Fractalidade e comportamento caótico da variabilidade da frequência cardíaca como preditores de hipotensão após raquianestesia: protocolo de ensaio clínico randomizado

Autores

  • Hermes Melo Teixeira Batista Laboratório de Delineamento e Escrita Científica, Centro Universitário Saúde ABC – Santo André (SP), /Departmento de Anestesiologia, Hospital Universitário Júlio Bandeira (HUJB) – Cajazeiras (PB), /Faculdade de Medicina Estácio de Juazeiro do Norte (Estácio FMJ) – Juazeiro do Norte (CE)
  • Gylmara Bezerra de Menezes Silveira Hospital Regional do Cariri (ISGH) – Juazeiro do Norte (CE)
  • Marcelo Ferraz Campos Laboratório de Delineamento e Escrita Científica, Centro Universitário Saúde ABC – Santo André (SP)
  • Juliana Spat Carlesso Laboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica. Centro Universitário Saúde ABC. Santo André. São Paulo
  • Vítor Engracia Valenti Departmento de Terapia da Fala e Audiologia, Faculdade de Filosofia e Ciências (UNESP) – Marília (SP)
  • Rodrigo Daminello Raimundo Laboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica. Centro Universitário Saúde ABC. Santo André. São Paulo
  • Andrés Ricardo Pérez Riera Laboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica. Centro Universitário Saúde ABC. Santo André. São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.v29.9433

Palavras-chave:

anestesia espinhal, Sistema Nervoso Autônomo, frequência cardíaca, sala de recuperação pós anestésico, bloqueio simpático, hipotensão

Resumo

Introdução: Todas as drogas e técnicas que induzem o estado anestésico atuam de alguma forma no SNA. A administração de anestésicos locais no espaço subaracnóideo produz bloqueio motor, sensitivo e simpático, com latências e níveis de bloqueio variáveis e independentes. O bloqueio motor é o primeiro a ser instalado, seguido pelo simpático e sensitivo. O bloqueio simpático afeta de 2 a 6 dermátomos acima do bloqueio sensitivo. A recuperação da raquianestesia é avaliada através de uma escala definida em 1979 por Bromage e baseia-se exclusivamente no retorno da função motora e não leva em conta a recuperação da atividade da SNA. A persistência do bloqueio simpático pode implicar em maior incidência de retenção urinária, bradicardia e hipotensão. Objetivo: Caracterizar a variabilidade da frequência cardíaca durante anestesia subaracnóidea por meio de métodos lineares no domínio da frequência e métodos não lineares no domínio caos e definir a duração do bloqueio autonômico em raquianestesia através desses parâmetros, bem como identificar índices de variabilidade da frequência cardíaca (VFC) que podem ser usados como preditores de hipotensão perioperatória. Método: Um ensaio clínico randomizado, duplo-cego será realizado em um hospital de grande porte localizado na região sul do Ceará, no Brasil, e no HUJB em Cajazeiras, na Paraíba. Sessenta pacientes do ambulatório de anestesia serão incluídos. Os pacientes serão divididos em dois grupos: um grupo receberá Bupivacaína com clonidina e o outro grupo receberá apenas bupivacaína na dose de 15 mg. A amostra será composta por 60 pacientes ASA I a III, a serem submetidos a cirurgia ortopédica de membros inferiores e abdome inferior sob raquianestesia. A Variabilidade da Frequência Cardíaca será avaliada em três momentos: repouso, antes da anestesia; 20 min após a instalação do bloqueio, e no momento da recuperação da função motora, de acordo com os critérios de Bromage. Será avaliada a incidência de hipotensão perioperatória nos dois grupos. Métodos lineares serão utilizados no domínio da freqüência e não-lineares no domínio do caos: plot de Poincaré, entropia aproximada, Análise de Flutuação Destendenciada (DFA) e Dimensão de Correlação. Os dados serão recolhidos através de um cardiofrequencímetro Polar V800® e devidamente submetidos para análise e filtragem pelo software Kubios 3.0®.  Discussão: Na literatura encontramos dados avaliando a instalação do bloqueio simpático através da VFC utilizando métodos lineares, no entanto, faltam estudos utilizando métodos baseados no domínio do caos. Alguns estudos abordam o valor da VFC como um preditor de hipotensão após a anestesia subaracnóidea, principalmente usando métodos lineares no domínio da frequência. Entende-se ser importante analisar esses fatores utilizando métodos já validados no domínio do caos, complexidade e fractalidade, mais compatíveis com a complexidade do comportamento dos sistemas biológicos, na caracterização da função autonômica durante a anestesia subaracnóidea. Registro: O ensaio clínico foi registrado no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC) sob o número RBR-4Q53D6.

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Publicado

2019-11-05

Edição

Seção

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