A sala de recepção do ambiente socioeducativo de regime fechado na perspectiva da psicologia ambiental
DOI:
https://doi.org/10.7322/jhgd.v30.9971Palavras-chave:
Adolescente, Ambiente socioeducacional, Psicologia ambiental, Vestígios-ambientais, Sala de recepção, TerritorialidadeResumo
Introdução: A sala de recepção visa atendimento técnico, psicossocial e médico, durante a chegada do adolescente no ambiente Socioeducativo de regime fechado, após sentença. Esse ambiente, guiado pelo Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, deve assumir uma política integrada com ações conjuntas de responsabilização, educação, saúde e assistência social, no contexto do desenvolvimento humano das medidas socioeducativas.
Objetivo: Descrever os vestígios ambientais deixados pelos adolescentes, durante pós-ocupação na sala de recepção, dos Centros Socioeducacionais de internação, no Estado do Ceará.
Método: A investigação deteve-se à sala de recepção durante pós-ocupação, através da abordagem descritivo-qualitativa, com corte transversal. Os dados foram coletados pela observação sistemática com utilização do diário de campo e discussão direcionada pela análise de conteúdo.
Resultados: Os vestígios ambientais se associaram às experiências anteriores e atuais dos adolescentes, através das práticas de apropriação do espaço, na sala de recepção do Centro Socioeducacional, configurada enquanto um lugar de permanência, movimento ou passagem em constante articulação com os fatores sociais, culturais, econômicos, políticos, históricos e psicológicos.
Conclusão: A sala de recepção das medidas socioeducativas, no Estado do Ceará, enquanto um espaço de longa permanência para o atendimento psicossocial e médico, viola os direitos básicos da atenção integral aos adolescentes. Essa realidade, aponta indicativo de vulnerabilidade dos adolescentes ao serem expostos às estruturas físicas insalubres, e tenciona para a necessidade de estudos que aprofundem as discussões na perspectiva da inter-relação pessoa-ambiente.
Referências
2. Brasil. Presidência da República. Casa Civil Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da criança e do adolescente. São Paulo: Atlas, 2000.
3. Estevam ID, Coutinho MPL, Araújo LF. Os desafios da prática socioeducativa de privação de liberdade em adolescentes em conflito com a lei: ressocialização ou exclusão social? Psico. 2009;40(1):64-72.
4. Paraná. Instituto de Ação Social do Paraná. Gestão de Centro de Socioeducação. Curitiba: Cadernos do IASP, 2006.
5. Zangirolami-Raimundo J, Echeimberg, JO, Leone C. Tópicos de metodologia de pesquisa: Estudos de corte transversal. J Hum Growth Dev. 2018;28(3):356-60. DOI: http://doi.org/10.7322/jhgd.152198
6. Pinheiro JQ, Elali GA, Fernandes, OS. Observando a Interação Pessoa-Ambiente: Vestígios Ambientais e Mapeamento Comportamental. In: Pinheiro JQ, Günther H. Métodos de Pesquisa nos Estudos Pessoa-Ambiente. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008; p. 75-104.
7. Günther H, Guzzo RSL, Pinheiro, JQ. Psicologia Ambiental: entendendo as relações do homem com seu ambiente. Campinas: Alínea, 2004; p -7.
8. Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Editora Edições 70, 2011.
9. Bonfim ZAC. Cidade e Afetividade: Estima e Construção dos Mapas Afetivos de Barcelona e São Paulo. Tese (Doutorado) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo: 2003; p. 85.
10. Campos-de-Carvalho MI, Cavalcante S, Nóbrega LMA. Ambiente. In: Cavalcante S, Elali G. Temas básicos em psicologia ambiental. Petrópolis: Vozes, 2011; p. 28-43.
11. Pol E. La Apropriación del Espacio. In: Íñiguez L, Pol E. Cognición, representación y Apropriación del Espacio. Monografies (Sócio/ambientais) - Universitat Barcelona. Barcelona: 1996.
12. Gonçalves TM. Cidade e poética: um estudo de psicologia ambiental sobre o ambiente urbano. Ijuí: Unijuí; 2007.