação ou da função atribuída a uma coisa em determinada institucionalidade. Assim, a materialidade do documento transcende a fisicalidade da informação num suporte, à medida que todo documento: (a) representa algo e pode ser representado; (b) é uma expressão simbólica de poder/saber. Por fim, o documento é um produto de ações e práticas sociais, sendo definido por institucionalidades da informação as quais têm o acesso e as condições de atuação condicionadas por perspectivas de materialidade.
Descargas
Referencias
Bauer, W. (1957). Documentos. // Bauer, W. Introducción al estudio de la História. Barcelona: Bosch, 1957.
Bourdieu, P. (1996). Espírito do Estado: gênese e estrutura do campo burocrático. // Bourdieu, P. Razões práticas sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus, 1996.
Briet, S.(1951). Qu'est-ce que la documentation?Paris: Éd. Documentaires Industrielles et Técnicas, 1951.
Bucaille, R.; Pesez, J.-M. (1989). Cultura material. //Enciclopédia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional; C. Moeda, 1989. v.16.Buckland, M.K. (1991). Information as thing. // JASIS. 45:5 (1991) 351-360.
Buckland, M.K. (1997). What is a document? // JASIS. 48 (1997) 804-809.
Burke, P. (1992). Abertura: a nova história, seu passado e seu futuro. // Burke, P. (Ed.). A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992.
Buschman, J. (2010). Transgredir ou estagnar? Desafiando Foucault na teoria da Biblioteconomia e Ciência da Informação (BCI). // InCID: Rev. Ci. Inf. Document.1:1(jul. 2010) 3-31.
Bush, V. (1945). As we may think.// TheAtlantic. 10 (July 1945).
Capurro, R. (2011). The Dao of the Information Society in China and the task of intercultural information ethics. // CEPE 2011: Cross-ing Boundaries, [S.l.:s.n.], 2011.
Dreyfus, H. L.; Rabinow, P. (1995). Genealogia do indivíduo moder-no: a analítica interpretativa do poder, da verdade e do corpo. // Dreyfus, H. L.; Rabinow, P. Michel Foucault: uma trajetória fi-losófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.
Evans, G. E.(2000). Developing library and information center collection.Englewood: L. Unlimited, 2000.Favier, J. (2001). Les archives. Paris: Presses Universitaires de France, 2001.
Feder, E. K. (2018). Poder/saber. // Taylor, D. (Ed.). Michel Foucault: conceitos fundamentais.Petrópolis: Vozes, 2018.
Figueiredo, M. F.; González de Gómez, M. N. (2011). Relações ou semelhanças de família em critérios utilizados para julgamento de informações na web. // Anais do 12oENANCIB. Brasília: ANCIB; UnB (23 -26 out. 2011). 88-103.
Fonseca, M. O. (2005). Arquivologia e ciência da informação. Rio de Janeiro: FGV, 2005.
Foucault, M. (1987). Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópo-lis: Vozes, 1987.
Foucault, M. (1999). As palavras e as coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
Foucault, M. (2002). Nietzsche, a genealogia e a história. // Foucault, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 2002.
Foucault, M. (2005). A arqueologia do saber. Lisboa: Almedina, 2005.
Freitas, L.S. (2012). Documento e poder: uma arqueologia da escrita. //Morpheus. 9:14 (2012) 58-73.
Freund, J. (1975). Sociologia de Max Weber. Rio de Janeiro: Foren-se, 1975.
Frohmann, B. (1995). Taking policy beyond information science: applying the actor network theory for connectedness: infor-mation, systems, people, organizations. // Proceedings of the 23thAnnual Conference Canadian Association for Information Science. Edmonton: Alberta, 1995.
Frohmann, B. (2008). O caráter social, material e público da infor-mação. // Fujita, M.; Marteleto, R.; Lara, M. (Org.). A dimensão epistemológica da ciência da informação e suas interfaces técni-cas, políticas e institucionais nos processos de produção, acesso e disseminação da informação. São Paulo: Cultura Acadêmica; Marília: Fundepe, 2008.
Frohmann, B. (2009).The documentality of mme briet's antelope. // Proceedings of the Materializing Communication and Rhetoric: Technologies, Infrastructures. North Carolina: North Carolina State University, 25 Sept. 2009. (Conference).
González de Gómez, M. N. (1999). O caráter seletivo das ações de informação. // Informare. 5:2 (1999) 7-35.
González de Gómez, M. N. (1999/2000).Metodologia da pesquisa no campo da Ciência da Informação. // R. Bibliotecon. Brasília. 23/24:3 (1999/2000) 333-346.
González de Gómez, M. N. (2002). Novos cenários políticos para a informação. // Ci. Inf. 31:1 (2002) 27-40.
González de Gómez, M. N. (2003). As relações entre ciência, Estado e sociedade: um domínio de visibilidade para as questões da in-formação. // Ci. Inf. 32:1 (jan./abr. 2003) 60-76.
