Processos Contemporâneos de Escolarização e seus Efeitos na Fabricação de Identidades Juvenis

um Ensaio de Sociologia da Educação

Autores/as

  • Henrique Pereira Ramalho Instituto Politécnico de Viseu - Escola Superior de Educação

DOI:

https://doi.org/10.36311/2236-5192.2021.v22nesp.p41-58

Palabras clave:

Escolarização e alunos, Fabricação de identidades juvenis, Planificação social

Resumen

Ao adotar uma matriz baseada no método hermenêutico, este ensaio configura um subsídio para a compreensão da relação historicamente estabelecida entre o sistema escolar e as juventudes que acolhe, educa, socializa, institucionaliza, “domestica” e/ou emancipa. Operamos com as questões metodológicas: i) que análise podemos fazer dos sistemas de ressignificação das juventudes decorrentes da escolarização? ii) qual a interpretação que sobressai do propósito da tutela em operar com os processos de escolarização como mecanismos de fabricação das juventudes? iii) que possibilidades nos são oferecidas sobre a compreensão da(s) identidade(s) de aluno oficialmente prescrita(s)? Os fenómenos associados à  alunização dos jovens convocam-nos para uma conceção de escola, de sistema educativo e de políticas educativas que delineiam uma ressignificação da juventude como grupo social de atores subordinados a determinadas condições sociais de que nem sempre são coautores. Antes, porém, são um “produto” dessas condições, isentados de qualquer ethos de emancipação pessoal e social.

 

Recebido em: 27/04/2020.
Aprovado em: 12/11/2020.

Descargas

Los datos de descarga aún no están disponibles.

Biografía del autor/a

  • Henrique Pereira Ramalho, Instituto Politécnico de Viseu - Escola Superior de Educação

    Professor Adjunto e Coordenador da Área Disciplinar de Ciências da Educação, do Departameno de Psicologia e Ciências da Educação.

    Coordenador do Curso de Apoio à Infância

    Membro da Comissão Cetífica de Psicologia e Ciências da Educação

    Doutor em Administração e Organização Escolar pela Universidade do Minho (Portugal).

Referencias

ABRAMO, H. Condição juvenil no Brasil contemporâneo. In: ABRAMO, H.; BRANCO, P. (Eds.). Retratos da juventude brasileira: análises de uma pesquisa nacional. São Paulo: Instituto Cidadania; Fundação Perseu, 2005, p. 37-73.

ACÁCIA, K. Ensino de 2º grau: o trabalho como princípio educativo. S. Paulo: Cortez, 1997.

ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 1995.

ADORNO, T.W. Introdução à Controvérsia sobre o Positivismo na Sociologia Alemã. In: BENJAMIN, W.et al. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 209-257.

ARON, R. Estudos Sociológicos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1991.

BONAMIGO, G. O problema do humano em Emmanuel Lévinas. O que nos faz pensar. Cadernos do Departamento de Filosofia PUC, Vitória, v. 25, n. 38, p, 139-159, 2016.

CARVALHO, L. Governando a Educação pelo Espelho do Perito: uma análise do PISA como instrumento de regulação. Educação & Sociedade, São Paulo, v. 30, n. 10, p. 1009-1036, 2009.

CASTRO, E.; MACEDO, S. Estatuto da Criança e Adolescente e Estatuto da Juventude: interfaces, complementariedade, desafios e diferenças. Rev. Direito Práx., Rio de Janeiro, v. 10, N. 2, p. 1214-1238, 2019. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rdp/v10n2/2179-8966-rdp-10-2-1214.pdf. Acesso em: 27 jan. 2020.

CORREIA, J.; MATOS, M. Da crise da escola ao escolocentrismo., In STOER, S. et al. Transnacionalização da Educação: da Crise da Educação à “Educação” da Crise. Porto: Edições Afrontamento, 2001, p. 91-117.

CRESWELL, J. W. Research Design: qualitative, quantitative, and mixed method approaches. Nebraska: Sage Publications: Thousand Oaks, 2003. Disponível em: http://englishlangkan.com/produk/E%20Book%20Research%20Design%20Cressweell%202014.pdf. Acesso em: 21 dez. 2019.

DAYRELL, J. A Escola “Faz” as Juventudes? Reflexões em torno da socialização juvenil. Educação & Sociedade, São Paulo, v. 28, n. 100, p. 1105-1128, 2007.

