Qualidade do pré-natal e condições clínicas dos neonatos expostos à sífilis

Autores

  • Déboranh de Oliveira Togneri Pastro Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde na Amazônia Ocidental – Universidade Federal do Acre (UFAC) /Secretaria de Estado de Saúde do Acre (SESACRE), Governo do Estado do Acre
  • Bruna Pereira Farias Curso de Graduação em Medicina – Universidade Federal do Acre (UFAC)
  • Otávio Augusto Gurgel Garcia Curso de Graduação em Medicina – Universidade Federal do Acre (UFAC)
  • Bianca da Silva Gambichler Curso de Graduação em Medicina – Universidade Federal do Acre (UFAC)
  • Dionatas Ulises de Oliveira Meneguetti Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde na Amazônia Ocidental – Universidade Federal do Acre (UFAC)
  • Rita do Socorro Uchôa da Silva Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde na Amazônia Ocidental – Universidade Federal do Acre (UFAC) /Secretaria de Estado de Saúde do Acre (SESACRE), Governo do Estado do Acre

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.v29.9429

Palavras-chave:

pré-natal, neonato, sífilis na gestação, sífilis congênita

Resumo

Introdução: A sífilis é uma doença sexualmente transmissível causada pelo Treponema pallidum, e resulta em morbidade e mortalidade consideráveis. A sífilis congênita pode cursar com aborto, prematuridade, deformidades ósseas, perda auditiva e outas alterações clínicas importantes. Objetivo: Analisar a qualidade do pré-natal e as condições clínicas dos neonatos expostos à sífilis em uma maternidade pública de Rio Branco - Acre. Método: Trata-se de estudo transversal e que incluiu 92 puérperas com diagnóstico de sífilis na gestação, atendidas no período de julho a dezembro de 2017. Duas gestantes tiveram óbito fetal, sendo que a amostra final foi constituída de 90 recém-nascidos expostos à sífilis. Utilizou-se de entrevista com a puérpera, análise do cartão da gestante e busca de informações junto aos prontuários da gestante e recém- nascidos. Considerou-se caso confirmado de sífilis em gestante: a) Toda grávida que apresentou teste não treponêmico reagente com qualquer titulação e teste treponêmico reagente realizados durante o pré-natal; b) Gestante com teste treponêmico reagente e teste não treponêmico não reagente ou não realizado, sem registro de tratamento prévio. Para caracterização da sífilis congênita considerou-se: a) recém-nascido cuja mãe não foi diagnosticada com sífilis durante a gestação e que, apresentou teste não treponêmico reagente com qualquer titulação no momento do parto; b) criança cuja mãe não foi diagnosticada com sífilis durante a gestação e apresentou teste não treponêmico reagente no momento do parto; c) recém-nascidos cuja mãe apresentou teste treponêmico reagente e teste não treponêmico não reagente no momento do parto, sem registro de tratamento prévio. Resultados: A maioria dos recém-nascidos nasceu de parto normal (65.5%), sendo que 17,8% apresentaram sofrimento fetal agudo e 11,2% necessitaram de manobras de reanimação. A prematuridade ocorreu em 10% dos nascimentos e 12,2% deles eram pequenos para idade gestacional. O pré-natal completo foi realizado por 29,5% das puérperas, seguindo as recomendações do Ministério da Saúde de sete visitas à Unidade de Saúde e ou Profissional de Saúde. Das 90 gestantes, 79 apresentaram teste treponêmico reagente quando admitidas na maternidade, sendo que 29,3% delas realizaram o tratamento de forma adequada. Na análise acerca do tratamento do parceiro sexual, relatou-se que 58% não aderiram ao tratamento da sífilis. Conclusão: A qualidade do pré-natal das gestantes com sífilis foi inferior ao recomendado pelo Ministério da Saúde do Brasil, embora haja poucos casos de sífilis como desfecho primário nos recémnascidos oriundos de parto com mães diagnosticas com sífilis.

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Publicado

2019-11-05

Edição

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