González de Gómez, M. N. (2009).A reinvenção contemporânea da informação: entre o material e o imaterial. // Pesq. Bras. Ci. Inf. 2:1 (jan./dez. 2009) 115-134.
González de Gómez, M. N. (2015).Validade científica: da epistemo-logia à ética e à política. // Liinc Rev. 11 (2015) 339-359.
González de Gómez, M. N. (2016).Habermas y Foucault: la búsque-da del discurso post-epistemológico sobre la ciencia. // Scire. 22 (2016) 45-56.
González de Gómez, M. N. (2019).Reflexões sobre a genealogia dos regimes de informação. // Inf. & Soc.: Est. 29:1 (jan./mar. 2019) 137-158.
Grigoleto, M. C.; Murguia, E. I. (2015). As bases epistemológicas do patrimônio institucionalizado. // Anais do 16. ENANCIB; In-formação, memória e patrimônio:do documento às redes.João Pessoa: ANCIB; UFPB, 2015.
Guimarães, J. A. (2008). A dimensão teórica do tratamento temático da informação e suas interlocuções com o universo científico da International Society for Knowledge Organization (ISKO). //RICI, 1:1 (2008) 77-99.
Habermas, J. (2010). Fundamentação linguística da Sociologia. Lisboa: Edições 70, 2010.
Hjorland, B. (2003). Fundaments of Knowledge Organization. // Know. Org. 30:2 (2003) 87-111.
Jaenecke, P. (1994). To Whatend Knowledge Organization. // Know. Org. 21:1 (1994) 3-11.
Lakatos, I. (1999). Falsificação e metodologia dos programas de investigação científica. Lisboa: Ed. 70, 1999.
Lara, M. L. G. (2010). Documento e significação na trajetória epistemológica da Ciência da Informação. // Freitas, L. S.; Marcon-des, C. H.; Rodrigues, A. C. (Org.). Documento: gênese e contextos de uso. Niterói: EdUFF, 2010.
Le Goff, J. (1994). Documento/monumento. // Le Goff, J. História e memória. Campinas: Ed. Unicamp, 1994.
Lund, N. W. (2010). Document, text and medium: concepts, theories and disciplines. // Journal of Documentation. 66:5 (2010) 734-749.
Miller, D. (2013). Trecos, troços e coisas: estudos antropológicos sobre a cultura material. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
Murguia, E. I. (2009). O colecionismo bibliográfico: uma abordagem do livro para além da informação. // Enc. Bibli: R. Eletr. Biblio-tecon. Ci. Inf.n. esp. (1. sem. 2009).
Murguia, E. I. (2010). Documento e instituição: produção, diversidade e verdade. // Freitas, L. S.; Marcondes, C. H.; Rodrigues, A. C. (Org.). Documento: gênese e contextos de uso. Niterói: EdUFF, 2010.
Murguia, E. I. (2011).Da Ciência da Informação à Cultura Material: [os conceitos de Fundo e Coleção como princípios da organização]. [Rio de Janeiro]: IBICT, 2011.Relatório de Estágio de Pós-doutorado.
Murguia, E. I. (2014). Saber poder: os agenciamentos da Ciência da Informação com a Biblioteconomia e Arquivologia no Brasil. // InCID: R. Ci. Inf. e Document., 5:1 (mar./ago. 2014) 4-26.
Ortega, C. D.; Saldanha, G. S. (2019). A noção de documento no espaço-tempo da Ciência da Informação: críticas e pragmáticas de um conceito. // Perspect. Ci. Inf.,24:n. esp.(jan./mar. 2019) 189-203.
Otlet, P. (1934). Traité de documentation: le livre surle livre. Bru-xelles: Mundaneum, 1934.
Pomian, K. (1984). Colecção. // Enciclopédia Einaudi. Lisboa: Impr. Nacional; C. Moeda, 1984.Pomian, K. (1998). História cultural, história dos semióforos. // Rioux, J. P.; Sirinelli, J. F. (Org.). Para uma história cultural. Lisboa: Estampa, 1998.
Popper, K. (2013). A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cul-trix, 2013.
Rabello, R. (2009). A face oculta do documento: tradição e inovação o limiar da Ciência da Informação. Universidade Estadual Pau-lista –Unesp. Tese de doutorado em Ciência da Informação, Marília, 2009.
Rabello, R. (2011). A dimensão categórica do documento na Ciência da Informação. // Encontros Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., 6(2011)131-156.
Rabello, R. (2012).Ações de informação no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia. Ci. Inf.,41(2012)104-121.
Rabello, R. (2018). Documento e institucionalidades: dimensões epistemológica e política. // Encontros Bibli: R. Eletr. Bibliote-con. Ci. Inf.23:51 (2018) 138-156.
Rabello, R.; Rodrigues, G. M. (2014). Prova documental: inscrições e materialidade. // Tend. Pesq. Bras. Ci. Inf. 7:2 (2014) 1-21
Rabello, R.; Rodrigues, G. M. (2019). Information as proof or monument: materiality, institutionality and representation. // Enc. Bi-bli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf.24:55 (maio/ago. 2019).
