Interseccionalidade na Análise da Produção Científica de Pesquisadoras Negras Durante a Pandemia
DOI:
https://doi.org/10.36311/1981-1640.2024.v18.e024031Palavras-chave:
Pesquisadoras negras, Interseccionalidade, Produção científica, Pandemia de COVID-19Resumo
O impacto da pandemia de COVID-19 no contexto acadêmico não foi suficientemente abordado, especialmente no que diz respeito às desigualdades resultantes da sub-representação de mulheres e mães de diferentes grupos raciais e étnicos na ciência. Este estudo busca analisar os impactos da pandemia na produção científica de pesquisadoras negras, com foco nas dinâmicas de gênero, raça e parentalidade. Trata-se de uma revisão crítica da literatura, com coleta de dados nas bases WoS e Google Scholar. Os artigos publicados entre 2019 e 2024 foram analisados por meio de categorização temática, abordagens metodológicas, utilização do constructo teórico da interseccionalidade e análise bibliométrica das citações. Foram identificadas sete temáticas principais: impactos profissionais e acadêmicos, desafios de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, estratégias de resiliência e apoio, disparidades de gênero e raça, saúde mental e bem-estar, impacto nas atividades de pesquisa e visibilidade e comunicação científica. Prevaleceram estudos quantitativos com amostras desagregadas por gênero e raça, seguidos por discussões teóricas e recomendações, estudos de revisão e um estudo qualitativo. A análise de citações revelou que os trabalhos de Crenshaw e Collins são os mais referenciados, refletindo sua influência predominante no campo. As citações de estudos que incorporaram o referencial da interseccionalidade sugerem a emergência de novas contribuições e a necessidade de diversificar as referências teóricas. Embora a interseccionalidade esteja presente na maioria dos artigos, alguns a utilizam de forma incidental, e outros não a mencionam. Conclui-se que a produção científica de pesquisadoras negras precisa ser investigada mais profundamente, especialmente em estudos que adotem o constructo da interseccionalidade e utilizem amostras desagregadas por gênero, raça e parentalidade.
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