Doença de Chagas na Amazônia Ocidental Brasileira: panorama epidemiológico no período de 2007 a 2018

Autores

  • Fernanda Portela Madeira Strict Sensu Post-Graduate Program in Health Sciences in Western Amazonia, Universidade Federal do Acre, Rio Branco, Acre, Brazil
  • Adila Costa de Jesus Multidisciplinary Center, Universidade Federal do Acre, Campus Floresta, Cruzeiro do Sul, Acre, Brazil
  • Madson Huilber da Silva Moraes Multidisciplinary Center, Universidade Federal do Acre, Campus Floresta, Cruzeiro do Sul, Acre, Brazil
  • Natália Froeder Barroso Center for Health and Sports Sciences, Federal University of Acre, Rio Branco, Acre, Brazil
  • Gabriela Vieira de Souza Castro Strict Sensu Post-Graduate Program in Health Sciences in Western Amazonia, Universidade Federal do Acre, Rio Branco, Acre, Brazil
  • Mariane Albuquerque Lima Ribeiro Center for Health and Sports Sciences, Federal University of Acre, Rio Branco, Acre, Brazil
  • Joseane Elza Tonussi Mendes Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Centro Universitário Saúde ABC, Santo André, São Paulo, Brasil;
  • Luís Marcelo Aranha Camargo Centro de Pesquisa em Medicina Tropical de RondôniaCEPEM/SESAU, Rondônia, Brazil; INCT/CNPq EpiAmo-Rondônia, Brazil
  • Dionatas Ulises de Oliveira Meneguetti Colégio de Aplicação, Universidade Federal do Acre, Rio Branco, Acre, Brazil
  • Paulo Sérgio Bernarde Multidisciplinary Center, Universidade Federal do Acre, Campus Floresta, Cruzeiro do Sul, Acre, Brazil

DOI:

https://doi.org/10.36311/jhgd.v31.10925

Palavras-chave:

dados epidemiológicos, epidemiologia, tripanossomíase americana

Resumo

Introdução: A doença de Chagas (DC) é uma enfermidade causada pelo protozoário flagelado da ordem Kinetoplastida denominado Trypanosoma cruzi. Estima-se que oito milhões de pessoas estejam infectadas em todo o mundo, principalmente na América Latina, causando incapacidades e mais de dez mil mortes por ano.

Objetivo: Descrever o panorama epidemiológico da doença de Chagas na Amazônia Ocidental brasileira no período de 2007 a 2018.

Método: Trata-se de um estudo ecológico e com coleta e análise de dados referentes aos casos confirmados de infecção por T. cruzi nos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, por meio de fontes secundárias oriundos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Sistema Único de Saúde (SINAN) do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Os dados foram utilizados para caracterizar o perfil epidemiológico dos infectados por T. cruzi e determinar a frequência da infecção na Amazônia Ocidental.

Resultados: Houve a notificação de 184 casos de doença de Chagas na Amazônia Ocidental com mais registros nos estados do Amazonas e Acre.

Conclusão: O panorama epidemiológico da Amazônia Ocidental Brasileira no período de 2007 a 2018, compreende uma maior quantidade de casos em indivíduos do sexo masculino, na faixa etária dos 20-39 anos, e provenientes de zona rural.  A forma de contágio prevalente na região durante o estudo foi a oral e a maior sazonalidade compreendeu os meses de abril e dezembro. Dados epidemiológicos são um importante recurso para a compreensão da dinâmica da DC e os principais aspectos relacionados no processo saúde-doença.

 