Rendón Rojas, M. Á. (2005). Bases teóricas y filosóficas de la Bibliotecología. México: UNAM, 2005.
Rendón Rojas, M. Á. (2008). Ciencia bibliotecológica y de la información en el contexto de las ciencias sociales y humanas. Epistemología, metodología e interdisciplina. //Investig. Bibl.22:44 (2008) 65-76.
Ricœur, P. (2007). Fase documental: a memória arquivada. // Ricœur, P. A memória, a história, o esquecimento. Campinas: Ed. Unicamp, 2007.
Rieh, S.Y. (2002). Judgment of information quality and cognitive authority in the Web. // JASIST. 53:2 (2002) 145-161.
Rieh, S.Y.; Danielson, D. R. (2007). Credibility: a multidisciplinary framework. // ARIST. 41 (2007) 307-364.
Salarelli, A. (2008). O documento digital. // Tammaro, A. M.; Salarelli, A. A biblioteca digital. Brasília: Briquet de Lemos, 2008.
Saracevic, T. (2009).Relevance: a review of and a framework for the thinking on the notion in information Science. // Braga, G. M.; Pinheiro, L. V. R. (Org.). Desafios do impresso ao digital: questões contemporâneas de informação e conhecimento. Brasília: IBICT, 2009.
Schwartz, J. M.; Cook, T. (2004) Arquivos, documentos e poder: a construção da memória moderna. // Revista do Arquivo Público Municipal de Indaiatuba. 3:3 (2004) 15-30.
Smit, J. W.;Guimarães, J. A. C.(2017). The epistemological con-struction of “analyse documentaire” and the influence of Jean-Claude Gardin in Brazil. // Chévry-Pebayle, É. (Org.). Systèmes d ?organisation des connaissances et humanités numériques. Londres: ISTE, 2017.
Souza, B. G.; Murguia, E. I. (2012). Documentação de fé: reflexões sobre ex-votose a sala das promessas do Santuário Nacional de Aparecida. // Tend. Pesq. Bras. Ci. Inf.5:1 (2012).
Tammaro, A.M. (2008). A coleção digital. // Tammaro, A. M.; Salarelli, A. A biblioteca digital. Brasília: Briquet de Lemos, 2008.
Tragtenberg, M. (1985). Burocracia: da mediação à dominação. // Tragtenberg, M. Burocracia e ideologia. São Paulo: Ática, 1985.
Valente, J. A. V. (1978). Acerca do documento. // R. Bras. Bibliotecon. Document.11:3/4 (jul./dez. 1978) 177-198.
Weber, M. (1978). Ação social e relação social. // Foracchi, M. M.; Martins, J. S. Sociologia e sociedade: leituras de introdução à Sociologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978.
Weber, M. (2002). Burocracia. // Weber, M. Ensaios de sociologia. 5. ed. São Paulo: LTC, 2002.
Weber, M. (2004). A ética protestante e o espírito do capitalismo. 2.ed. São Paulo: Cia. das Letras, 2004.
Wersig, G.; Windel, G. (1985). Information Science needs a theory of ‘information actions’. // Social Science Information Studies. 5 (1985) 11-23.
Yamaoka, E. J.; Gauthier, F. O. (2013). Objetos digitais: em busca da precisão conceitual. // Informação & Informação. 18:2 (ago. 2013) 77-97.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Al someter un artículo, los autores conservan los derechos de autor del artículo, otorgando todos los derechos para el Brazilian Journal of Information Science: research trends para publicar el texto.
El(los) autor(es) acuerdan que el artículo, si se acepta editorialmente para su publicación, tendrá licencia bajo Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International (CC BY-SA 4.0) (http://creativecommons.org/licenses/by-sa /4.0).
Los lectores/usuarios son libres para:
- Compartir - copiar y redistribuir el material en cualquier medio o formato.
- Adaptar - remezclar, transformar y construir sobre el material para cualquier propósito, incluso comercialmente.
El licenciante no puede revocar estas libertades mientras siga los términos de la licencia. Bajo los siguientes términos:
- Atribución: debe otorgar el crédito apropiado, proporcionar un enlace a la licencia e indicar si se realizaron cambios. Puede hacerlo de manera razonable, pero de ninguna manera que sugiera que el licenciante lo respalda en su uso.
Compartir igual: si remezcla, transforma o desarrolla el material, debe distribuir sus contribuciones bajo la misma licencia que el original.
Sin restricciones adicionales: no puede aplicar términos legales o medidas tecnológicas que restrinjan legalmente a otros de hacer cualquier cosa que la licencia permita.
Avisos:
- No tiene que cumplir con la licencia para elementos del material de dominio público o cuando su uso esté permitido por una excepción o limitación aplicable.
- No se otorgan garantías. Es posible que la licencia no le otorgue todos los permisos necesarios para su uso previsto. Por ejemplo, otros derechos como publicidad, privacidad o derechos morales pueden limitar la forma en que usa el material.
Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License