CATÁLISE PARA MUDANÇA SOCIAL QUALITATIVA OU EFEITO DESCIVILIZADOR? O ESTATUTO DOS MOVIMENTOS ESTUDANTIL E EXTRAPARLAMENTAR EM HERBERT MARCUSE E NORBERT ELIAS

Autores/as

  • Anderson Alves Esteves Professor do IFSP/Campus Itaquaquecetuba e Pós-Doutorando em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP)

DOI:

https://doi.org/10.36311/1984-8900.2019.v11.n28.03.p15

Palabras clave:

Herbert Marcuse, Norbert Elias, Movimento estudantil, Civilização

Resumen

Análise do estatuto do movimento estudantil de acordo com Herbert Marcuse e Norbert Elias: estudantes engajados, em países centrais do capitalismo, empreenderam movimentos, durante a segunda metade do século XX, caracterizados por oposição à ordem estabelecida e desejo de transformá-la. O presente artigo aborda o tratamento que os dois autores dispensaram à questão e interroga os alcances e limites de seus diagnósticos: para o primeiro pensador, o apanágio do ativismo estudantil está na catalisação, aglutinação e mobilização de agentes da mudança social qualitativa mediante a práxis revolucionária; na Teoria Crítica do filósofo frankfurtiano, há juízo afirmativo em relação aos movimentos e negativo em relação ao status quo. Para o segundo, a característica dos movimentos extraparlamentares é pensada como parte de um surto descivilizatório que frearia, por algum tempo, o movimento de longo prazo, peculiar ao Ocidente moderno, que transforma a coerção externa em interna e edifica uma estrutura de personalidade civilizada; na Sociologia de processos do autor, há juízo negativo em relação a movimentos extraparlamentares.

Referencias

ELIAS, N. O processo civilizador volume I: uma história dos costumes. 2° ed. Trad: Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2011.

______. O processo civilizador volume 2: formação do Estado e Civilização. Trad: Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.

______. A sociedade de corte: investigação sobre a sociologia da realeza e da aristocracia de corte. Trad: Pedro Süssekind. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

______. A sociedade dos indivíduos. Trad: Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.

______. Os alemães: a luta pelo poder e a evolução do habitus nos séculos XIX e XX. Trad: Alvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.

_____. Introdução à sociologia. 3° ed. Trad: M. L. R. Ferreira. Lisboa: Edições 70, 2014.

______. Escritos & ensaios 1: Estado, processo, opinião pública. Trad: Sérgio Benevides, Antiono Carlos dos Santos, João Carlos Pijnappel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.

______. Envolvimento e alienação. Trad: Alvaro de Sá. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998a.

______. A condição humana. Trad: Manuel Loureiro, Lisboa. Rio de Janeiro: Difel, Bertrand Brasil, 1991.

______. A solidão dos moribundos. Trad: Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

______. Sobre o tempo. Trad: Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. ELIAS, N.; SCOTSON, L. Os estabelecidos e os outsiders: Sociologia das relações de poder de uma pequena comunidade. Trad. de V. Ribeiro, Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

ELIAS, N.; DUNNING, E. A busca da excitação. Trad: M. M. A. e Silva. Lisboa: Difel, 1992.

ESTEVES, A. A. Do socialismo científico ao socialismo utópico: o projeto emancipatório de Herbert Marcuse – Política e Estética nas décadas de 1960 e 1970. Tese de doutorado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2017.

_____. “Marcuse: a tecnologia como forma de controle social” In: SGANZERLA, A.; VALVERDE, A.; FALABRETTI, E (Orgs.). O pensamento político em movimento vol. 2. Curitiba: PUCPress, 2018.

ESTEVES, A. A.; VALVERDE, A. J. R. Educação e emancipação em Adorno e Marcuse. Cognitio-Estudos vol. 13, n° 2, 2016.

FREITAG, B. A Teoria Crítica ontem e hoje. São Paulo: Brasiliense, 1986.

HEINICH, N. A Sociologia de Norbert Elias. Trad: V. Ribeiro. Bauru: EDUSC, 2001.

JAY, M. The Dialectical Imagination: a History of the Frankfurt School and the Institute of Social Research, 1923-1950. Berkeley. Los Angeles, London: University of California Press, 1996.

