Tendência das taxas de letalidade de covid-19 no mundo, entre 2019-2020

Autores

  • Henrique de Moraes Bernal Laboratório de Delineamento em Estudos e Escrita Científica, Centro Universitário Saúde ABC, André – SP – Brazil
  • Carlos Eduardo Siqueira School for the Environment, University of Massachusetts Boston. Boulevard, Boston. /Graduate Entry Medical School, University of Limerick, Limerick, Ireland
  • Fernando Adami Laboratório de Delineamento em Estudos e Escrita Científica, Centro Universitário Saúde ABC, André – SP – Brazil
  • Edige Felipe de Sousa Santos Laboratório de Delineamento de Estudos e Escrita Científica. Centro Universitário Saúde ABC. Santo André. São Paulo/ Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, Brazil

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.v30.11063

Palavras-chave:

COVID-19, Tendência, Letalidade, Epidemiologia

Resumo

Introdução: As infecções por CoV podem causar desde um simples resfriado até uma síndrome respiratória grave, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV). O COVID-19 impôs uma nova realidade em termos de modelos globais de saúde.

Objetivo: Avaliar as tendências das taxas de letalidade do COVID-19 no mundo.

Método: Estudo de séries temporais de base populacional usando dados públicos e oficiais de casos e mortes por COVID-19 na Argentina, Austrália, Brasil, Chile, China, Colômbia, França, Alemanha, Índia, Irã, Itália, Japão, México, Marrocos, Nova Zelândia, Nigéria, Peru, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Espanha, Suíça, Reino Unido, Estados Unidos (EUA) e Rússia, entre 31 dezembro de 2019 e 31 agosto de 2020. Os dados foram baseados nos relatórios do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças. COVID-19 foi definido pela Classificação Internacional de Doenças, 10ª revisão (U07.1). Para análise estatística, foi realizado o modelo de regressão de Prais-Winsten, a partir do qual foi possível calcular a variação percentual de mudança diária (DPC) das taxas, classificadas como crescentes, decrescentes ou estacionárias.

Resultados: Durante o período do estudo, as taxas de letalidade no mundo permaneceram estacionárias (DPC = 0,3; IC 95% [-0,2: 0,7]; p = 0,225). Na África, Marrocos teve tendência decrescente (DPC = -1,1; IC 95% [-1,5: -0,7]; p <0,001), enquanto na África do Sul houve tendência crescente (p < 0,05) e estacionária na Nigéria (p > 0,05). Em relação às Américas, a Argentina revelou tendência decrescente nas taxas de letalidade (DPC = -0,6; IC 95% [-1,1: -0,2]; p = 0,005), os EUA demonstraram tendência estacionária (p > 0,05) e todos os outros países americanos demonstraram tendências crescentes (p < 0,05). Na Ásia, o Irã apresentou  tendência decrescente (DPC = -1,5; IC 95% [-2,6: -0,2]; p = 0,019); China e Arábia Saudita apresentaram tendências crescentes (p <0,05), enquanto Índia, Japão e Coreia do Sul mantiveram tendência estacionária (p > 0,05). A maioria dos países europeus apresentaram tendências crescentes (p <0,05): Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido e Rússia; França e Suíça demonstraram tendências estacionárias (p > 0,05). Por fim, na Oceania, a tendência nas taxas de letalidade na Austrália foi estacionária (p > 0,05) e aumentou na Nova Zelândia (p < 0,05).

Conclusão: A tendência nas taxas de letalidade por COVID-19 no mundo permaneceu estacionária entre 31 de dezembro de 2019 e 31 de agosto de 2020. Argentina, Irã e Marrocos foram os únicos países com tendências decrescentes. Por outro lado, África do Sul, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, México, Peru, China, Arábia Saudita, Alemanha, Espanha, Reino Unido, Rússia e Nova Zelândia apresentaram tendências crescentes de letalidade. Todos os outros países analisados demonstraram tendências estacionárias. De acordo com dados de letalidade, nosso estudo confirma que a pandemia de COVID-19 ainda está em fase de progressão em todo
o mundo.

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Publicado

2020-10-15

Edição

Seção

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