Mortalidade atribuível às doenças cardiovasculares em adultos jovens residentes no Brasil

Autores

  • Silmara Lira Ribeiro Laboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica, Centro Universitário FMABC, Santo André, SP, Brasil
  • Hugo Macedo Ferraz e Souza Júnior aLaboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica, Centro Universitário FMABC, Santo André, SP, Brasil; bDepartamento de Saúde da Coletividade, Centro Universitário FMABC, Santo André, SP, Brasil;
  • Fernando Adami aLaboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica, Centro Universitário FMABC, Santo André, SP, Brasil; bDepartamento de Saúde da Coletividade, Centro Universitário FMABC, Santo André, SP, Brasil;
  • Edigê Felipe de Sousa Santos Departamento de Epidemiologia. Faculdade de Saúde Pública. Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil;
  • Henrique de Moraes Bernal aLaboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica, Centro Universitário FMABC, Santo André, SP, Brasil;
  • Tassiane Cristina de Morais d Departamento de pós graduação, mestrado em Politicas Públicas e Desenvolvimento Local, Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, EMESCAM, Vitória, Espírito Santo, Brasil;
  • Fabiana Rosa Neves Smiderle d Departamento de pós graduação, mestrado em Politicas Públicas e Desenvolvimento Local, Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, EMESCAM, Vitória, Espírito Santo, Brasil
  • Renata Macedo Martins Pimentel aLaboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica, Centro Universitário FMABC, Santo André, SP, Brasil;
  • Daniel Paulino Venâncio dDepartamento de Morfologia e Fisiologia, Centro Universitário FMABC, Santo André, SP, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.36311/jhgd.v32.13328

Palavras-chave:

doenças cardiovasculares, epidemiologia, mortalidade, adulto jovem

Resumo

Introdução: doenças Cardiovasculares são as principais causas de morte no mundo. Apesar da redução da incidência e mortalidade por DCV no século XX, os valores permanecem elevados no século XXI. No Brasil, há lacuna de estudos populacionais que estimaram as taxas padronizadas de mortalidade por doenças cardiovasculares em adultos jovens.

Objetivo: avaliar a tendência da mortalidade por doenças cardiovasculares em adultos jovens, segundo sexo, faixa etária e regiões do Brasil.

Método: estudo de séries temporais com uso de dados secundários oficiais dos Sistemas de Informações sobre Mortalidade (SIM). Foram consideradas todas as mortes por doenças cardiovasculares (I00-I-99) em adultos jovens faixa etária 20-49 anos, residentes no Brasil, no período de 01 de janeiro de 2008 a 31 de dezembro de 2017. Os dados foram extraídos do Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Foi utilizado o modelo de regressão Prais-Winsten e calculada a Variação Percentual Anual (VPA). Todas as análises foram realizadas no software STATA 14.0.

Resultados: durante período 2008-2017, foram identificadas 294.232 mortes (8,7%) por doença cardiovascular em adultos jovens com idade entre 20-49 anos. Identificou-se a redução da mortalidade por DCV em todas as regiões do Brasil, exceto nos indivíduos de 20-24 anos, residentes na região Nordeste, a qual apresentou aumento (VPA: 2,45%) (p<0,05) 2013-2017. A maior variação da tendência de mortalidade ocorreu na região Sul (VPA: -25,2%). Enquanto a menor variação de tendência da mortalidade ocorreu na região Nordeste (VPA: -8,8%). O declínio anual foi menor no segundo quinquênio (2013-2017) em comparação ao primeiro (2008-2012). Além disso, o declínio foi mais acentuado entre as mulheres (VPA: -2,51%) (p<0,05) 2008-2012 e em adultos jovens com idade entre 40-44 anos (VPA: -2,91%) (p<0,05) 2008-2012. Ademais, a tendência de mortalidade por DCV se estabilizou a partir de 2013 no sexo masculino (p>0,05).

