Prevalência e fatores associados à síndrome metabólica em população vulnerável do norte do Brasil: um estudo transversal

Autores

  • Mayzza Campina Rodrigues Centro Universitário Saúde ABC
  • Erika Silva Maciel Universidade Federal do Tocantins UFT/TO, Miracema, Tocantins, TO 77650-000, Brazil
  • Fernando Rodrigues Peixoto Quaresma Universidade Federal do Tocantins UFT/TO, Miracema, Tocantins, TO 77650-000, Brazil
  • Luis Fernando Castagnino Sesti Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA, Palmas, TO 77019-900, Brazil
  • Laercio da Silva Paiva Laboratório de Epidemiologia e Análise de Dados do Centro Universitário FMABC, Santo André, São Paulo, Brazil
  • Hugo Macedo Junior Laboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica. Centro Universitário FMABC, Santo André, São Paulo, Brazil.
  • Francisco Albino de Araujo Laboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Cientifica – Centro Universitário FMABC, Santo André, São Paulo – Brasil.
  • Fernando Luiz Affonso Fonseca Centro Universitário FMABC, Santo André, Brasil.
  • Fernando Adami Laboratório de Epidemiologia e Análise de Dados do Centro Universitário FMABC, Santo André, São Paulo, Brazil

DOI:

https://doi.org/10.36311/jhgd.v31.11410

Palavras-chave:

obesidade, doença cardiovascular, estilo de vida, população vulnerável

Resumo

Introdução: A síndrome metabólica (SM) é um conjunto de desequilíbrios metabólicos que estão associados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 2 além de outras doenças crônicas não transmissíveis. A SM vem ganhando destaque na comunidade científica principalmente por sua ligação com o aumento da
epidemia de obesidade no mundo.

Objetivo: Analisar os fatores associados à síndrome metabólica e sua prevalência em população vulnerável da Região Norte do Brasil.

Método: Trata-se de um estudo transversal com pescadores artesanais do estado do Tocantins, e foram utilizados dados coletados entre 2016 e 2017. A variável desfecho para SM foi definida de acordo com os critérios da International Diabetes Federation. As seguintes variáveis foram avaliadas: informações socioeconômicas e demográficas, consumo de peixe e tabagismo. Para análise estatística e de dados, foram avaliados o teste de Shapiro – Wilk, regressão de Poisson, teste t de Student e regressão interquartil.

Resultados: A taxa geral de prevalência (RP) da SM foi 31,9% maior em mulheres do que em homens. Os fatores associados à SM foram classe econômica e tabagismo e houve associação entre classe socioeconômica e tabagismo (p = 0,015). O componente mais prevalente foi obesidade abdominal com uma taxa de 62,5% (intervalo de confiança de 95% [IC]: 54,5, 70,5). A prevalência de SM em termos de sexo (RP = 2,27, IC 95% 1,04, 4,92, p = 0,037), tabagismo (RP = 2,40, IC 95%, 30, p = 0,003) e anos de experiência profissional (> 10 RP = 2,07, IC 95% 1,06, 4,05, p = 0,033) também foi avaliado.

Conclusão: No presente estudo, a prevalência de SM esteve associada ao tabagismo e ao nível socioeconômico, sendo considerada elevada quando comparada a prevalência mundial. Esses achados assinalam a importância de um olhar das políticas públicas para que os serviços de saúde possam desenvolver ações que geram maior adesão as boas práticas de saúde pela população.

Biografia do Autor

  • Francisco Albino de Araujo, Laboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Cientifica – Centro Universitário FMABC, Santo André, São Paulo – Brasil.

    Doutorado (2021 em Andamento), Mestrado (2018), ambos na área de concentração Saúde Coletiva na (FMABC – SP, Brasil); Especializações em: Saúde indígena (UNIFESP, 2016, Brasil), Dermatologia (ISMD/UCMBH, 2010, Brasil), Doenças Tropicais ( UNB, 2006, Brasil); Graduações: Ciências Sociais com habilitação em sociologia (UFAC, 1996, Brasil), Medicina (UMRPSFX, 2003, Bolívia); Atualmente é supervisor do GES/PMMB – UNB/MEC/MS, Médico do APS – Secretaria Municipal de Saúde e Secretaria Estadual de Saúde, ambos em Cruzeiro do Sul, Acre, Brasil.

