A sala de recepção do ambiente socioeducativo de regime fechado na perspectiva da psicologia ambiental

Autores

  • Maria Eniana Araújo Gomes Pacheco
  • Karla Patrícia Martins Ferreira
  • José Airton Nascimento Diógenes Baquit

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.v30.9971

Palavras-chave:

Adolescente, Ambiente socioeducacional, Psicologia ambiental, Vestígios-ambientais, Sala de recepção, Territorialidade

Resumo

Introdução: A sala de recepção visa atendimento técnico, psicossocial e médico, durante a chegada do adolescente no ambiente Socioeducativo de regime fechado, após sentença. Esse ambiente, guiado pelo Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, deve assumir uma política integrada com ações conjuntas de responsabilização, educação, saúde e assistência social, no contexto do desenvolvimento humano das medidas socioeducativas.

Objetivo: Descrever os vestígios ambientais deixados pelos adolescentes, durante pós-ocupação na sala de recepção, dos Centros Socioeducacionais de internação, no Estado do Ceará.

Método: A investigação deteve-se à sala de recepção durante pós-ocupação, através da abordagem descritivo-qualitativa, com corte transversal. Os dados foram coletados pela observação sistemática com utilização do diário de campo e discussão direcionada pela análise de conteúdo.

Resultados: Os vestígios ambientais se associaram às experiências anteriores e atuais dos adolescentes, através das práticas de apropriação do espaço, na sala de recepção do Centro Socioeducacional, configurada enquanto um lugar de permanência, movimento ou passagem em constante articulação com os fatores sociais, culturais, econômicos, políticos, históricos e psicológicos.

Conclusão: A sala de recepção das medidas socioeducativas, no Estado do Ceará, enquanto um espaço de longa permanência para o atendimento psicossocial e médico, viola os direitos básicos da atenção integral aos adolescentes. Essa realidade, aponta indicativo de vulnerabilidade dos adolescentes ao serem expostos às estruturas físicas insalubres, e tenciona para a necessidade de estudos que aprofundem as discussões  na perspectiva da inter-relação pessoa-ambiente.

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Publicado

2020-03-27

Edição

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