Conclusão: os resultados demonstram tendência decrescente da mortalidade por Doença Cardiovascular em adultos jovens no Brasil, entre 2008-2017. Conclui-se que existe desigualdade na tendência de mortalidade por DCV segundo sexo, faixa etária e regiões do Brasil.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

World Health Organization [homepage na Internet]. Cardiovascular disease. Avaliable from: https://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/cardiovascular-diseases-(cvds)

Ribeiro ALP, Duncan BB, Brant LCC, Lotufo PA, Moinho JG, Barreto SM. Saúde Cardiovascular no Brasil: Tendências e Perspectivas. Circulation. 2016; 133(4): 422-33. DOI: http://dx.doi.org/10.1161/circulationaha.114.008727

Andersson C, Vasan, R. Epidemiology of cardiovascular disease in young individuals. Nature Reviews. Cardiology. 2017; 15(4): 230-240. DOI: https://doi.org/10.1038/nrcardio.2017.154

Mansur AP, Favarato, D. Tendências da Taxa de Mortalidade por Doenças Cardiovasculares no Brasil, 1980-2012. Arquivo Brasileiro de Cardiologia. 2016; 107(1): 20-25. DOI: 10.5935/abc.20160077

Ministério da Saúde. Brasil. [homepage na Internet]. Painéis Saúde Brasil: mortalidade geral - causas de óbito. Avaliable from: http://svs.aids.gov.br/dantps/centrais-de-conteudos/paineis-de-monitoramento/saude-brasil/mortalidade-geral/

de Moraes Bernal H, de Abreu LC, Pinheiro Bezerra IM, Adami F, Takasu JM, Ji Young Suh JV, et. al. Incidência de hospitalização e mortalidade por acidente vascular cerebral em adultos jovens, residentes em regiões desenvolvidas do Brasil, 2008-2018. PLOS ONE. 2020; 15(11): e0242248. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0242248

Ministério da Saúde. Brasil. [homepage na Internet]. DATASUS: Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Acesso à Informação – Tabnet - Estatísticas Vitais.

Fox CS, Evans JC, Larson MG, Kannel WB, Levy D. Temporal trends in coronary heart disease mortality and sudden cardiac death from 1950 to 1999: the Framingham Heart Study. Circulation. 2004; 110(5): 522-7 DOI: 10.1161/01.CIR.0000136993.34344.41

Santos JD, Meira KC, Camacho AR, Salvador PTCO, Guimarães RM, Pierin ÂMG, et al. Mortalidade por infarto agudo do miocárdio no Brasil e suas regiões geográficas: análise do efeito da idade-período-coorte. Ciência & Saúde Coletiva. 2018; 23(5):1621-1634. DOI: 10.1590/1413-81232018235.16092016

Alves CG, Morais Neto OL. Tendência da mortalidade prematura por doenças crônicas não transmissíveis nas unidades federativas brasileiras. Ciência & Saúde Coletiva. 2015; 20(3): 641-654. DOI: 10.1590/1413-81232015203.15342014

Medeiros CR, Meneghel SN, Gerhardt TE. Inequalities in mortality from cardiovascular diseases in small municipalities. Ciência & Saúde Coletiva. 2012; 17(11): 2953-2962. DOI: 10.1590/s1413-81232012001100012

Ishitani LH, FrancoII GC; PerpétuoIII IHO; França E. Desigualdade social e mortalidade precoce por doenças cardiovasculares no Brasil. Revista da Saúde Pública. 2006; 40(4): 684-691. DOI: 10.1590/S0034-89102006000500019

Barquera S, Pedroza-Tobias A., Medina C. Cardiovascular diseases in mega-countries: the challenges of the nutrition, physical activity and epidemiologic transitions, and the double burden of disease. Current Opinion Lipidology. 2016; 27(4): 329-344. DOI: 10.1097/MOL.0000000000000320

