Glaucoma e envelhecimento: dificuldades terapêuticas vivenciadas por idosos

Autores

  • Maria Clara Palitot Galdino a Médica Oftalmologista - Mestra Profissional em Saúde da Família pela Faculdade de Medicina Nova Esperança – FAMENE
  • Elizabeth Maria Palitot Galdino bMédica - Residente em Oftalmologia na Faculdade de Medicina Nova Esperança – FAMENE
  • Débora Raquel Soares Guedes Trigueiro c Doutora em enfermagem - Docente da graduação em enfermagem e Mestrado Profissional em Saúde da Família na Faculdade de Enfermagem Nova Esperança-FACENE - Coordenadora do Mestrado Profissional em Saúde da Família da FACENE
  • Carla Christina de Lima Pereira Bezerra Cavalcanti d Médica Oftalmologista. Doutora em Pesquisa em Cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Médica Preceptora da residência médica em Oftalmologia da UFPB
  • Kerle Dayana Tavares de Lucena e Professora Doutora da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas
  • Suellen Duarte de Oliveira Matos f Enfermeira - Doutora em enfermagem. Pós-graduada em acupuntura. Docente da graduação em enfermagem e do Mestrado Profissional em Saúde da Família da Faculdade de Enfermagem Nova Esperança – FACENE

DOI:

https://doi.org/10.36311/jhgd.v33.14189

Palavras-chave:

Glaucoma, atenção básica de saúde, idoso

Resumo

Introdução: dentre as doenças crônico-degenerativas visuais, o glaucoma constitui um problema de saúde pública por sua alta incidência e incapacidade. Assim, o Programa de Assistência ao Portador de Glaucoma foi criado para melhorar o acompanhamento e evitar prognósticos sombrios.

Objetivos: objetivo é analisar as dificuldades dos idosos no uso do colírio para tratamento do glaucoma.

Método: pesquisa exploratória em população composta por pacientes de terceira idade com glaucoma, atendidos na Unidade Integrada do Ipiranga vinculada à Atenção Primária do Distrito III (João Pessoa-PB). O tamanho da amostra foi de 61 participantes, um questionário foi o instrumento para a coleta de dados.

Resultados: na caracterização da amostra 38 (62,3%) eram do sexo feminino, 53 (87%) recebem de 1 a 2 salários mínimos e 23 (37,7%) estudaram só até o primário. Quanto à administração, 37(60,7%) não têm problemas para lembrar se já usaram o colírio, 39 (63,9%) não sentem dificuldade ao usá-lo e 34 (55,7%) não conseguem acompanhar seu uso na assistência básica. Discussão: A maioria revelou-se feminina, de baixa renda e desacompanhada da assistência básica neste quesito. Uma parcela significativa também se mostrou de baixa escolaridade. Contudo, apesar das limitações, a predominância revelou cumprir a terapêutica.

Conclusão: Após aplicação do questionário foram detectados empecilhos próprios à adesão medicamentosa nos idosos. A falta de acompanhamento na atenção básica só acrescenta mais um desafio, por isso a educação do público possibilitaria menores taxas de abandono e melhores prognósticos.

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Publicado

2023-03-23

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