Mortalidade atribuível às doenças cardiovasculares em adultos jovens residentes no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.36311/jhgd.v32.13328Palavras-chave:
doenças cardiovasculares, epidemiologia, mortalidade, adulto jovemResumo
Introdução: doenças Cardiovasculares são as principais causas de morte no mundo. Apesar da redução da incidência e mortalidade por DCV no século XX, os valores permanecem elevados no século XXI. No Brasil, há lacuna de estudos populacionais que estimaram as taxas padronizadas de mortalidade por doenças cardiovasculares em adultos jovens.
Objetivo: avaliar a tendência da mortalidade por doenças cardiovasculares em adultos jovens, segundo sexo, faixa etária e regiões do Brasil.
Método: estudo de séries temporais com uso de dados secundários oficiais dos Sistemas de Informações sobre Mortalidade (SIM). Foram consideradas todas as mortes por doenças cardiovasculares (I00-I-99) em adultos jovens faixa etária 20-49 anos, residentes no Brasil, no período de 01 de janeiro de 2008 a 31 de dezembro de 2017. Os dados foram extraídos do Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Foi utilizado o modelo de regressão Prais-Winsten e calculada a Variação Percentual Anual (VPA). Todas as análises foram realizadas no software STATA 14.0.
Resultados: durante período 2008-2017, foram identificadas 294.232 mortes (8,7%) por doença cardiovascular em adultos jovens com idade entre 20-49 anos. Identificou-se a redução da mortalidade por DCV em todas as regiões do Brasil, exceto nos indivíduos de 20-24 anos, residentes na região Nordeste, a qual apresentou aumento (VPA: 2,45%) (p<0,05) 2013-2017. A maior variação da tendência de mortalidade ocorreu na região Sul (VPA: -25,2%). Enquanto a menor variação de tendência da mortalidade ocorreu na região Nordeste (VPA: -8,8%). O declínio anual foi menor no segundo quinquênio (2013-2017) em comparação ao primeiro (2008-2012). Além disso, o declínio foi mais acentuado entre as mulheres (VPA: -2,51%) (p<0,05) 2008-2012 e em adultos jovens com idade entre 40-44 anos (VPA: -2,91%) (p<0,05) 2008-2012. Ademais, a tendência de mortalidade por DCV se estabilizou a partir de 2013 no sexo masculino (p>0,05).
Conclusão: os resultados demonstram tendência decrescente da mortalidade por Doença Cardiovascular em adultos jovens no Brasil, entre 2008-2017. Conclui-se que existe desigualdade na tendência de mortalidade por DCV segundo sexo, faixa etária e regiões do Brasil.
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