Comportamento de crianças e adolescentes em relação ao tempo de tela em Porto Velho, Amazônia Ocidental Brasileira

Autores

  • Edson dos Santos Farias Centro de Estudo e Pesquisa em Saúde Coletiva – CEPESCO, Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Porto Velho, RO. Brasil.
  • Wellington Roberto Gomes de Carvalho Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Faculdade de Educação Física e Fisioterapia, Uberlândia, MG. Brasil.
  • Francisco Naildo Cardoso Leitão Universidade Federal do Acre (UFAC), Departamento de Saúde Coletiva, Rio Branco, AC. Brasil.
  • Josivana Pontes dos Santos Centro de Estudo e Pesquisa em Saúde Coletiva – CEPESCO, Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Porto Velho, RO. Brasil.
  • Rafael Fonseca de Castro Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Departamento Acadêmico de Ciências da Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Porto Velho, RO, Brasil.
  • Orivaldo Florêncio de Souza Universidade Federal do Acre (UFAC), Departamento de Saúde Coletiva, Rio Branco, AC. Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.36311/jhgd.v31.11103

Palavras-chave:

criança, adolescente, tempo de tela, escola

Resumo

Introdução: Em estudos direcionados a crianças e adolescentes, o comportamento sedentário tem sido usualmente representado pela exposição aos comportamentos de tela, que compreendem as medidas (unificadas ou distintas) do tempo de televisão, videogame, tablets, aparelhos celulares e computador.

Objetivo: Investigar a prevalência e os fatores associados ao tempo de tela em crianças e adolescentes.

Método: Estudo transversal de base escolar, com 1471 escolares de 9 a 18 anos, sendo 51,3% do sexo masculino pertencentes às escolas públicas (55,6%) do ensino fundamental de Porto Velho, Rondônia. O tempo excessivo de tela foi definido como assistir televisão, usar o computador e jogar videogames por mais de duas horas diárias. Análise utilizada foi regressão de Poisson para obtenção das razões de prevalências brutas e ajustadas e seus respectivos IC95%.

Resultados: A prevalência geral de exposição de tempo de tela maior que duas horas diárias foi de 65,9%. Após ajustes, o risco à exposição de tempo de tela foi maior no sexo masculino RP = 1,51 (IC95%: 1,08 – 1,92), idade menor ou igual a 14 anos RP = 1,69 (IC95%: 1,48 – 1,92), graus de ensino 5ª ano RP=1,41 (IC95%: 1,02 – 1,89), 6ª ano RP=1,44 (IC95%: 1,06 – 1,97) e 7ª ano RP = 1,52 (IC95%: 1,09 – 2,13), frequentar as aulas de educação física menos ou igual a duas aulas semanais RP = 1,25 (IC95%:1,07 – 1,53), consumir refeições diárias mais de três por dia RP = 2,69 (IC95%:2,14 – 3,37) e ter excesso de gordura RP = 1,51 (IC95%: 1,13 – 2,03).

Conclusão: Os resultados mostraram que a exposição igual ou superior a duas horas de tela diária era alta. Os estudantes mais expostos a este desfecho tiveram as seguintes características: sexo masculino, idade menor ou igual a 14 anos, de quinta, sexta e sétima série do ensino fundamental, praticar aulas de educação física menor ou igual a duas horas semanais, consumir mais de três refeições diárias e estar com excesso de gordura corporal (G%).

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Publicado

2021-04-28

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