Narrativa escrita de escolares com e sem dificuldade de consciência sintática

Autores

  • Ana Claudia Constant Soares Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Ribeirão Preto (SP) - Brazil
  • Patrícia Aparecida Zuanetti Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP) - Ribeirão Preto (SP) – Brasil
  • Kelly da Silva Universidade Federal de Sergipe (UFS). Campus Profº Antônio Garcia Filho - Lagarto (SE) – Brasil.
  • Raphaela Barroso Guedes-Granzotti Universidade Federal de Sergipe (UFS) -São Cristóvão - São Cristóvão/SE (SE) – Brazil
  • Marisa Tomoe Hebihara Fukuda Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP). Ribeirão Preto (SP) - Brazil

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.v30.11082

Palavras-chave:

linguagem infantil, Transtornos do desenvolvimento da linguagem, narrativa, escrita manual, transtornos de aprendizagem, consciência sintática

Resumo

Introdução: A consciência sintática é uma habilidade metalinguística e é definida como a capacidade da criança em refletir sobre os processos formais relativos à organização
das palavras em frases e manipulá-los. Esta é uma habilidade ainda pouco explorada no contexto de aprendizagem escolar, sendo pouco descrito a sua importância no processo de aprendizagem escolar de crianças falantes do português.


Objetivo: Comparar a narrativa escrita entre crianças com e sem dificuldade em consciência sintática.


Método: Participaram 60 crianças (idade média 9,4 anos; DP: 0,9) matriculadas no 4º e 5º ano do ensino fundamental de uma escola municipal, divididas em dois grupos, de acordo com seu o desempenho na tarefa de consciência sintática – G1 (crianças com desempenho médio/elevado em consciência
sintática) e G2 (desempenho rebaixado). Após a avaliação da habilidade de consciência sintática, cada criança elaborou um texto narrativo escrito baseado em uma figura estímulo que foi analisado nos aspectos grafia, erros ortográficos, uso das
classes gramaticais e o conteúdo. Para comparação entre os grupos usou-se o teste T – student (α = 0,05).


Resultados: As crianças do G2 apresentaram grafia
alterada; maior ocorrência de erros ortográficos, sendo estes principalmente do tipo relação fonografêmica irregular; apoio na oralidade e dificuldade com marcadores de nasalização;
textos curtos com preferência do uso de substantivos e verbos, além de dificuldades com a estruturação do texto, uso de pontuação e vocabulário, enquanto que o G1 utilizou mais
verbos e pronomes no lugar dos substantivos.


Conclusão: Crianças que apresentam adequada habilidade de consciência sintática conseguiram elaborar narrativas escritas com maior competência, demonstrando aquisição de aspectos ortográficos e desenvolvimento da coerência textual.

Referências

Spinillo AG, Simões PO. Desenvolvimento da consciência metatextual em crianças: questões conceituais, metodológicas e resultados de pesquisas. Psicol Refl Crít. 2003;16(3):537-46. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722003000300012

Correa J. A avaliação da consciência morfossintática na criança. Psicol Refl Crít. 2005;18(1):91-7. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722005000100012

Cain K. Syntactic awareness and reading ability: is there any evidence for a special relationship? Appl. Psycholinguist. 2007;28(4):679-94. DOI: https://doi.org/10.1017/S0142716407070361

Capovilla AGS, Capovilla FC, Soares JVT. Consciência sintática no ensino fundamental: correlações com consciência fonológica, vocabulário, leitura e escrita. Rev Psico-USF. 2004;9(1):39-47.

Guimarães SRK, Paula FV. O papel da consciência morfossintática na aquisição e no aperfeiçoamento da leitura e da escrita. Educ Rev. 2010;(38):92-111. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-40602010000300007

Guimaraes SRK. The role of morphosyntactic awareness in conventional lexical segmentation. Paidéia. 2013;23(55):225-33. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1982-43272355201310

Hage SV, Azevedo NC, Nicolielo-Carrilho AP, Tabaquim MMDL. Syntactic awareness and text production in brazilian portuguese students with learning disabilities. Folia Phoniatr Logop. 2015;67:315-20. DOI: https://doi.org/10.1159/000444919

Tong X, Deacon SH, Cain K. Morphological and syntactic awareness in poor comprehenders: another piece of the puzzle. J Learn Disabil. 2013;47(1):22-33. DOI: http://dx.doi.org/10.1177/0022219413509971

