ANTIMONUMENTO E TESTEMUNHO: DISPOSITIVOS ESTÉTICO-POLÍTICOS CONTRA A SATURAÇÃO DA MEMÓRIA
DOI:
https://doi.org/10.36311/1984-8900.2022.v14n36.p418-443Palavras-chave:
Saturação da memória, Nostalgia, Simulação, Escritas da memória, Antimonumento, TestemunhoResumo
A partir da leitura de autores como Andreas Huyssen, Régine Robin e Tzvetan Todorov, ressaltamos alguns dos problemas que cercam a saturação da memória na cultura contemporânea, um quadro de afeição fetichista pelo passado que converte a memória em uma das formas de expressão da amnésia social. Interessa-nos sobretudo analisar o trabalho empreendido por artistas que parecem reagir a este cenário propondo outras maneiras e processos de articular historicamente o passado. Trata-se de memórias críticas que reveem o passado – não enquanto objeto perdido, isto é, objeto da nostalgia pós-moderna –, mas que trabalham na chave da “perlaboração” do recalcado, de um lembrar ativo no cruzamento entre esquecimento e memória. No entanto, como nosso objetivo não é exatamente compor um inventário desses trabalhos, pois incorreríamos no risco da parcialidade e da imprecisão, nos contentaremos apenas em apresentar sucintamente o trabalho do casal Jochen e Esther Gerz e da artista colombiana Doris Salcedo. No primeiro caso, examinaremos a noção de antimonumento e de escritas da memória presente nas obras dos Gerz. Quanto a Salcedo, destacaremos o estatuto do testemunho na transmissão das histórias coletadas e incorporadas ao seu trabalho. Enfim, em oposição à saturação da memória, pensar o que seria uma memória crítica e quais as suas formas de aparição é o nosso principal objetivo.
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