Cooperação internacional descentralizada, atores subnacionais e regimes internacionais
o caso sobre a rede Mercocidades (1995-2019)
DOI:
https://doi.org/10.36311/2237-7743.2020.v9n3.p560-584Palabras clave:
Cooperação Internacional Descentralizada, Regimes Internacionais, Rede MercocidadesResumen
O objetivo deste artigo é analisar a cooperação internacional descentralizada como um mecanismo de construção de relações colaborativas entre os atores subnacionais. Nesse tipo de cooperação, é importante ressaltar, há a quebra da verticalização - na qual a ordem hierárquica separaria doador e donatário em posições diferentes - colocando as unidades que dela fazem parte como atores principais. A hipótese posta é a de que tal cooperação compreende, a partir do estabelecimento de valores, normas e métodos de tomada de decisão criados em sua prática, um regime internacional. Do ponto de vista metodológico, o artigo trabalha especificamente com as trocas de experiências e desenvolvimento de políticas públicas para problemas coletivos da Mercocidades, rede internacional de cidades do Mercosul, e em particular sobre suas Unidades Temáticas, com aportes específicos da Unidade Temática de Segurança Cidadã, a partir da análise de documentos da instituição e a aplicação dos conceitos de regimes internacionais. Conclui-se que ao avaliar o desenvolvimento das relações dentro da Rede, verifica-se o estabelecimento de princípios norteadores, advindos da própria cooperação internacional descentralizada, e o estabelecimento de normas, regras e instrumentos de tomada de decisão construídos coletivamente, através da socialização e com base nos interesses e valores de cada participante das Unidades Temáticas, sendo possível classificar esta forma de cooperação, via redes internacionais de cidade, como uma espécie de regime internacional.
Descargas
Referencias
ADLER, E. O construtivismo no estudo das relações internacionais. Lua Nova, São Paulo, n. 47, p. 201-246, Aug. 1999. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-64451999000200011> Acesso em: 15 mai 2020.
AFONSO, M. M.; FERNANDES, A. P. abCD: introdução à cooperação para o desenvolvimento. Lisboa: Marquês de Valle Flôr/Oikos, 2005.
AYLLÓN, B. La cooperación internacional para el desarollo: Fundamentos y justificaciones en la perspectiva de la teoría de las Relaciones Internacionales. Carta Internacional, São Paulo, n.2 v.2 2007. 32-47.
BARROS-PLATIAU, Ana Flávia; VARELLA, Marcelo Dias; SCHLEICHER, Rafael T.. Meio ambiente e relações internacionais: perspectivas teóricas, respostas institucionais e novas dimensões de debate. Rev. bras. polít. int., Brasília , v. 47, n. 2, p. 100-130, Dez. 2004 . Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292004000200004> Acesso em: 15 mai 2020.
BORJA, J.; CASTELLS, M. Local and the global: Management of cities in the information age. Londres: Earthscan, 1997.
CARDARELLO, A.; RODRIGUEZ, J. Networks of cities as a privileged tool for decentralised co-operation management. Decentralized Cooperation Observatory, 2007. Disponível em: < http://observ-ocd.org/sites/observ-ocd.org/files/publicacion/docs/299_134.pdf> Acesso em: 15 mai 2020.
CORNAGO, Noé. Diplomacy and paradiplomacy in the redefinition of international security: dimensions of conflict and co-operation. In: ALDECOA, F.; KEATING, M. Paradiplomacy in action: the foreign relations of subnational governments. London e Portland: Frank Cass, 1999. p. 40-57.
CRESWELL, John. Investigação Qualitativa e Projeto de Pesquisa. Porto Alegre: Penso, 2014.
FINNEMORE, M. e SIKKINK, K., Taking Stock: The Constructivist Research Program in International Relations and Comparative Politics, Annual Reviews in Political Science, vol. 4, 2001, pp. 391–416.
GRIECO, Joseph M. Anarchy and the limits of cooperation: a realist critique of the newest liberal institucionalism. International Organization, v. 42, p. 485-507, 1988.
______. Understanding the problem of international cooperation: the limits of neoliberal institutionalism and the future of realist theory. In: BALDWIN, D. A. Neorealism and neoliberalism: the contemporary debate. New York: Columbia University Press, 1993. pp. 301-338
HAFTECK, P. An introduction to decentralized cooperation: definitions, origins and conceptual mapping. Public administration and development, v. 23, p. 333-345, junho 2003.
HASENCLEVER, Andreas; MAYER, Peter; RITTBERGER, Volker. Theories of international regimes. New York: Cambridge University Press, 2004
HERZ, Mônica. Teoria das Relações Internacionais no Pós-Guerra Fria. Dados, Rio de Janeiro, v. 40, n. 2, 1997. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-52581997000200006> Acesso em: 15 mai 2020.
KEOHANE, Robert. O. After hegemony: cooperation and discord in the world political economy. Princeton: Princeton Universisty Press, 1984.
KEOHANE, Robert O.; NYE, Joseph S.. Power and interdependence. 4. ed. Boston: Longman, 2012.
JEPPERSON, Ronald L., WENDT, Alexander., KATZENSTEIN, Peter. Norms, identity and culture in national security. In: KATZENSTEIN, Peter J.. The culture of national security: norms and identity in world politics. norms and identity in world politics. New York: Columbia University Press, 1996. p. 33-75.
