Medidas de distanciamento social podem ter reduzido as mortes estimadas relacionadas à COVID-19 no Brasil

Autores

  • Vitor E. Valenti Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo (CESNA), Universidade Estadual de São Paulo, UNESP, Marília, Brazil
  • Pedro de Lemos Menezes Universidade de Ciências da Saúde de Alagoas e Centro Universitário CESMAC, AL, Brazil
  • Ana Carolina Gonçalves de Abreu Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo (CESNA), Universidade Estadual de São Paulo, UNESP, Marília, Brazil/ Escola de Medicina. Faculdade Santa Maria, Cajazeiras, PB, Brazil
  • Gustavo Nakamura Alves Vieira Instituto de Química, Universidade Estadual de Paulista, UNESP, Araraquara, Brazil
  • David M. Garner Faculdade de Saúde e Ciências da Vida, Universidade de Oxford Brooks, Reino Unido

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.v30.10360

Palavras-chave:

Beta-coronavírus, Centros de Controle e Prevenção de Doenças (EUA), Coronavírus, Infecções por Coronavírus, Morte, Vírus SARS

Resumo

O distanciamento social foi planejado como uma medida preventiva para controlar a disseminação extensiva da COVID-19. Foi analisado as mortes relacionadas à COVID-19 no Brasil durante o período de medidas de distanciamento social. Os dados de mortalidade do COVID-19 foram obtidos no site da Worldometer. As mortes foram estimadas até o 31º dia após a ocorrência da 5ª morte relacionada à COVID-19 no Brasil. O distanciamento social foi medido por meio dos relatórios de mobilidade comunitária do Google. As curvas epidêmicas brasileiras foram interligadas e os modelos matemáticos foram avaliados para se ajustarem às curvas de estimativa de mortalidade. O modelo otimista foi definido no período de abertura do distanciamento social e, portanto, na menor mobilidade (40-60%). O modelo realista foi calculado de acordo com medidas de distanciamento social relaxado (<40%) e o modelo pessimista foi calculado com base na taxa de transmissão entre 2-3. Assim, as equações dos modelos matemáticos proveram os desfechos para a data de nove de junho de 2020, conforme seguem: modelo realista com 40.623 mortes, modelo pessimista com 64.310 mortes e o modelo otimista com projeção de 31.384. Como resultados dessas análises, na data de 24 de maio de 2020 obteve um total de 22.965 mortes relacionadas com a COVID-19, sendo que essas mortes inseridas dentro dos modelos matemáticos propostos foram de 17.452 para o modelo otimista, 22.623 para o modelo realista e 32.825 para o modelo pessimista. Assim, conclui-se que a medida de distanciamento social promovida pelos gestores públicos brasileiros contribui para a redução em aproximadamente dez mil mortes relacionadas com a COVID-19 no atual cenário pandêmico.

Biografia do Autor

  • David M. Garner, Faculdade de Saúde e Ciências da Vida, Universidade de Oxford Brooks, Reino Unido

    Grupo de Pesquisa Cardiorrespiratória, Departamento de Ciências Biológicas e Médicas

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Publicado

2020-06-17

Edição

Seção

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