Referências

Relatório de status global sobre álcool e saúde 2018 [Internet]. [citado 1º de abril de 2021]. Disponível em: https://www.who.int/publications-detail-redirect/9789241565639

Saad MAN, Cardoso GP, Martins W de A, Velarde LGC, Cruz Filho RA da. Prevalence of metabolic syndrome in elderly and agreement among four diagnostic criteria. Arquivos Brasileiros de Cardiologia [Internet]. 2014 [citado 1º de abril de 2021]; Disponível em: http://www.gnresearch.org/doi/10.5935/abc.20140013

The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome. Obes metabol. 15 de setembro de 2005; 2(3): 47–9.

Barbosa IR, Gonçalves RCB, Santana RL. Mapa da vulnerabilidade social do município de Natal-RN em nível de setor censitário. J Hum Growth Dev. 6 de maio de 2019; 29(1): 48–56.

Freitas ICM de, Moraes SA de. O efeito da vulnerabilidade social sobre indicadores antropométricos de obesidade: resultados de estudo epidemiológico de base populacional. Rev bras epidemiol. junho de 2016; 19(2): 433–50.

Pena PGL, Gomez CM. Health of subsistence fishermen and challenges for Occupational Health Surveillance. Ciênc saúde coletiva. dezembro de 2014; 19(12): 4689–98.

Silva ELP da, Wanderley MB, Conserva M de S. Proteção social e território na pesca artesanal do litoral paraibano. Serv Soc Soc. março de 2014; (117): 169–88.

Faraco LFD, Filho JMA, Daw T, Lana P da C, Teixeira CF. Vulnerabilidade de pescadores no litoral sul do Brasil e sua relação com áreas marinhas protegidas em um cenário de declínio da pesca. Desenvolvimento e Meio Ambiente [Internet]. 31 de agosto de 2016 [citado 1º de abril de 2021]; 38(0). Disponível em: https://revistas.ufpr.br/made/article/view/45850

Barros MB de A, César CLG, Carandina L, Torre GD. Desigualdades sociais na prevalência de doenças crônicas no Brasil, PNAD-2003. Ciênc saúde coletiva. dezembro de 2006; 11(4): 911-26.

Zangirolami-Raimundo J, Echeimberg JDO, Leone C. Research methodology topics: Cross-sectional studies. J Hum Growth Dev. 28 de novembro de 2018; 28(3): 356–60.

Critério brasil - abep [Internet]. [citado 1º de abril de 2021]. Disponível em: http://www.abep.org/criterio-brasil

Maciel E da S, Vasconcelos JS, Silva LKS da, Sonati JG, Galvão J, Silva D da, et al. Designing and validating the methodology for the Internet assessment of fish consumption at a university setting. Food Sci Technol (Campinas). junho de 2014; 34(2): 315–23.

Abeso: Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica [Internet]. Abeso. [citado 1º de abril de 2021]. Disponível em: https://abeso.org.br/

Faludi A, Izar M, Saraiva J, Chacra A, Bianco H, Afiune Neto A, et al. Atualização da diretriz brasileira de dislipidemias e prevenção da aterosclerose - 2017. Arquivos Brasileiros de Cardiologia [Internet]. 2017 [citado 1º de abril de 2021]; 109(1). Disponível em: http://www.gnresearch.org/doi/10.5935/abc.20170121.

Malachias MVB, Bortolotto LA, Drager LF, Borelli F a. O, Lotaif L a. D, Martins LC, et al. 7th brazilian guideline of arterial hypertension: chapter 12 - secondary arterial hypertension. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. setembro de 2016; 107(3): 67–74.

de Carvalho Vidigal F, Bressan J, Babio N, Salas-Salvadó J. Prevalence of metabolic syndrome in Brazilian adults: a systematic review. BMC Public Health. dezembro de 2013; 13(1): 1198.