JUNQUEIRA, Cairo Gabriel Borges. Entre interesses e identidades, o que querem e o que são?: a atuação internacional dos governos subnacionais argentinos e brasileiros no Mercosul (1995-2018). 2019. 379 f. Tese (Doutorado) - Curso de Relações Internacionais, Unesp/Unicamp/Puc-Sp, São Paulo, 2019.
KRASNER, Stephen D.. Causas estruturais e consequências dos regimes internacionais: Regimes como variáveis intervenientes. Rev. Sociol. Polit., Curitiba, v. 20, n. 42, p.93-112, jun. 2012.
KRATOCHWIL, Friedrich V.; RUGGIE, John G.. International organization: A state of the art on an art of the State. International Organization, v. 40, p.753-775, 1986.
KLEIMAN, Alberto. As cidades e a cooperação descentralizada no contexto das relações União Europeia – América Latina: o novo papel internacional dos governos locais. Dissertação (Mestrado) - Integração da América Latina, Universidade de São Paulo, 2004.
MALÉ, J.-P. Especificidades de la cooperación descentralizada pública: atores, contenidos y modelos. 1ª Conferência Anual do Observatório de la Cooperación Decentralizada - Unión Europea/América Latina. Montevideu: Decentralized Cooperation Observatory. 2006.
MARX, V. Las ciudades como actores políticos en las relaciones internacionales. Barcelona: Universidade Autonoma de Barcelona, 2008.
MATTIOLI, Thiago. Percepções e identidades coletivas na transferência e difusão internacional de políticas públicas: O caso da Rede Mercocidades. In: Simpósio de Pós-graduação em Relações Internacionais do Programa San Tiago Dantas – UNESP, UNICAMP, PUC-SP, 2017, São Paulo. Anais... . São Paulo: SIMPORI, 2017. p. 1 - 21. Disponível em: < https://static.wixstatic.com/ugd/93184a_d0809bb3f4d44db0b50105e2fe2b3e7f.pdf?dn=2017_MATTIOLI_Percepcoes.pdf> Acesso em: 15 mai 2020
MENEGHETTI NETO, Alfredo. Redes de Cidades: Cooperação, estratégias de desenvolvimento, limitações constitucionais e divergências – o Caso da Rede Mercocidades. Tese (Doutorado), Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2002.
MERCOCIUDADES. Estatuto y reglamento de Mercociudades. MERCOCIUDADES, 2020a. Disponível em: < https://mercociudades.org/descarga/estatuto-de-mercociudades-actualizado-en-2017/> Acesso em: 15 mai 2020.
______. Estructura y autoridades. MERCOCIUDADES, 2020b. Disponível em: < https://mercociudades.org/estructura-y-autoridades/> Acesso em: 15 mai 2020.
______. Unidades temáticas. MERCOCIUDADES, 2020c. Disponível em: < http://www.mercociudades.org/node/2286> Acesso em: 15 mai 2020.
______. Declaraciones Cumbre. MERCOCIUDADES, 2020d. Disponível em: < https://mercociudades.org/declaraciones-cumbre/> Acesso em: 15 mai 2020.
______. Declaracion de Asuncion. MERCOCIUDADES, 2020e. Disponível em: < portal.mercociudades.net/sites/portal.../1995actafundacional1.pdf> Acesso em: 15 mai 2020.
ONUF, Nicholas.. Constructivism: a user’s manual. In: KUBÁLKOVÁ et al. International Relations in a constructed world. New York: M.E.Sharpe, 1998; p. 58-78.
RISSE-KAPPEN, Thomas. Democratic peace - warlike democracies?: a social constructivist interpretation of the liberal argument. European Journal of International Relations, Londres, v. 1, n. 4, p. 491-517. 1995.
______. Collective identity in a democratic community: the case of NATO. In: KATZENSTEIN, Peter J.. The culture of national security: norms and identity in world politics. norms and identity in world politics. New York: Columbia University Press, 1996. p. 357-399 .
RODRIGUES, Gilberto. M. A.; et al. Cidades em relações internacionais: análises e experiências brasileiras. São Paulo: Desatino, 2009.
RODRIGUES, G. M. A.; MATTIOLI, T. Paradiplomacy, Security Policies and City Networks: the Case of the Mercocities Citizen Security Thematic Unit. Contexto int., Rio de Janeiro , v. 39, n. 3, p. 569-587, Dec. 2017 . Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-85292017000300569> Acesso em: 15 mai 2020.
ROMERO, Maria. D. H. Una aproximación contextual y conceptual a la cooperación decentralizada. Valparaíso e Barcelona: Dencetralized Cooperation Observatory, 2004.
RUGGIE, John. G. International responses to technology: concepts and trends. International Organization, 29(3): 557-583, 1975.
STRANGE, Susan. Cave! Hic Dragones: A critique of regime analysis. In: KRASNER, Stephen D.. International regimes. Ithaca: Cornell University Press, 1983. p. 337-354.
WELLER, Cristoph. Collective identities in world society: some theoretical and conceptual considerations. Frankfurt: World Society Research Group, 1997.
WENDT, Alexander. Social theory of international politics. Cambridge: Cambridge University Press, 1999.
______. Collective identity formation and the international State. American Political Science Review, -, v. 88, n. 2, p.384-396, jun. 1994.
______. The agent-structure problem in international relations theory. International Organization, Vol. 41(3), 1987.
YOUNG, Oran R.. International cooperation: Building regimes for natural resources and the environment. Ithaca: Cornell University Press, 1989.
______. International regimes: Problems of concept formation. Word Politics, v. 32, n. 3, p.331-356, abr. 1980.