Perfil alimentar, metabólico e antropométrico de adolescentes nascidos prematuros

Autores

  • Mírian Nara Lopes Unidade Saúde da Família Santo Onofre, Secretaria Municipal de Saúde de Cascavel (SMS) Cascavel (PR), Brasil
  • Sabrina Grassiolli Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de Ciências Biológicas Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) – Cascavel (PR), Brasil
  • Maria de Lá Ó Ramalho Veríssimo Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquiátrica, Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo (USP) – São Paulo (SP), Brasil
  • Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de Ciências Biológicas Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) – Cascavel (PR), Brasil
  • Pamela Talita Favil Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de Enfermagem, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) - Cascavel (PR), Brasil
  • Ana Cláudia Ramos de Paula Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de Enfermagem, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) - Cascavel (PR), Brasil
  • Cláudia Silveira Viera Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de Enfermagem, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) - Cascavel (PR), Brasil

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.v30.10370

Palavras-chave:

Prematuridade, Saúde do Adolescente, Nutrição do Adolescente, Comportamento Alimentar, Doenças Cardiovasculares, Síndrome X Metabólica

Resumo

Introdução: A prematuridade pode estar relacionada à instalação precoce de obesidade e síndrome metabólica na adolescência. O aleitamento e a alimentação são fatores cruciais na gênese do risco cardiometabólico.

Objetivo: Analisar a relação do tipo de aleitamento e hábitos alimentares com o perfil pressórico, lipídico, glicêmico e antropométrico de adolescentes nascidos prematuros.

Métodos: Estudo transversal com 50 adolescentes nascidos prematuros no oeste do Paraná, com idades entre 10 e 19 anos. Avaliaram-se dados do nascimento, aleitamento e alimentação, mediante o Marcador de Consumo Alimentar de 24 horas. Verificou-se peso, altura, circunferência abdominal (CA), pressão arterial (PA); dosadas concentrações de glicose, colesterol total (CT) e triglicerídeos (TG) por punção capilar. Análise de dados por estatística descritiva e análise de variância.

Resultados: 78% realizavam alimentação em frente a telas e 52% não realizava todas as principais refeições do dia; independentemente da quantidade de refeições ao dia, os perfis lipídico, glicêmico e CA não apresentaram diferença estatística significante entre os grupos. Observou-se associação estatisticamente significante entre PA e número de refeições (p=0,01), CT e aleitamento materno (p=0,03) e TG com consumo de embutidos (p=0,02) e produtos ricos em carboidratos (p=0,01). Para 72% foi ofertado leite de vaca antes de completar um ano e somente 30% receberam aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade. Na amostra, 30% apresentaram PA elevada, 22% e 41% CT e TG elevados, respectivamente. Dos 30% com excesso de peso, 60% apresentaram PA elevada, 53% TG, 33% CT elevado e 33% percentil CA ?90.

Conclusões: O aleitamento não influenciou no perfil metabólico, porém se evidenciou como fatores de risco para os adolescentes desenvolverem problemas cardiovasculares futuros à prematuridade, hábitos alimentares inadequados, excesso de peso, CA e perfil pressórico e lipídico alterados.

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Publicado

2020-06-17

Edição

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