Referências

1. Chagas C. Nova tripanozomiaze humana. Estudo sobre a morfologia e o ciclo evolutivo do Schizotripanum cruzi n. gen. sp, ajente etiolójico de nova entidade mórbida do homem. Mem Inst Oswaldo Cruz. 1909;1:159–218. DOI: https://doi.org/10.1590/S0074-02761909000200008.
2. Galvão C. Vetores da doença de Chagas no Brasil. Curitiba: Sociedade Brasileira de Zoologia, 2014; p.26-31. DOI: https://doi.org/10.7476/9788598203096.
3. Coura JR. The main sceneries of Chagas disease transmission. The vectors, blood and oral transmissions- A comprehensive review. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2015;110(5):277–82. DOI: https://doi.org/10.1590/0074-0276140362.
4. Sangenis LHC, Nielebock MAP, Santos C da S, Silva MCC da, Bento GMR. Transmissão da doença de Chagas por consumo de carne de caça: revisão sistemática. Rev Bras Epidemiol. 2016;19(4):803–11. DOI: https://doi.org/10.1590/1980-5497201600040010.
5. Araujo PF, Almeida AB, Pimentel CF, Silva AR, Sousa A, Valente SA, et al. Sexual transmission of American trypanosomiasis in humans: a new potential pandemic route for Chagas parasites. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2017;112(6):437–46. DOI: https://doi.org/10.1590/0074-02760160538.
6. World Health Organization (WHO). Chagas disease (American trypanosomiasis) [cited 2019 nov 10]. Available from: https://www.who.int/chagas/epidemiology/en/
7. Benatti, R. D., Oliveira, G. H. & Bacal, F. Heart transplantation for chagas cardiomyopathy. J. Hear. Lung Transplant. 2017; 36, 597–603. DOI: https://doi.org/10.1016/j.healun.2017.02.006.
8. Gosling AF, Gelape CL. Chagas Disease and The Kissing Bug: An invisible Giant. J Cardiothoracici Vasc Anesth. 2019;00:1–2. DOI: https://doi.org/10.1053/j.jvca.2019.01.014.
9. Martins-Melo FR, Carneiro M, Ribeiro ALP, Bezerra JMT, Werneck GL. Burden of Chagas disease in Brazil, 1990-2016: findings from the Global Burden of Disease Study 2016. Int J Parasitol. 2019;49(3-4):301-310. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ijpara.2018.11.008.
10. Santana RAG, Guerra MGVB, Ortiz J V, Oliveira M, Ferreira LS, Souza KR, et al. Oral Transmission of Trypanosoma cruzi, Brazilian Amazon. Emerg Infect Dis. 2019;25(1):25–8. DOI: https://dx.doi.org/10.3201/eid2501.180646.
11. DATASUS – Tecnologia da Informação do SUS (BR). Doenças de chagas Aguda, Brasil [cited 2020 apr 20]. Available from:http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0203&id=29890013&VObj=http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sinannet/cnv/chagas.
12. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). IBGE Cidades- Pesquisa. [cited 2020 marc 12]. Available from: https://cidades.ibge.gov.br/pesquisas.
13. Santos WS, Alves VR, Pontes AN, Diseases F. A doença de chagas no município de Abaetetuba, Pará, Brasil. Rev Bras Multidiscip. 2020;23(1):62–70. DOI: https://doi.org/10.25061/2527-2675/ReBraM/2020.v23i1.699.
14. Oliveira GF de, Ribeiro MAL, Castro GV de S, Menezes ALR, Lima RA, Silva RPM, et al. Retrospective study of the epidemiological overview of the transmission of Chagas disease in the State of Acre, South-Western Amazonia, from 2009 to 2016. J Hum Growth Dev. 2018;28(3):329–36. DOI: https://doi.org/10.7322/jhgd.152187.
15. Menezes ALR, Oliveira GF de, Ribeiro MAL, Castro GV de S, Lima RA, Meneguetti DUO. Epidemiological overview of chagas disease in the state of Amazonas, from 2004 to 2014. Rev Epidemiol e Control Infecção. 2019;9(2):1–6. DOI: http://dx.doi.org/10.17058/reci.v9i2.12127.
16. Sousa Júnior A da S, Palácios VR da CM, Miranda C do S, Da Costa RJF, Catete CP, Chagasteles EJ, et al. Análise espaço-temporal da doença de chagas e seus fatores de risco ambientais e demográficos no município de Barcarena, Pará, Brasil. Rev Bras Epidemiol. 2017;20(4):742–55. DOI: https://doi.org/10.1590/1980-5497201700040015.
17. Grillet M, Hernández J, Llewellyn M, Paniz-Mondolfi A, Tami A, Vincenti-Gonzalez M, et al. Venezuela’s humanitarian crisis, resurgence of vector-borne diseases and implications for spillover in the region: a call for action. Lancet Infect Dis. 2019;3099(18):1–13. DOI: https://doi.org/10.1016/S1473-3099(18)30757-6.
18. Aguilar HM, Abad-franch F, Carlos J, Dias P, Cristina A, Junqueira V, et al. Chagas disease in the Amazon Region. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2007;102(1):47–55. DOI: https://doi.org/10.1590/S0074-02762007005000098.
19. Robertson LJ, Devleesschauwer B, Alarcón de Noya B, Noya González O, Torgerson PR. Trypanosoma cruzi: Time for International Recognition as a Foodborne Parasite. PLoS Negl Trop Dis [Internet]. 2016;10(6):3–8. DOI: http://dx.doi.org/10.1371/journal.pntd.0004656
