Endometriose profunda: achados clínicos e epidemiológicos de mulheres diagnosticadas segundo critérios do international deep endometriosis analysis group (IDEA)

Autores

  • Cicília Fraga Rocha Pontes Fernandez a Programa de Pós-Graduação em cirurgia, Universidade Federal de Pernambuco/Pesquisa e Extensão EBSERH, Recife-PE, Brasil bMedere, Medicina Diagnóstica Especializada, Recife (PE) Brasil.
  • Luciana Pardini Chamié c Departamento de diagnóstico por imagem, Fleury Medicina e Saúde, São Paulo (SP), Brasil. dDepartamento de diagnóstico por imagem, Chamié Imagem da Mulher, São Paulo (SP), Brasil.
  • Mauro Aguiar e Departamento de ginecologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE 50670-901, Brasil
  • Eduardo Just da Costa e Silva f Departamento de Radiologia, Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, Recife, PE, 50070-550, Brasil - Departamento de Radiologia, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE 50670-901, Brasil.
  • Debora Farias Batista Leite g Área Acadêmica de Ginecologia e Obstetrícia do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal de Pernambuco; Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil. h Universidade de Pernambuco, UPE, Recife, PE, Brasil
  • Simone Angélica Leite de Carvalho Silva h Universidade de Pernambuco, UPE, Recife, PE, Brasil
  • José Luiz Figueiredo i Departamento de Cirurgia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE 50670-901, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.36311/jhgd.v32.13312

Palavras-chave:

endometriose, epidemiologia, ultrassonografia, dismenorreia, dor pélvica, infertilidade

Resumo

Introdução: Endometriose ocorre quando o tecido semelhante ao endométrio acomete o peritônio, podendo infiltrar estruturas e órgãos como o intestino, o ureter, a bexiga ou a vagina e geralmente está acompanhado de processo inflamatório. Estima-se que a doença acometa 6 a 10% das mulheres em idade reprodutiva e mais de 50% das mulheres inférteis. Os dados clínicos e epidemiológicos das pacientes com EP disponíveis na literatura são provenientes de estudos cujas amostras foram selecionadas por cirurgia, portanto passíveis de vieses de seleção. A ultrassonografia pélvica endovaginal com preparo intestinal (USGTVP) tem valores de especificidade e sensibilidade elevados.

Objetivo: analisar o perfil clínico e epidemiológico das pacientes portadoras de EP diagnosticadas através da USGTVP.

Método: estudo transversal, que analisou 227 pacientes com diagnóstico ultrassonográfico de endometriose profunda.

Resultados: infertilidade acometeu 43,8% das mulheres. Sintomas álgicos considerados como moderado ou grave (escala visual analógica, EVA, >3) apresentaram respectivamente a seguinte prevalência e valores médios na escala de EVA: dismenorreia em 84,7% (6,9), dispareunia em 69,1%, (4,2) disquezia menstrual em 60,7% (4,3) e disúria menstrual em 35,7% das pacientes. Antecedente de múltiplas cirurgias ocorreu em 10,4 % e apenas 6,8 % das portadoras haviam realizado fisioterapia para assoalho pélvico.

Conclusão: a população portadora de EP apresentou alta prevalência de infertilidade e sintomas álgicos, achados que refletem o impacto social na qualidade de vida e no planejamento familiar dessas mulheres. A alta frequência de antecedentes de múltiplas abordagens cirúrgicas e a baixa incidência de antecedente de realização de fisioterapia pélvica na população com EP, contrariando as recomendações de tratamento ideal atualmente já estabelecidas, sinalizam a dificuldade de acesso das portadoras a centros especializados.

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Publicado

2022-06-23

Edição

Seção

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