Andrew MK. Frailty and social vulnerability. Frailty in Aging. 2015; 41: 186–95.

Sun K, Liu J, Ning G. Active smoking and risk of metabolic syndrome: a meta-analysis of prospective studies. Barengo NC, organizador. PLoS ONE. 17 de outubro de 2012; 7(10): e47791.

Humphries MC, Gutin B, Barbeau P, Vemulapalli S, Allison J, Owens S. Relations of adiposity and effects of training on the left ventricle in obese youths: Medicine & Science in Sports & Exercise. setembro de 2002; 34(9): 1428–35.

Moore JX. Metabolic syndrome prevalence by race/ethnicity and sex in the united states, national health and nutrition examination survey, 1988–2012. Prev Chronic Dis [Internet]. 2017 [citado 1º de abril de 2021]; 14. Disponível em: https://www.cdc.gov/pcd/issues/2017/16_0287.htm

Moreira GC, Cipullo JP, Ciorlia LAS, Cesarino CB, Vilela-Martin JF. Prevalence of metabolic syndrome: association with risk factors and cardiovascular complications in an urban population. Barengo NC, organizador. PLoS ONE. 2 de setembro de 2014; 9(9): e105056.

Luisi C, Figueiredo FW dos S, Sousa LV de A, Quaresma FRP, Maciel E da S, Adami F. Prevalence of and factors associated with metabolic syndrome in afro-descendant communities in a situation of vulnerability in northern brazil: a cross-sectional study. Metabolic Syndrome and Related Disorders. maio de 2019; 17(4): 204–9.

Sousa LVDA, Maciel EDS, Quaresma FRP, Abreu ACG de, Paiva LDS, Fonseca FLA, et al. Quality of life and metabolic syndrome in brazilian quilombola communities: a crosssectional study. J Hum Growth Dev. 28 de novembro de 2018; 28(3): 316–28.

Sabir AA, Jimoh A, Iwuala SO, Isezuo SA, Bilbis LS, Aminu KU, et al. Metabolic syndrome in urban city of North-Western Nigeria: prevalence and determinants. The Pan African Medical Journal [Internet]. 27 de janeiro de 2016 [citado 1º de abril de 2021]; 23 (19). Disponível em: https://www.panafrican-med-journal.com/content/article/23/19/full

Gronner MF, Bosi PL, Carvalho AM, Casale G, Contrera D, Pereira MA, et al. Prevalence of metabolic syndrome and its association with educational inequalities among Brazilian adults: a population-based study. Braz J Med Biol Res. julho de 2011; 44(7): 713–9.

Rocha FL, Melo RLP de, Menezes TN de, Universidade Federal de Campina Grande, Brazil, Universidade Federal da Paraíba, Brazil, Universidade Estadual da Paraíba, Brazil. Factors associated with metabolic syndrome among the elderly in the northeast of Brazil. Rev bras geriatr gerontol. dezembro de 2016; 19(6): 978–86.

Misra A, Khurana L. Obesity and the metabolic syndrome in developing countries. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism. novembro de 2008; 93 (11_supplement_1): s9–30.

Sigdel M, Yadav BK, Gyawali P, Regmi P, Baral S, Regmi SR, et al. Non-high density lipoprotein cholesterol versus low density lipoprotein cholesterol as a discriminating factor for myocardial infarction. BMC Res Notes. dezembro de 2012; 5 (1): 640.

Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults. Executive summary of the third report of the national cholesterol education program (Ncep) expert panel on detection, evaluation, and treatment of high blood cholesterol in adults (Adult treatment panel iii). JAMA: The Journal of the American Medical Association. 16 de maio de 2001; 285(19): 2486–97.

Garg PR, Kabita S, Sinha E, Kalla L, Kaur L, Saraswathy KN. The association of non-HDL cholesterol with the presence of metabolic syndrome in North Indian subjects with and without CAD. Annals of Human Biology. janeiro de 2013; 40 (1): 111–5.

Publicado

2021-08-03

Edição

Seção

ORIGINAL ARTICLES