DAYRELL, J. A escola como espaço sociocultural. 1996, p. 1-27. Disponível em: https://pt.slideshare.net/profesonlineedu/texto-a-escola-como-espao-scio-cultural-dayrell-dia-02-de-setembro. Acesso em: 27 de junho 2019.

DUBET, F. El declive de la institución: profesiones, sujetos e individuos en la modernidad. Barcelona: Gedisa, 2006.

DUBET, F. Sociologie de l’expérience. Paris: Seuil, 1994.

DURKHEIM, É. Educação e Sociologia. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2011.

DURKHEIM, É. A educação moral. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2008.

DURKHEIM, É. A Divisão do Trabalho Social. S. Paulo: Martins Fontes, 1999.

DUSSEL, I.; Caruso, M. A invenção da sala de aula: uma genealogia das formas de ensinar. S. Paulo: Moderna, 1999.

FREITAG, B. A Teoria Crítica Ontem e Hoje. São Paulo: Brasiliense, 2004.

JAY, M. Imaginação dialética: história da Escola de Frankfurt do Instituto de Pesquisas Sociais. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008.

GADAMER, H. Verdade e método I. Traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. São Paulo: Editora Universitária São Francisco, 2005.

GASPARIN, J. Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. S. Paulo: Autores Associados, 2005.

GENTILI, P.; FRIGOTTO, G. (Orgs.). A cidadania negada: políticas de exclusão na educação e no trabalho. São Paulo: Cortez Editora, 2002.

GHEDIN, E. Hermenêutica e pesquisa em educação: caminhos da investigação interpretativa. In: Anais II Seminário internacional de pesquisa e estudos qualitativos. Bauru, São Paulo: Universidade Sagrado Coração, p. 1-14, 2004.

GIMENO SACRISTÁN, J. O aluno como invenção. Porto Alegre: Artmed, 2005.

HERMANN, N. Hermenêutica e educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

HELLER, A. O cotidiano e a história. São Paulo: Paz e Terra, 2008.

LAHIRE, B. Homem plural: os determinantes da ação. Petrópolis: Vozes, 2002.

LAHIRE, B. Patrimônios individuais de disposições: por uma sociologia à escala individual. Sociologia, Problemas e Práticas, s/l, n. 49, p. 11-42, 2005. Disponível em: https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/200/1/SOCIOLOGIA49_cap01.pdf. Acesso em: 9 de maio 2019.

LAW, M. Os Professores e a Fabricação de Identidades. Currículo sem Fronteiras, v. 1, n. 2, p. 117-130, 2001. Disponível em: http://www.curriculosemfronteiras.org/vol1iss2articles/lawn.pdf. Acesso em: 24 de fevereiro de 2019.

MARCHI, R. O “ofício de aluno” e o “ofício de criança”: articulações entre a sociologia da educação e a sociologia da infância. Revista Portuguesa de Educação, v. 23, n. 1, p. 183-202, 2010. Disponível em: http://revistas.rcaap.pt/rpe/article/viewFile/13983/10565. Acesso em 24 de fevereiro de 2019.

MANTZAVINOS, C. O círculo hermenêutico. Que problema é este? Tempo Social, revista de sociologia da USP, São Paulo, v. 26, n. 2, p. 57-69, 2014.

MARTINS, G. et al. Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória. Lisboa: Ministério da Educação/Direção-Geral da Educação, 2017. Disponível em: https://dge.mec.pt/sites/default/files/Curriculo/Projeto_Autonomia_e_Flexibilidade/perfil_dos_alunos.pdf. Acesso em: 29 de jun. 2019.

MARTINS, P. Didática teórica/ Didática prática: para além do confronto. S. Paulo: Loyola, 2008.

MÉSZÁROS, I. A educação para além do capital. São Paulo: Boitempo, 2008.

MILETTO, L. No mesmo barco, dando força, um ajuda o outro a não desistir – Estratégias e trajetórias de permanência na educação de jovens e adultos. Mestrado em Educação (área de especialização em diversidade, desigualdades sociais e educação) - Universidade Federal Fluminense, 2009. Disponível em: http://www.uff.br/var/www/htdocs/pos_educacao/joomla/images/stories/Teses/lu%EDs%20f%20mileto.pdf. Acesso em: 20 de maio de 2019.

