AVALIAÇÃO DE ESCOLAS, MUDANÇA E INOVAÇÃO DOS PROCESSOS DE LIDERANÇA E GESTÃO DO TRABALHO ESCOLAR – UMA META-ANÁLISE A PARTIR DOS RELATÓRIOS OFICIAIS
DOI:
https://doi.org/10.36311/2236-5192.2017.v18n2.02.p7Palavras-chave:
Avaliação externa de escolas, Liderança e gestão escolares, Mudança e inovação curricular e pedagógicaResumo
Sob o jugo da mudança e da inovação dos processos de liderança e gestão do trabalho escolar traçados pelo espectro normativo da Lei n.º 31/2002, de 20 de dezembro, a nossa análise tem como primeiro objetivo a compreensão do discurso oficial em torno do papel daquelas lideranças, tendo em conta os critérios, atributos, indicadores e asserções que balizam a sua arquitetura em função das seguintes categorias e respetivos domínios de indicadores: i) organização e gestão escolar; ii) planeamento estratégico; iii) autorregulação e melhoria da ação educativa. Um segundo objetivo passa por analisar as centralidades que aquela conceção enfatiza, para, a partir daí, (re)interpretar o discurso oficial sobre a mudança e a inovação da liderança e gestão educacionais ocorridas no interior das escolas portuguesas. Metodologicamente, procedemos a uma meta-análise (EGGER; SCHNEIDER; DAVEY-SMITH, 1998; CASTRO, 2001; ZIMMER, 2004) de conteúdo sistemática ao corpus de sete relatórios anuais da avaliação externa das escolas, relativos ao período compreendido entre os anos letivos de 2006-2007 e 2012-2013. Interpretativamente, a racionalidade explicitada pelo discurso oficial suscita a obrigação de apresentar procedimentos e resultados inovadores à imagem de um referencial central de avaliação, aduzindo uma visão minimalista e instrumental das lideranças curriculares e pedagógicas da periferia.
Recebido em: 24 de outubro de 2016.
Aceito em: 10 de outubro de 2017.
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