Chung KK, Ho CS, Chan DW, Tsang SM, Lee SH. Contributions of syntactic awareness to reading in Chinese-speaking adolescent readers with and without dyslexia. Dyslexia. 2013;19(1):11-36. DOI: http://dx.doi.org/10.1002/dys.1448

Guan CQ, Ye F, Wagner RK, Meng W, Leong CK. Text comprehension mediates morphological awareness, syntactic processing, and working memory in predicting chinese written composition performance. J Educ Psychol. 2014;106(3):779-98. DOI: http://dx.doi.org/10.1037/a0035984

Tong X, Tong x, Shu H, Chan S, McBride-Chang C. Discourse-level reading comprehension in chinese children: what is the role of syntactic awareness? J Res Reading. 2014;37(1):S48-70. DOI: http://doi.org/10.1111/1467-9817.12016

Brimo D, Apel K, Fountain T. Examining the contributions of syntactic awareness and syntactic knowledge to reading comprehension. J Res Reading. 2017;40(1):57-74. DOI: http://doi.org/10.1111/1467-9817.12050

Deacon SH, Kieffer M. Understanding how syntactic awareness contributes to reading comprehension: evidence from mediation and longitudinal models. J Educ Psychol. 2017;110(1):72-86-15. DOI: http://doi.org/10.1037/edu0000198

Bizama M, Arancibia B, Sáez, K, Loubiès L. Conciencia sintáctica y comprensión de lectura en niñez vulnerable. Rev. Latinoam Cienc Soc. Niñez Juv. 2017;15(1):219-32. DOI: http://doi.org/10.11600/1692715x.1511323012015

Capovilla FC, Capovilla AGS. Prova de Consciência Sintática (PCS): normatizada e validade para avaliar a habilidade metassintática de escolares de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental. São Paulo: Memnom, 2006.

Rego LL, Buarque LL. Consciência sintática, consciência fonológica e aquisição de regras ortográficas. Psicol Refl Crít. 1997;10(2):199-217. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79721997000200003

Guimarães SRK. Influência da variação linguística e da consciência morfossintática no desempenho em leitura e escrita. Inter Psicol. 2005;9(2):261-71. DOI: http://dx.doi.org/10.5380/psi.v9i2.4795

Belinchón M, Igoa JM, Rivière A. Psicología del lenguaje. Investigación y teoría. Madrid: Trotta; 2000.

Costa ER, Boruchovitchb. As Estratégias de Aprendizagem e a Produção de Textos Narrativos. Psicol. Refl. Crít. 2009;22(2):173-80. DOI: http://doi.org/10.1590/S0102-79722009000200002

Zuanetti PA, Novaes CB, Silva K, Mishima-Nascimento F, Fukuda MTH. Main changes found in written narratives productions of children with reading/writing difficulties. Rev CEFAC. 2016;18(4):843-53. DOI: http://doi.org/10.1590/1982-021620161843116

Silva MEL, Spinillo AG. Uma análise comparativa da escrita de histórias pelos alunos de escolas públicas e particulares. Rev Bras Est Pedag. 1998;73(193):5-16.

Nobre FSS, Bandeira PFR, Valentini NC. Academic achievement associated with motor performance and sex in diifferents subcultures. J Hum Growth Dev. 2017; 27(2):213-18. DOI: http://doi.org/10.7322/jhgd.115027

Okuda PMM, Lourencetti MD, Santos LCA, Padula NAMR, Capellini SA. Coordenação motora fina de escolares com dislexia e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Rev CEFAC. 2011;13(5):876-85. DOI: http://doi.org/10.1590/S1516-18462011005000048

Miilher LP, Ávila CR. Variáveis linguísticas e de narrativas no distúrbio de linguagem oral e escrita. Pró-Fono. 2006;18(2):177-88. DOI: http://doi.org/10.1590/S0104-56872006000200007

Bigarelli JFP, Avila CRB. Habilidades ortográficas e de narrativa escrita no ensino fundamental: características e correlações. J Soc Bras Fonoaudiol. 2011;23(3):237-47. DOI: http://doi.org/10.1590/S2179-64912011000300009

Publicado

2020-10-15

Edição

Seção

ORIGINAL ARTICLES