Adami F, Figueiredo FW, Paiva LS; Sa TH, Santos EF, Martins BL, Valenti, VE, Abreu LC. Mortalidade e Incidência de Internações Hospitalares por AVC entre Brasileiros de 15 a 49 Anos entre 2008 e 2012. PLoS One. 2016; 11(6): e0152739. DOI: 10.1371/journal.pone.0152739

Lima KWS, Antunes JLF, Silva ZP. Percepção dos gestores sobre o uso de indicadores nos serviços de saúde. Saude Soc. 2015; 24(1): 61-71. DOI: 10.1590/S0104-12902015000100005

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [homepage na Internet]. Cidades e Estados. Avaliable from: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados

PNUD Brasil [homepage na Internet]. Relatório do Desenvolvimento Humano 2019. Avaliable from: https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/presscenter/articles/2019/pnud-apresenta-relatorio-de-desenvolvimento-humano-2019-com-dado.html

Barreto SM, Passos VMA, GIatti L Comportamento saudável entre adultos jovens no Brasil. Revista de Saúde Pública. 2009; 43 (2): 9-17. DOI: 10.1590/S0034-89102009000900003

Coelho Neto GC, Chioro A. Afinal, quantos Sistemas de Informação em Saúde de base nacional existem no Brasil? Cadernos de Saúde Pública. 2021; 37(7): e00182119. DOI: 10.1590/0102-311X00182119

Levy, S. Pense grande faça pequeno. Revista Brasileira de Epidemiologia. 2007; 10(1): 127-128. DOI: 10.1590/S1415-790X2007000100014

Benedetti MSG, Saraty SB, Martins AG, Miranda MJ, Abreu DMX. Estudo de avaliação do projeto de pesquisa de códigos garbage na região Norte do Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia. 2019; 22(3); e19006. DOI: 10.1590/1980-549720190006.supl.3

Laurenti R, Jorge MHPM, Lebrão ML, Gotlieb SLD, Almeida MF. Editorial Especial - Estatísticas Vitais: contando os nascimentos e as mortes. Rev Bras Epidemiol. 2005; 8(2): 108-10. DOI: 10.1590/S1415-790X2005000200002

Paes, NA. Qualidade das estatísticas de óbitos por causas desconhecidas dos Estados brasileiros. Revista de Saúde Pública. 2007; 41(3): 436-445. DOI: 10.1590/s0034-89102007000300016

Antunes JLFC, Alves MR. Uso da análise de séries temporais em estudos epidemiológicos. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2015; 24(3): 565-576. DOI: 10.5123/S1679-49742015000300024

Mansur AP, Favarato D. Mortalidade por Doenças Cardiovasculares em Mulheres e Homens nas cinco Regiões do Brasil, 1980-2012. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 2016; 107(2): 137-146. DOI: 10.5935/abc.20160102

Brant LCC, Nascimento BR, Passos VMA, Duncan BB, Bensenõr IJM, Malta DC, et al. Variações e diferenciais da mortalidade por doença cardiovascular no Brasil e em seus estados, em 1990 e 2015: estimativas do Estudo Carga Global de Doença. Revista Brasileira de Epidemiologia. 2017; 20(1): 116-128. DOI: 10.1590/1980-5497201700050010

Schmidt MI, Duncan BB, Silva GA, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM. Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and current challenges. Lancet. 2011; 377 (9781): 1949-1961. DOI: 10.1016/S0140-6736(11)60135-9

Barbaresko J, Rienks J, Nöthlings U. Lifestyle indices and cardiovascular disease risk: a meta-analysis. American Journal of Preventive Medicine. 2018; 55(4): 555-564. DOI: 10.1016/j.amepre.2018.04.046

Chung M, Tang AM, Fu Z, Wang DD, Newberry SJ. Calcium intake and cardiovascular disease risk: an updated systematic review and meta-analysis. Annals of internal medicine. 2016; 165(12): 856-866. DOI: 10.7326/M16-1165

Son JS, Choi S, Kim K, et al. Association of blood pressure classification in korean young adults according to the 2017 American College of Cardiology/American Heart Association Guidelines with subsequent cardiovascular disease events. JAMA. 2018; 320(17): 1783-1792. DOI: 10.1001/jama.2018.16501