KELLNER, D. Herbert Marcuse and the crisis of Marxism. Berkeley; Los Angeles: University of California Press, 1984.

LIMA, B. D. T. C.; SANTOS, E. A. C. Em rota de colisão: Adorno, Marcuse e os movimentos estudantis. Ideias, vol. 7, n°2, 2016, pp. 37-58.

LOUREIRO, I. [Org]. “As últimas cartas” In: MARCUSE, H. Herbert Marcuse: a grande recusa hoje. Trad: I. Loureiro e R. de Oliveira. Petrópolis: Vozes, 1999.

LUKÁCS,G. História e consciência de classe: estudos sobre a dialética marxista. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

MARCUSE, H. Cultura e Sociedade vol. 1. Trad: Wolfgang Leo Maar, Isabel Maria Loureiro e Robespierre de Oliveira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

______. Cultura e Sociedade vol. 2. Trad: Wolfgang Leo Maar, Isabel Maria Loureiro e Robespierre de Oliveira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.

______. Tecnologia, guerra e fascismo. Trad: M. C. V. Borba. São Paulo: UNESP, 1999a.

______. Razão e Revolução: Hegel e o Advento da Teoria Social. 2° ed. Trad: Marília Barroso. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

______. Eros e Civilização: uma interpretação filosófica do pensamento de Freud. 7° ed. Trad: Á. Cabral. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978b.

______. Marxismo soviético: uma análise crítica. Trad: Carlos Weber. Rio de Janeiro: Saga, 1969.

______. O homem unidimensional: estudos da ideologia da sociedade industrial avançada. Trad: Robespierre de Oliveira, Deborah C. Antunes e Rafael C. Silva. São Paulo: EDIPRO, 2015.

______. O fim da utopia. Trad: Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1969b.

______. An essay on liberation. Boston: Beacon Press, 1969c.

______. Actuels. Trad: Jean-Marie Menière. Paris: Galilée, 1976.

______. A Grande Recusa Hoje. Trad: Isabel Loureiro e Robespierre de Oliveira. Petrópolis: Editora Vozes, 1999b.

______. Five Lectures: Psychoanalysis, Politics, and Utopia. 2° printing. Trad: Jeremy J. Shapiro e Shierry M. Weber. Boston: Beacon, 1970.

______. Contra-revolução e revolta. Trad: Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.

______. “Lecture on education, Brooklyn College, 1968”; “Lecture on higher education and politics, Berkeley, 1975” In: KELLNER, D.; LEWIS, T.; PIERCE, C.; CHO, K. D. Marcuse’s challenge to education. Lanham [USA]: Rowman & Littlefield, 2009.

______. La sociedad carnívora. Trad: Miguel Grinberg. Buenos Aires: Godot, 2011.

MARCUSE, H.; NEUMANN, F. “Uma história da doutrina da mudança social”; “Teorias da mudança social” In: MARCUSE, H. Tecnologia, guerra e fascismo. Trad: M. C. V. Borba. São Paulo: UNESP, 1999.

MUSSE, R. A dialética como discurso do método. Tempo Social. São Paulo: USP, vol 17, nº 1, 2005.

NEIBURG, F. “O naciocentrismo das Ciências Sociais e as formas de conceituar a violência política e os processos de politização da vida social” In: WAIZBORT, L. [org.] Dossiê Norbert Elias. São Paulo: Edusp, 1999.

PONTES, H. “Elias, renovador da ciência social” In: WAIZBORT, L. [org.] Dossiê Norbert Elias. São Paulo: Edusp, 1999.

RIBEIRO, R. J. “Apresentação a Norbert Elias” In: ELIAS, N. O processo civilizador volume I: uma história dos costumes. 2° ed. Trad: Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2011.

VAZ, A. F. Adorno por Elias, para além de Elias: questões para uma Teoria Crítica do presente. Disponível em: http://cdsa.aacademica.org/000-038/762. Acesso em 26-06-2018.

WIGGERSHAUS, R. A Escola de Frankfurt: história, desenvolvimento teórico, significação política. 2° ed. Trad: Lilyane Deroche-Gurgel e Vera de Azambuja Harvey. Rio de Janeiro: Difel, 2006.

Publicado

2019-08-03

Número

Sección

Artigos