A educação básica sob o ensino remoto na pandemia

aprofundamento das desigualdades educacionais e reconfiguração do “fracasso escolar”?

Autores

  • Ana Paula BLENGINI Instituto Federal Fluminense
  • Fabiana de Cássia RODRIGUES Universidade Estadual de Campinas UNICAMP/ SP

DOI:

https://doi.org/10.36311/1519-0110.2021.v22n2.p81-102

Palavras-chave:

Fracasso escolar, Ensino híbrido, Pandemia

Resumo

Na realidade brasileira, a escola nem ao menos havia se universalizado ao final dos anos de 1970, existia uma enorme seletividade que excluía da escola parte das crianças que a adentravam já em seus primeiros anos de estudo, além de haver de uma flagrante distância entre a expansão escolar e a formação humana que ela provia. Este ensaio realiza, em sua primeira parte, uma retomada histórica sobre o debate educacional durante a crise da ditadura civil-militar, quando o tema do “fracasso escolar” se tornou um dos principais assuntos a tomar as atenções dos educadores preocupados com a “redemocratização”.  Em seguida, aborda-se a maneira como, quatro décadas depois, em um governo de extrema direita, o ensino remoto sob a pandemia de Covid-19 recolocou as questões que dizem respeito ao “fracasso escolar” em algumas de suas dimensões, tais como: acesso, permanência, desempenho acadêmico e formação humana crítica. Constatou-se que a crise educacional como projeto explicitou-se na forma como o Estado, em seus diferentes níveis de governo, abordou os desafios das escolas públicas no cenário pandêmico. Por meio da análise de estatísticas de acesso à escola, a partir da suspensão das atividades presenciais, o que se viu foi que nenhuma das propostas efetuadas para evitar o “fracasso escolar” da maioria das crianças brasileiras considerou as desigualdades raciais e sociais, nem mesmo sob quais condições de moradia, de acesso à equipamentos e se elas se encontravam em espaços minimamente adequados. O desastre educacional que as estatísticas de acesso à escola demonstram, neste período, é que a realidade concreta vivenciada pelo público atendido pela escola não foi considerada de modo a prover, de fato, as condições de acesso e permanência.

Biografia do Autor

  • Ana Paula BLENGINI, Instituto Federal Fluminense

    Docente do Instituto Federal Fluminense (IFF), Campus Campos Centro. Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Brasil.

  • Fabiana de Cássia RODRIGUES, Universidade Estadual de Campinas UNICAMP/ SP

    Docente da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Campinas, São Paulo, Brasil.

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Publicado

2021-12-22

Edição

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