Yusuf S, Joseph P, Rangarajan S, et al. Modifiable risk factors, cardiovascular disease, and mortality in 155 722 individuals from 21 high-income, middle-income, and low-income countries. (PURE): a prospective cohort study The Lancet. 2020; 395 (10226): 795-808. DOI: 10.1016/S0140-6736(19)32008-2

Rawshani A, Rawshani A, Franzén S, Sattar N, Eliasson B, Svensson AM, Zethelius B, Miftaraj M, McGuire DK, Rosengren A, Gudbjörnsdottir S. Risk factors, mortality, and cardiovascular outcomes in patients with type 2 diabetes. The New England Journal of Medicine. 2018; 379 (7): 633‐644. DOI: 10.1056/NEJMoa1800256

Flottorp S, Farah MG, Thürmer H, Johansen M, Fretheim A. Non-pharmacological interventions to reduce the risk for cardiovascular disease: a summary of systematic reviews. Oslo, Norway: Knowledge Centre for the Health Services at The Norwegian Institute of Public Health (NIPH). Report from Norwegian Knowledge Centre for the Health Services (NOKC) No. 19-2008

Abera SF, Gebru AA, Biesalski HK, Ejeta G, Wienke A, Scherbaum V, Kantelhardt EJ. Social determinants of adult mortality from non-communicable diseases in northern Ethiopia, 2009-2015: evidence from health and demographic surveillance site. PloS One. 2017; 12 (12): e0188968. DOI: 10.1371/journal.pone.0188968

Allen AM, Therneau TM, Larson JJ, Coward A, Somers VK, Kamath PS. Nonalcoholic fatty liver disease incidence and impact on metabolic burden and death: a 20 year-community study. Hepatology (Baltimore, Md.). 2018; 67 (5): 1726-1736. DOI: 10.1002/hep.29546

Townsend N, Kazakiewicz D, Lucy Wright F, Timmis A, Huculeci R, Torbica A, Gale CP, Achenbach S, Weidinger F, Vardas P. Epidemiology of cardiovascular disease in Europe. Nature Reviews Cardiology. 2022 Feb; 19 (2): 133-143. DOI: 10.1038/s41569-021-00607-3

Roth GA, Mensah GA, Johnson CO, Addolorato G, Ammirati E, Baddour LM, et al; GBD-NHLBI-JACC. Global Burden of Cardiovascular Diseases Writing Group. Global Burden of Cardiovascular Diseases and Risk Factors, 1990-2019: GBD 2019 Study. Journal of the American College Cardiology. 2020; 77 (15): 1958-1959. DOI: 10.1016/j.jacc.2020.11.010

Andrade MV, Coelho AQ, Xavier Neto M, Carvalho LR, Atun R, Castro MC. Brazil’s Family Health Strategy: factors associated with programme uptake and coverage expansion over 15 years (1998-2012). Health Policy and Planning. 2018; 33 (3): 368-380. DOI: 10.1093/heapol/czx189.

Manemann SM, Gerber Y, Bielinski SJ, Chamberlain AM, Margolis KL, Weston SA, Killian JM, Roger VL. Tendências recentes em mortes por doenças cardiovasculares: uma perspectiva específica do estado. BMC Saúde Pública. 1 de junho de 2021; 21(1):1031. DOI: 10.1186/s12889-021-11072-5. PMID: 34074276; PMCID: PMC8169395.

Wang T, Zhao Z, Yu X, Zeng T, Xu M, Xu Y, et al. Age-specific modifiable risk factor profiles for cardiovascular disease and all-cause mortality: a nationwide, population-based, prospective cohort study. The Lancet Regional Health - Western Pacific. 2021; 17: 100277. DOI: 10.1016/j.lanwpc.2021.100277.

Publicado

2022-10-31

Edição

Seção

ORIGINAL ARTICLES