NÓVOA, A. Professores: imagens do futuro presente. Lisboa: Educa, 2009.

PÉREZ GÓMEZ, A. Cultura escolar na sociedade neoliberal. Porto Alegre: Artmed, 2001.

PERRENOUD, Ph. O ofício de aluno e o sentido do trabalho escolar. Porto: Porto Editora, 1995.

PORTUGAL. Despacho n.º 6478/2017, 26 de julho - Homologa o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória. Diário da República, 2.ª série – N.º 143/2017 – 26 de julho de 2017.

PORTUGAL. Despacho nº 9265-B/2013, de 15 de julho de 2013 – Define as normas a observar no período de funcionamento dos respetivos estabelecimentos, bem como na oferta das atividades de animação e de apoio à família (AAAF), da componente de apoio à família (CAF) e das atividades de enriquecimento curricular (AEC). Diário da República, 2.ª série — N.º 134 — 15 de julho de 2013.

PORTUGAL. Lei n.º 51/2012, de 5 de setembro – Estatuto do aluno e ética escolar. Diário da República, 1.ª série — N.º 171/2012 — 5 de setembro de 2012.

PORTUGAL. Despacho nº 12591/2006, de 16 de junho de 2006 – Regulamenta as atividades de animação e de apoio às famílias na educação pré-escolar e de enriquecimento curricular no 1.º ciclo do ensino básico. Diário da República, 2.ª série — N.º 115 — 16 de junho de 2006.

POZZEBON, M.; PETRINI, M.C. Critérios para condução e avaliação de pesquisas qualitativas de natureza crítico-interpretativa. In: TAKAHASHI, A.R.W. (Org.) Pesquisa Qualitativa em Administração: fundamentos, métodos e usos no Brasil. São Paulo: Atlas, 2013, p. 51-72.

RUMMERT, S.; ALVES, N. Jovens e adultos trabalhadores pouco escolarizados no Brasil e em Portugal. Alvos da mesma lógica de conformidade. Revista Brasileira de Educação, v. 15, p. 511-529, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v15n45/09.pdf. Acesso em: 28 de fevereiro de 2019.

SAVIANI, D. Transformações do Capitalismo, do mundo do trabalho e da educação. In Lombardi, J.; Saviani, D.; Sanfelice, J. (Ogs.). Capitalismo, trabalho e educação. S. Paulo: Autores Associados, 2005, p. 13-24.

SCHLEIERMACHER, F. D. E. Hermenêutica: a arte e técnica da interpretação. Bragança Paulista: EDUSF, 2003.

SCHULTZ, T. O Capital Humano. Zahar Editores, 1973.

SILVA, M. Os “discursos” de planificação social e os sistemas de exclusão que os demarcam. Análise Social, v. XII, n. 45, p. l60-178, 1976. Disponível em: http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223913546G1tNQ0xo3Zy70CG7.pdf. Acesso em: 27 de fev. 2019.

STEIN, E. Dialética e Hermenêutica: uma controvérsia sobre método e filosofia. In: Habermas, J. Dialética e Hermenêutica. São Paulo: L&PM, 1987, p. 98-134.

SUCHODOLSKI, B. A pedagogia e as grandes correntes filosóficas: a pedagogia da essência e a pedagogia da existência. São Paulo: Centauro, 2002.

TAYLOR, C. Interpretation and the sciences of man. The Review of Metaphysics, v. 25, n. 1, p. 3-51, Sep., 1971. Disponível em: https://static1.squarespace.com/static/55c3972ee4b0632d3480491b/t/56eb3ad537013b8180b9159c/1458256600062/Taylor_InterpretationandtheSciencesofMan.pdf. Acesso em: maio de 2019.

WEBER, M. Ciência e Política: Duas Vocações. São Paulo: Cultrix, 2011.

WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. S. Paulo: Companhia da Letras, 2004.

WEBER, M. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: LTC, 1982.

Publicado

2021-03-05

Número

Sección

Artigos

Cómo citar

Ramalho, H. P. . (2021). Processos Contemporâneos de Escolarização e seus Efeitos na Fabricação de Identidades Juvenis: um Ensaio de Sociologia da Educação. Educação Em Revista, 22(esp), 41-58. https://doi.org/10.36311/2236-5192.2021.v22nesp.p41-58