Lacuna Cognitiva da Apropriação Social da Informação no Brasil

Autores

  • Edison Luís dos Santos Instituto de Estudos Avançados IEA-USP https://orcid.org/0000-0002-2488-9049
  • Antônio Carlos Nascimento Neto Universidade Estadual Paulista (UNESP)

DOI:

https://doi.org/10.36311/1981-1640.2023.v17.e023052

Palavras-chave:

Sociedade, Tecnocracia, Brecha digital, Informação, Apropriação social

Resumo

O artigo identifica e discute problemas do país relacionados à expropriação cultural por meio de imposição de arranjos e sistemas simbólicos que remetem à nossa condição colonial. Da “catequese nas tabas” até os dias atuais, prevalece uma operação subterrânea de privação do saber e espoliação da memória que se expressa em novas relações de poder, tendo o domínio do saber, do conhecimento e da informação, como um novo e poderoso instrumento político. A apropriação e/ou privação desses códigos denuncia sua dimensão antagônica: o poder de grandes empresas de tecnologia que exploram dados pessoais; os dispositivos e funcionalidades que sequestram o tempo de atenção dos usuários e o crescimento massivo de dados e notícias falsas (fake news). Buscamos desmistificar a falsa autonomia da técnica e reconhecer a trama transversal de relações (culturais, sociais, econômicas e políticas) que envolve a produção, difusão e uso social da informação no Brasil.

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Biografia do Autor

Edison Luís dos Santos, Instituto de Estudos Avançados IEA-USP

Pesquisador em Ciências da informação e bibliotecário, bacharel em Linguística (USP) e em Biblioteconomia (USP), Mestre e Doutor em Ciência da Informação (USP). Sou colaborador do Grupo de Estudos Ontologias Abertas (USP); membro do Grupo de Pesquisa Estudos Transdisciplinares da Herança Africana (UNIP/SP) e do Grupo de Estudos Humanidades e Culturas Computacionais (IEA/USP). Desde 2021 atuo com trabalho voluntário na Escola Pluricultural Odé Kayodê, no acervo da Biblioteca Obá Biyi e coordenador do Coletivo Egbé Odé Kayodê, espaços culturais de matriz afroindígena, sediados em Vila Esperança (GO). Em 2022, concluí projeto de Pós-Doutorado no Instituto de Estudos Avançados, investigando a questão antropotécnica relacionada aos fenômenos da e-Cultura e e-Arte, além de refletir sobre a realidade contemporânea das culturas computacionais e digitais e da produção cultural (mediada ou autoproduzida), a fim de compreender o atual cenário em que a máquina já substituiu o trabalho dos humanos e caminha para substituir o trabalho intelectual, por meio da Inteligência Artificial.

Antônio Carlos Nascimento Neto, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Mestrando em Ciência da Informação, UNESP Marília. Cursando o último ano de Biblioteconomia na PUC-Campinas. Estagiário de analista bibliométrico na Pró Reitoria de Educação Continuada da PUC-Campinas. Estagiou na Biblioteca Central César Lattes da Unicamp de 2021 a 2023 na Diretoria Geral de Recursos Informacionais. Aluno especial em Ciência da Informação pela USP-São Paulo, tendo cursado a disciplina a disciplina Ciência e método em Ciência da Informação e Organização do Conhecimento em 2022 e a disciplina de Epistemologia em 2021. Graduado em Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas pela PUC-Campinas em 2011.

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Publicado

2023-11-24

Como Citar

Luís dos Santos, E., e A. C. N. Neto. “Lacuna Cognitiva Da Apropriação Social Da Informação No Brasil”. Brazilian Journal of Information Science: Research Trends, vol. 17, novembro de 2023, p. e023052, doi:10.36311/1981-1640.2023.v17.e023052.