20. Abad-franch F, Monteiro FA. Biogeography and evolution of Amazonian triatomines (Heteroptera?: Reduviidae): implications for Chagas disease surveillance in humid forest ecoregions. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2007;102:57–69. DOI: https://doi.org/10.1590/S0074-02762007005000108.
21. Ricardo-silva A, Cristina T, Gonçalves M, Luitgards-moura JF, Lopes CM, Pedrosa S, et al. Triatoma maculata colonises urban domicilies in Boa Vista, Roraima, Brazil. 2016;111(11):703–6. DOI: https://doi.org/10.1590/0074-02760160026.
22. Castro MALR, de Souza Castro GV, de Souza JL, de Souza CR, Ramos LJ, de Oliveira J, et al. First report of Panstrongylus megistus (Hemiptera, Reduviidae, Triatominae) in the State of Acre and Rondônia, Amazon, Brazil. Acta Trop. 2018;182:158–60. DOI: https://doi.org/10.1016/j.actatropica.2018.02.032.
23. Dias TS da S, Souza EB de, Jardim MAG, Souza PJOP de, Rocha EJP da, Pinheiro AN, et al. Estimativa climática sazonal da produtividade de açaí (Euterpe oleracea mart.) no Estado do Pará - cenários futuros. Rev Bras Geogr Física. 2019;12(2):517–33. DOI: https://doi.org/10.26848/rbgf.v12.2.p517-533.
24. Ferreira RTB, Cabral ML, Martins RS, Araujo PF, da Silva SA, Britto C, et al. Detection and genotyping of Trypanosoma cruzi from açai products commercialized in Rio de Janeiro and Pará, Brazil. Parasit Vectors. 2018; 11(1):1-11. DOI: 10.1186/s13071-018-2699-6.
25. Barbosa M das GV, Ferreira JMBB, Arcanjo ARL, Santana RAG, Magalhães LKC, Magalhães LKC, et al. Chagas disease in the State of Amazonas: history, epidemiological evolution, risks of endemicity and future perspectives. Rev Soc Bras Med Trop. 2015;48:27–33. DOI: https://doi.org/10.1590/0037-8682-0258-2013.
26. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico. Chagas aguda no Brasil: série histórica de 2000 a 2013. Secr Vigilância em saúde [Internet]. 2015;46(2358–9450):1–9. Available from: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/agosto/03/2014-020..pdf
27. Carvalho EOC de, Rosa JA da, Carvalho AA de, Chaves HCO, Souza EA de, Ostermayer AL, et al. Study on Chagas disease occurrence in the municipality of Monte Negro, State of Rondônia, Brazilian Amazon. Rev Soc Bras Med Trop. 2011;44(6):703–7. DOI: https://doi.org/10.1590/S0037-86822011000600010.
28. Massaro DC, Rezende DS, Camargo LMA. Study of the triatomine fauna and occurrence of Chagas disease in Monte Negro, Rondônia, Brazil. Rev Bras Epidemiol. 2008;11(2):228–40. DOI: https://doi.org/10.1590/S1415-790X2008000200005.
29. Meneguetti DUO, Trevisan O, Camargo LMA, Rosa RM. Natural infection of triatomines (Hemiptera:Reduviidae) by trypanosomatids in two different environments in the municipality of Ouro Preto do Oeste , State of Rondônia, Brazil. Rev Soc Bras Med Trop. 2012;45(3):395–8. DOI: https://doi.org/10.1590/S0037-86822012000300023.
30. Rosa JA da, Rocha CS, Gardim S, Pinto MC, Mendonça VJ, Filho JCRF, et al. Description of Rhodnius montenegrensis n. sp. (Hemiptera: Reduviidae: Triatominae) from the state of Rondônia, Brazil. Zootaxa. 2012;(3478):62–76. DOI: https://doi.org/10.11646/zootaxa.3478.1.8.
31. Bilheiro AB, Rosa JA da, de Oliveira J, Belintani T, Fontes G, Medeiros JF, et al. First Report of Natural Infection with Trypanosoma cruzi in Rhodnius montenegrensis (Hemiptera, Reduviidae, Triatominae) in Western Amazon, Brazil. Vector- Borne Zoonotic Dis. 2018;20(20):1–6. DOI: 10.1089/vbz.2018.2266.
32. Moura, J. F. L. Aspectos epidemiológicos da doença de chagas em áreas de colonização agrícola no estado de Roraima [thesis]. Rio de Janeiro: Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2001.
33. Gama Neto J de L, de Oliveira J, da Rosa JA, dos Santos FM, Macedo VA, Costa da Silva M. Two new records of Triatominae (Hemiptera: Reduviidae) from Roraima state, Brazil. Rev Chil Entomol. 2020;46(2):321–7. DOI: https://doi.org/10.35249/rche.46.2.20.23.
34. Moura JFL, Pereira JB, Costa J, Zauza PL, Freiras MGR-. On The Possibility Of autochthonous Chagas Disease In Roraima, Amazon Region, Brazil , 2000-2001. Rev Inst Med trop S Paulo. 2005;47(1):45–54. DOI: https://doi.org/10.1590/S0036-46652005000100008.
35. Arruda-Barbosa L, Sales AFG, Souza I L L. Reflexes of Venezuelan immigration on health care at the largest hospital in Roraima, Brazil: qualitative analysis. Saude soc. 2020; 29(2):1-11. DOI: https://doi.org/10.1590/s0104-12902020190730.
36. Editoria, "Saúde e Migração: ensaio reflexivo da migração Venezuela em Roraima, por Tarcia Costa," in Revista Mundorama, 13/09/2017, https://mundorama.net/?p=23927.
37. Bezerra WS, Meneguetti DUO, Camargo LMA. A Busca de fármacos para tratamento da Tripanossomíase Americana: 103 anos de negligência. Saúde (Santa Maria). 2012;38(2):9–20. DOI: http://dx.doi.org/10.5902/223658344813.

Publicado

2021-04-28

Edição

Seção

ORIGINAL ARTICLES